Foi o que apontou o diretor comercial da ComBio Energia, Gustavo Marchezin, durante o Seminário Brasil Elétrico 2024, realizado por AutoData
São Paulo — Globalmente 95% da energia consumida pelo setor de transporte é de origem fóssil. No Brasil este porcentual cai para 33%. No caso da indústria também há diferença significativa, 69% na média mundial e 31% no País. Ainda assim o segmento transportador é o maior emissor de CO2 tendo lançado na atmosfera, no ano passado, 217 milhões de toneladas de carbono equivalente a pouco mais da metade do total de emissões associadas à matriz energética brasileira, de 428 milhões de toneladas de carbono equivalente.
A indústria aparece na sequência, com 73,9 milhões de toneladas de carbono equivalente, de acordo com dados do BEN, Balanço Energético Nacional, apresentados pelo diretor comercial da ComBio Energia, Gustavo Marchezin, durante o Seminário Brasil Elétrico 2024, realizado por AutoData.
Outro dado que integra o documento é que o consumo de energia para o ramo de transportes em 2023 aumentou em 4,4%, na média, frente ao ano anterior. A boa notícia é que o biodiesel, embora represente 5,2% do total, foi o que mais cresceu, 19,2%. E o etanol, que responde por 17,3%, avançou 6,3%.
“Significa que, somados, biodiesel e etanol representam 22,5% de fontes renováveis”, afirmou Marchezin. O diesel, para efeito de comparação, ainda responde por 43,4% do total da matriz energética demanda pelo setor.
Na indústria, segmento em que 65% da energia utilizada é renovável, o consumo geral elevou-se em 2,9% neste mesmo período, 2022-2023. Destaque para a expansão em 26,1% do uso do bagaço da cana-de-açúcar, cuja participação nas fontes energéticas é de 22,4%, ao mesmo tempo em que houve a redução de 5% no uso de carvão mineral, que responde por 11,6% do total, e recuo de 2,8% na demanda por liquor preto, que possui fatia de 8,7% nas formas de energia demandas pelo setor. A demanda pelo gás natural, com fatia de 9,5%, manteve-se.
É aí que entra a energia térmica renovável proposta pela ComBio Energia para descarbonizar as indústrias. No caso do setor automotivo esta opção é bastante utilizada por montadoras para as estufas, contou Marchezin.
As principais formas de energia térmica são vapor, ar quente, gás quente, água quente, e fornos: “Propomos caminhos para descarbonizar por meio do uso de biomassa, que são subprodutos agroflorestais, como caroço de açaí, serragem, casca de arroz, bagaço de cana e cavaco de madeira, como eucalipto, além de energia elétrica renovável e biometano.”
No caso dos resíduos o Brasil possui grande potencial de geração e, conforme o executivo, quando é feita a queima deste material a emissão da fonte poluidora como caldeira ou gerador de água quente é zerada.
“A biomassa é muito diversificada e regionalizada. Há múltiplas opções, o que facilita seu uso. E quando substituímos a queima de óleo combustível e gás natural por biomassa temos impacto muito grande. Uma caldeira para a geração de vapor com aplicação de biomassa reduz a emissão de CO2 em até 95%.”
Ele contou que, no caso de indústrias exportadoras, já existe movimento de aplicação de sanções para produtos que não sejam feitos em uma linha de descarbonização, principalmente os embarcados para a Europa.
“No Brasil isso deverá acontecer também talvez no médio prazo. Está tramitando na Câmara o projeto de lei do Carbono e quando isso for aplicado, de fato, provavelmente haverá regras que compulsoriamente trarão métricas para segmentos de indústrias visando à redução da pegada de carbono.”
A ComBio se instala dentro do cliente e faz todo o investimento para a produção da energia térmica renovável. Desde a fundação da empresa, em 2008, mais de 3,4 milhões de toneladas de CO2 foram evitadas e, a partir de 2025, serão mais 1 milhão de toneladas ano que deixarão de ir à atmosfera. Como resultado para as empresas, de acordo com Marchezin, tem-se a redução de 47% nos custos de geração de energia térmica.