São Paulo – A FPT anunciou, durante a Fenatran, investimento de R$ 127 milhões de 2024 a 2028 para pesquisa e desenvolvimento de novos motores a bicombustível. Carlos Tavares, presidente da companhia para a América Latina, disse que o investimento regional visa às matrizes energéticas limpas que a região oferece.
“O aporte foi aprovado neste fim de semana e a nossa engenharia local usará o valor para desenvolver novos projetos de biocombustíveis, muito focado no biodiesel. Também olharemos para o gás, que é forte na região, e para o etanol. Por que não pensar em um caminhão 100% movido a etanol? Para algumas aplicações pode ser bem interessante.”
Atualmente a FPT está desenvolvendo um motor para máquinas agrícolas 100% movido a etanol. A intenção é usar este motor em colheitadeiras de cana-de-açúcar, mas no futuro poderá ser aplicado em caminhões pesados que são usados no transporte da cana após a colheita, tornando esse tipo de operação 100% renovável.
A FPT possui 74 novos projetos em desenvolvimento na região e acredita que tem espaço para vender mais 25 mil novos motores para empresas de fora do Grupo Iveco nos próximos anos.
Outra novidade anunciada é o Repower FPT, que permite a substituição de qualquer motor a diesel por um a gás, que é certificado com nível Euro 6 de emissões. Segundo Gerson Moreira, gerente de pós-vendas e desenvolvimento de rede da FPT na América Latina, este negócio tem um grande potencial no mercado brasileiro: “A solução pode ser aplicada em qualquer veículo com motor diesel. Existe um mercado de 500 mil veículos para ser explorado no Brasil”.
Mercado
A FPT fornece motores para caminhões e ônibus, o que chama de segmento on-road, máquinas agrícolas é o segmento off-road e o de máquinas de construção. Para o setor de caminhões a projeção é de alta de 12% sobre 2023, com 203 mil unidades vendidas, somados os volumes do segmento da Daily. Segundo Tavares o mercado de caminhões está em alta e os estoques menores, o que está movimentando a indústria.
Já no segmento do agronegócio, que sofreu com as condições climáticas do Brasil em 2024, com muita chuva no Sul e forte seca no Cerrado, o cenário é de queda nas vendas, encerrando o ano em torno de 68 mil máquinas comercializadas, volume 15% menor do que o registrado em 2023. As vendas de máquinas de construção deverão aumentar 5% sobre o ano passado, chegando a 62 mil unidades.
Para o ano que vem a FPT projeta um mercado de caminhões mais estável quando comparado com 2024, com leve crescimento de 3%, chegando a 209 mil unidades. As máquinas agrícolas deverão experimentar retomada nas vendas, somando 73 mil unidades, expansão de 2%.
O segmento que deverá cair no ano que vem é o de máquinas de construção, com recuo de 4% e 59 mil vendas. Segundo Tavares um dos fatores que puxa a demanda para baixo é a maior restrição de crédito projetada para 2025.