Condições macroeconômicas impedem estimativas mais otimistas da associação, que trouxe números inferiores aos da Anfavea
São Paulo – Apesar de muitos pesares elencados pela equipe econômica da Fenabrave na entrevista coletiva à imprensa de quarta-feira, 8, as projeções para o mercado brasileiro de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus indicam crescimento de 5% sobre o volume registrado no ano passado. Serão 2 milhões 766 mil veículos emplacados em 2025.
As estimativas são menos otimistas do que as divulgadas pela Anfavea no mês passado, ainda sem os dados fechados do ano. A entidade dos fabricantes projeta mercado de 2,8 milhões de veículos, avanço de 6,2% sobre o resultado do ano passado – mas este número poderá ser corrigido na quarta-feira, 14, quando será divulgado o balanço consolidado de produção, vendas e exportação.
Foi Tereza Fernandes, da TF Consultoria, que colocou os poréns: a questão fiscal, segundo a consultora, joga contra o crescimento econômico e é ponto central do movimento de aumento da taxa de juros e na questão cambial: “Enquanto o governo não resolver esta situação o mercado continuará desconfiado e o crescimento econômico será prejudicado”.
Foram os financiamentos que puxaram o mercado no ano passado, elevando as vendas de veículos em 14,2%. Segundo Fernandes a concessão de crédito automotivo cresceu 31% em 2024 “mas deverá crescer menos este ano, embora continue crescendo. O problema é que com o aumento da Selic as parcelas ficarão mais caras”, disse, lembrando que a última ata da reunião do Copom já previa dois aumentos de 1 ponto porcentual na taxa básica de juros, que deverá chegar a 14,25% ainda no primeiro semestre.
Este cenário negativo, porém, não será suficiente para levar a economia brasileira à recessão, avaliou Fernandes, que prevê aumento do PIB menor do que o registrado em 2024, mas ainda crescimento. O que dá ao presidente da Fenabrave, Arcélio dos Santos Júnior, dose de otimismo:
“Estas projeções são feitas com base nas avaliações da nossa equipe econômica com um pouquinho do sentimento de balcão. Fomos bem cautelosos na análise deste ano, como historicamente a Fenabrave costuma ser, então acredito que deveremos revisar estes números mais à frente”.
Ele lembrou da aprovação do Marco de Garantias no ano passado, cujos efeitos nas taxas de juros para financiamentos de leves deverão começar a surtir efeito nos próximos meses, pois as primeiras retomadas efetivas começaram a ocorrer. O bom momento do agronegócio, para caminhões, e o Caminho da Escola, para ônibus, são outros pontos positivos.
Por segmento as projeções da Fenabrave indicam avanço de 5% nas vendas de automóveis e comerciais leves, somando 2,6 milhões de unidades, 4,5% nas de caminhões, 127,6 mil veículos, e 6% de nas de ônibus, 29,3 mil.