São Paulo – O que parecia algo certo, o impulso das vendas de caminhões diante da perspectiva de super safra, até o momento não deu sinais de que acontecerá. Foi o que afirmaram os executivos Jefferson Ferrarez, vice-presidente de vendas, marketing, peças e serviços de caminhões da Mercedes-Benz, Alex Nucci, diretor de vendas da Scania, e Marco Pacheco, diretor comercial da Iveco, durante o Fórum AutoData Perspectivas Caminhões, na terça-feira, 18.
“A deterioração da taxa de juros deixou o cenário mais nebuloso, pois houve incremento de quase 30% na parcela do cliente, o que torna a aquisição mais complexa”, avaliou Nucci, para quem, desde o ano passado, com a quebra de safra, a situação financeira dos transportadores foi afetada.
E que agora, mesmo com muito a ser transportado, com filas em portos já para escoar a soja e provocando demanda frenética – que antes, segundo ele, era feito de forma mais planejada para colheita, estoque e transporte –, será feita análise pelos compradores:
“Este frete melhor servirá para que os clientes avaliem a recomposição de seus caixas, entendam onde vai parar política fiscal brasileira e se perguntem: preciso renovar ou consigo postergar? Mesmo com a projeção de safra recorde existe demanda”, ponderou, ao reconhecer que não se trata do impacto que normalmente se daria em um cenário de economia mais estável e com custos que pressionam a operação, como a alta do diesel.
Ferrarez disse esperar que a super safra se transforme em caminhões novos vendidos, mas, da mesma forma, reconheceu que o desafio da taxa de juros e do crédito está fazendo o operador pensar se utilizará por mais um tempo os seus usados ou se faz a renovação de frota o que, na ponta do lápis, compensará.
“Em condições normais de temperatura e pressão já teríamos uma fila de pedidos. Neste cenário temos tido muitas consultas, os empresários estão fazendo as contas, o que é bom, pois eles não estão desaparecidos, mas o fechamento está demorando mais para acontecer.”
Pacheco concordou e completou que as incertezas têm estabelecido grande desafio para planejar este ano, e que se por um lado é esperada queda na venda de pesados por outro deverá haver uma compensação, em termos de volume, por parte do segmento de leves e médios, embora o tíquete médio seja menor: “A demanda por parte do e-commerce está acima do projetado, assim como por veículos para o transporte urbano, que têm demonstrado forte demanda”.
Sobre isto Ferrarez avaliou que havia demanda reprimida por causa da mudança para o Euro 6, pois na transição este foi o segmento mais impactado e “agora, com baixos níveis de desemprego, as áreas de logística urbana e de bens de consumo em geral são favorecidas”.