Na rota da transição energética caminhões e ônibus são os mais resistentes à conversão para adotar sistemas de propulsão mais limpos e reduzir emissões de gases de efeito estufa. O diesel fóssil, mesmo que cada vez mais temperado com suas variantes renováveis como biodiesel e HVO, seguirá sendo dominante no transporte rodoviário de carga e passageiros. É o que revela o recente estudo O Futuro do Diesel em Veículos Comerciais no Brasil, preparado com exclusividade para AutoData pela PSR, Power Systems Research, consultoria global especializada no mercado de veículos pesados.
Em que pese a tendência global de eletrificação, via baterias ou células de combustível a hidrogênio, ou o uso crescente de gás natural fóssil ou do biometano para abastecer caminhões e ônibus, além do biodiesel e HVO, o fato é que nenhuma destas alternativas é tão viável economicamente quanto o próprio diesel. Nenhuma delas, portanto, será capaz de substituir todo o combustível fóssil necessário para empurrar veículos pesados por muitas décadas à frente, é o que se vislumbra.
Segundo o levantamento da PSR o diesel, com pequenas porções de mistura de biodiesel e HVO, é responsável hoje por impulsionar 99% dos caminhões e ônibus no Brasil, porcentual que cai para 94% na União Europeia, 89% nos Estados Unidos – e não é porque lá sejam usadas mais alternativas de baixas emissões mas porque 7% da frota são movidos a gasolina, outros 3% a gás natural e apenas 1% corresponde a modelos elétricos. A China está mais avançada com 81% de diesel, 10% de gás e 9% de elétricos.
As projeções da PSR até 2032 não alteram muito este cenário, especialmente no Brasil, para onde a consultoria projeta que o diesel fóssil misturado com biodiesel e HVO será responsável por abastecer 90% da frota de pesados, complementada por 5% de elétricos, 4,4% de gás natural e biometano e 0,6% de células de combustível a hidrogênio.
Assim como já faz com automóveis a China terá a maior e mais rápida conversão para caminhões e ônibus elétricos até 2032, com 34% da frota, além de mais 9% a gás, mas o diesel seguirá sendo a maior fonte energética de 57% dos veículos pesados.
Na Europa, apesar de ser a segunda maior região de adoção de caminhões e ônibus elétricos, 25% até 2032, com mais 3% de gás, ainda assim o diesel e suas misturas abastecerão 72% da frota.
ROTA DIFÍCIL DE MUDAR
Esta reportagem foi publicada na edição 419 da revista AutoData, de março de 2025. Para ler sua íntegra clique aqui.
Foto: Reprodução internet.
Colaborou Carlos Briganti, PSR