São Paulo – A partir de 3 de abril todos os veículos importados pelos Estados Unidos enfrentarão uma taxação de 25%, de acordo com decisão assinada pelo presidente Donald Trump na quarta-feira, 26. Peças e componentes também ganharão sobretaxa, que deverá ficar para a partir de 3 de maio, segundo a publicação Automotive News.
A exceção ficou com os produtos do México e Canadá, sobre os quais será aplicada uma tarifa apenas sobre o conteúdo produzido fora dos Estados Unidos, o qual ainda será calculado. O presidente dos Estados Unidos afirmou considerar “ridícula” a atual configuração produtiva automotiva global, na qual peças e componentes viajam de um local até o outro até serem incorporados ao veículo:
“Acredito que isso fará com que os carros sejam fabricados em um único local”, disse, acrescentando que as tarifas serão “100%” permanentes e resultarão em US$ 100 bilhões em receita anual para o governo federal. Quase metade dos carros vendidos nos Estados Unidos são importados, especialmente de México, Japão, Coreia do Sul, Canadá e Alemanha.
Segundo a Anfavea não há exportação de veículos prontos do Brasil para os Estados Unidos. Algumas empresas, porém, enviam peças para lá – como a Toyota que exporta o motor produzido em Porto Feliz, SP, para o Corolla. Segundo o Sindipeças os Estados Unidos foram o segundo maior destino das peças brasileiras, com US$ 1,4 bilhão enviados no ano passado, representando 17,5% das exportações.
Repercussão
A medida de Trump provocou a queda das ações da maior parte das montadoras nas bolsas globais. No fim da manhã de quinta-feira, 27, a General Motors liderava as perdas, com recuo de 7,7% no valor de seus papéis. Ford e Stellantis, que compõem o chamado Big Three, formado pelas empresas originadas de Detroit, Michigan, recuavam 4% e 3%, respectivamente. Para Trump “isso tudo se resolverá sozinho”.
O UAW, sindicato dos trabalhadores estadunidense, elogiou a decisão do presidente estadunidense: “Aplaudimos a administração Trump por se mobilizar para acabar com o desastre do livre comércio que devastou comunidades da classe trabalhadora por décadas. Acabar com a corrida para o fundo do poço na indústria automobilística começa com a correção de nossos acordos comerciais, e a administração Trump fez história com as ações de hoje.”
O sindicato pediu que as montadoras absorvessem os custos das tarifas em vez de fazer o repasse aos consumidores e defendeu a criação de legislação que as obrigasse a isso. Segundo cálculos de analistas ouvidos pela Automotive News os preços dos carros podem subir até US$ 10 mil.