Indústria de motocicletas voltará às 2 milhões de unidades em 2026

São Paulo – A indústria nacional de motocicletas deverá voltar a produzir 2 milhões de unidades em 2026, de acordo com a projeção divulgada por Marcos Bento, presidente da Abraciclo, durante o Congresso Perspectivas e Tendências, realizado por AutoData. A expectativa para o fechamento de 2025 é de 1 milhão 950 mil motocicletas fabricadas. 

Mas Bento acredita que, ao contrário de 2011, último ano que a produção superou a casa das 2 milhões de unidades mas que foi seguido de redução nos volumes nos anos seguintes, um cenário positivo será seguido até 2030, com um crescimento sustentável da produção que poderá chegar a 2,8 milhões:

“Esperamos que nossas associadas continuem investindo em tecnologia e aumento de capacidade produtiva para acompanhar a demanda do mercado”, afirmou o presidente. “Para 2026 entendemos que algumas oportunidades de negócios continuarão, como o crescimento do uso da motocicleta como ferramenta de trabalho, sendo usada para diversos tipos de entregas”.

As vendas domésticas, que têm uma participação de modelos importados, chegarão aos 2,1 milhões de unidades já em 2025, crescimento de 11,9% sobre 2024, e a expectativa para os próximos anos também é positiva.

Marcos Bento. Fotos: Bruna Nishihata.

Para 2026 Bento citou alguns pontos de atenção, como as eleições presidenciais e a Copa do Mundo de futebol, que podem de alguma forma afetar o mercado nacional de duas rodas, assim como possíveis conflitos internacionais. 

Balanço

De janeiro a outubro a produção de motocicletas somou 1 milhão 685 mil unidades, o melhor resultado para o período nos últimos catorze anos, com crescimento de 14% sobre iguais meses do ano passado. Em outubro foram produzidas 188,8 mil unidades, melhor resultado para o mês desde 2011. Na comparação com igual período do ano passado houve alta de 21,8% e de 11,6% sobre setembro.

Foram vendidas 1 milhão 824 mil motocicletas em dez meses, o melhor resultado já registrado pela Abraciclo de janeiro a outubro, alta de 15,6% sobre o mesmo período de 2014.

Os emplacamentos em outubro chegaram a 209,8 mil unidades, o maior volume para o mês, de acordo com a entidade. Na comparação com igual mês do ano passado o volume vendido foi 25,8% maior e com relação a setembro houve alta de 1,9%.

Foram exportadas 35,1 mil unidades até outubro, expansão de 30,7% sobre iguais meses do ano passado. Em outubro os embarques somaram 5,6 mil motocicletas, avanço de 87,9% com relação ao mesmo mês de 2024 e de 5,9% na comparação com setembro.

MG Motor estreia no mercado brasileiro

São Paulo – A MG Motor, Morris Garages, marca centenária de origem britânica pertencente ao grupo chinês SAIC Motor, inicia operação no Brasil após um ano desenvolvendo projeto. Para sua estreia foram escolhidos três modelos: o esportivo Cyberster, o hatchback MG4 e o SUV MGS5, que congregam plano agressivo de preços e condições de pagamento, tecnologia de ponta e design diferenciado.

Desde janeiro a MG Motor mantém escritório em São Paulo. No decorrer do ano fechou contrato com o Grupo Sada para realizar a parte logística desde o Porto de Vitória, ES, por onde ingressam os veículos desembarcados da China, até Cariacica. De lá os carros seguem para as concessionárias e as peças para o centro de distribuição em Cajamar, SP.

Diferentemente das empresas chinesas que têm desembarcado por aqui nos últimos anos, que elegem o Brasil para iniciar operações na América Latina, a MG Motor já opera no México e no Chile desde 2016, onde o CEO da MG Motor para América do Sul, Gang Wu, estabeleceu residência há nove anos, e em outros onze países da região, inclusive a Argentina, desde setembro.

Segundo Fábio Klemenc, diretor comercial da MG Motor, os planos da empresa são calcados em preço e tecnologia para abocanhar uma fatia dos cerca de 8,5 mil veículos a bateria comercializados por mês no mercado brasileiro, 3,2% do total.

“O mercado de elétricos está expandindo muito. Do ano passado para cá cresceu 18%, enquanto que o mercado, no geral, avançou 3%. A Saic optou então por ingressar no segmento que reúne os early adopters, que são potenciais clientes.” 

O executivo evitou traçar projeções. Disse, apenas, que ainda estão sentindo a demanda antes de cravar planos ambiciosos para os três modelos. O que não se pode dizer da rede concessionária: dez já estão com as portas abertas, as quais receberão lote inicial de cinquenta carros e, até dezembro, serão 24 lojas em parceria com doze grupos. Em 2026 serão setenta ao todo.

“Certamente não é uma aventura. A SAIC produz anualmente 4,6 milhões de veículos, com todos os tipos de tecnologia, sendo que 25% do volume vendido a outros países tem como destino o mercado europeu”, disse o executivo. “A tecnologia é o nosso maior diferencial e o momento é oportuno.”

MG Motor estuda produzir no Brasil

Segundo Klemenc a empresa já está estudando parcerias para investir na produção local a depender da receptividade do mercado por seus modelos. Sem pormenores ele apenas expressou a intenção, compartilhada por outros grupos chineses.

Com potência de até 510 cv e torque de 725 Nm o Cyberster acelera de zero a 100 km/h em 3,2 segundos, ou em 33 metros. Tem autonomia para 342 quilômetros, conforme o padrão Inmetro, freios de alto desempenho Brembo e tração AWD. O tempo estimado de recarga de 10% a 80% do total é de 38 minutos, com carregamento rápido em 150 kW.  

Com porta-tesoura, cockpit de três telas e teto conversível o preço sugerido é R$ 499 mil 800. A ideia, conforme o executivo, é que ele concorra com modelos da Porsche. 

O SUV MGS5 Luxury tem potência de 305 cv e torque de 350 Nm. Com tração traseira, vai de zero a 100 km/h em 6,3 segundos. A autonomia é de até 351 quilômetros e o tempo estimado de recarga, de 10% a 80%, é de 26 minutos. Com porta malas de 451 litros chega a 1 mil 441 litros com os bancos rebaixados.

O carro intitulado de família pensado no conforto e segurança tem condução semiautônoma nível 2. O preço promocional até 30 de novembro é R$ 219 mil 800 e, depois, R$ 238 mil 800. Tem como concorrentes BYD Yuan Plus e GAC Aion Y.

O terceiro lançamento é o hatchback MG4 XPower. O Brasil é o primeiro mercado a introduzir a versão 2025/2026 do modelo, projetado sobre plataforma modular. Com potência de 435 cv e torque de 600 Nm, tem tração integral e vai de zero a 100 km/h em 3,8 segundos. Com o carregamento rápido alcança de 30% a 80% em 22 minutos. 

O preço promocional é de R$ 224 mil 800 e,  partir de dezembro, R$ 229 mil 800. Seus concorrentes: GWM Ora 03 GT e Zeekr 001. 

A MG Motor não descarta trazer mais modelos, a depender da demanda do mercado.  

GAC avança com a rede e planeja produção local em 2026

São Paulo – A GAC, uma das maiores montadoras da China, está acelerando seus planos para consolidar sua presença comercial no Brasil e, possivelmente, iniciar sua produção local já em 2026. Quem contou os planos foi Danilo Rodil, diretor de vendas e desenvolvimento de rede, em entrevista exclusiva ao programa Linha de Montagem AutoData.

Segundo o executivo logo após o anúncio da chegada da marca ao País sessenta concessionários foram nomeados, com cinquenta pontos de venda já postos em operação de forma quase que imediata. A segunda fase do plano de expansão, que está começando agora, prevê a abertura de mais cinquenta a sessenta lojas até o fim do primeiro semestre de 2026, totalizando cerca de cem concessionárias distribuídas por todo o território nacional.

Rodil destacou que o primeiro grupo de parceiros foi formado por concessionários sólidos e experientes, e que a prioridade, nesta nova etapa, é ampliar a rede com empresas igualmente estruturadas e com boa capacidade de investimento e crescimento. O padrão de atendimento da GAC no Brasil, afirmou, será pautado pela excelência e foco no pós-venda, valores já adotados pela companhia em outros mercados.

Com relação à produção local ele confirmou que o projeto pode avançar já em 2026, em regime CKD, e que novidades poderão ser anunciadas ainda antes do fim deste ano: “O investimento da GAC não é transitório. A empresa quer trazer desenvolvimento e parceria para o Brasil”.

O plano de negócios reforça a posição do País dentro do plano global da companhia. De acordo com Rodil “o Brasil é prioridade número 1 para a GAC Internacional, que pretende expandir sua presença na América Latina a partir do mercado brasileiro”.

Assista à entrevista completa com Danilo Rodil no canal do YouTube de AutoData e confira os planos da montadora chinesa para o Brasil e a região.

Novo Chevrolet produzido em Gravataí será o Sonic

São Paulo – Chevrolet Sonic será o nome do novo modelo produzido na fábrica de Gravataí, RS, com lançamento programado para 2026. De acordo com o presidente da companhia para a América do Sul, Santiago Chamorro, a unidade passa por transformações para começar a produzir o SUV cupê.

A fábrica instalada no Rio Grande do Sul é considerada estratégica por ser responsável pela produção de modelos de grande volume, como o Onix e o Onix Plus, além de servir como polo exportador para a América Latina.

Stellantis inicia exportação da Ram Rampage para a Europa

São Paulo – A Stellantis iniciou a exportação da Ram Rampage para o mercado europeu. A picape é a primeira Ram desenvolvida e produzida fora da América do Norte, e sai das linhas de produção da fábrica da Stellantis em Goiana, PE.

A chegada da Ram Rampage na Europa marca uma nova fase de expansão global da Stellantis: a marca já produz o seu segundo modelo fora da América do Norte, a Dakota, picape que será lançada em 2026 e sai das linhas de produção da unidade instalada em Córdoba, Argentina.

Jeep Compass soma 600 mil unidades produzidas em Goiana

São Paulo – O Jeep Compass chegou a 600 mil unidades produzidas na fábrica de Goiana, PE, desde outubro de 2016. O SUV foi o segundo Jeep a sair das linhas de produção, após o Renegade.

A segunda geração nacional do modelo é equipada desde a versão de entrada com motor 1.3 turbo de 185 cv de potência e câmbio automático.

De janeiro a outubro o Jeep Compass registrou 48,7 mil unidades emplacadas, o modelo mais vendido da marca no Brasil. No ranking acumulado de automóveis e comerciais leves foi o décimo-terceiro modelo mais vendido.

Tera passa a ser o segundo mais exportado pela Volkswagen

São Paulo – Poucos meses após ser lançado o Volkswagen Tera já assumiu o posto de segundo modelo mais exportado pela montadora a partir do Brasil, somando 22,4 mil unidades embarcadas no acumulado do ano. Ele é enviado a dezoito países da América Latina.

O principal destino do Volkswagen Tera foi a Argentina, que recebeu 9,1 mil unidades, seguida pelo México com 8,9 mil, Chile 1,2 mil e Colômbia 1,1 mil. 

O Tera só ficou atrás do Polo, o veículo mais exportado pela Volkswagen até outubro, com 31,6 mil unidades, registrando alta de 7,1% na comparação com o período de janeiro a outubro de 2024.

No ano a Volkswagen já exportou 108 mil veículos, volume 37,4% maior do que o de iguais meses de 2024.

Maurício Yamamoto assume a Iveco Bus na América Latina

São Paulo – A Iveco Bus anunciou Maurício Yamamoto como o novo responsável pela sua operação na América Latina. Ele soma mais de vinte anos de experiência no setor automotivo, a maior parte na divisão de ônibus do Grupo Daimler em países como Brasil, Japão, Alemanha, México e Colômbia.

Yamamoto é formado em engenharia mecânica pela Escola Politécnica da USP, com MBA na FGV e especialização em tecnologia e inovação pelo MIT. O executivo reportará diretamente a Cláudio Passerini, presidente da unidade de negócio de ônibus do Grupo Iveco.

Brasil e Colômbia concordam em rediscutir acordo automotivo e cotas retornam

São Paulo – As cotas de exportação de 50 mil veículos do Brasil para a Colômbia, que seria extinta na virada do ano por falta de interesse dos colombianos, seguirão em 2026. Os dois países concordaram em estender por doze meses o acordo automotivo que vigorou até setembro, enquanto sentam à mesa para discutir novos termos.

Segundo nota divulgada pelo MDIC os dois presidentes, Luiz Inácio Lula da Silva e Gustavo Petro, haviam acordado em setembro a prorrogação das cotas e a rediscussão do acordo. Porém, ao fim do prazo estabelecido, não houve sinalização do governo colombiano, o que deixou o lado brasileiro desapontado.

Com essa falta de renovação a tarifa de 16,1% voltaria a ser cobrada para todos os carros brasileiros que entrassem no mercado colombiano a partir do ano que vem. Agora, com este novo acordo, voltou a cota de 50 mil unidades.

A Colômbia é o terceiro principal destino das exportações brasileiras. De janeiro a setembro, segundo a Anfavea, foram enviadas 38,5 mil unidades, aumento de 55,2% sobre o mesmo período do ano passado.

Ônibus: após três anos em alta, retração em 2026.

A retomada de produção e vendas registrada nos últimos três anos pelos fabricantes de chassis de ônibus, após mais de uma década de dificuldades, está com os dias contados: ao que tudo indica o ciclo de crescimento deverá ser encerrado em 2026. A estimativa é que no próximo ano sejam vendidos de 21 mil a 22 mil chassis, o que representará queda de 17% a 13% sobre 2025, ano que deverá somar algo em torno de 25 mil unidades.

Se comprovada esta estimativa, externada por executivos dos principais fabricantes, o volume poderá ficar quase empatado ou abaixo de 2024, quando as linhas produziram 22,4 mil unidades. Durante o Fórum AutoData Perspectivas Ônibus, em 19 de setembro, Walter Barbosa, vice-presidente de vendas e marketing de ônibus da Mercedes-Benz, avaliou que já existe um movimento de retração no horizonte.

“Tivemos um sinal de alerta ao vermos queda de 27% dos emplacamentos em agosto, a primeira do ano. Os efeitos da Selic a 15% ao ano, que leva os juros na ponta a taxas de 18% a 20% ao ano, começam a afetar o interesse do operador. O custo é extremamente alto para motivá-lo a renovar a frota”.

No início de outubro a Anfavea divulgou, em seu balanço, a produção de 24 mil unidades no acumulado de nove meses deste ano, volume 13,4% acima do registrado no mesmo período de 2024, e a venda de 17,7 mil chassis no mercado doméstico, avanço de 12,2%. Os emplacamentos de setembro, 1,9 mil unidades, superaram em 13,6% os de agosto, mas ficaram 2,5% abaixo dos registrados no mesmo mês do ano passado.
Apesar do Refrota, programa do Ministério das Cidades que “tem funcionado bem”, avaliou Barbosa, “ele não salva o setor de ônibus: ajuda, mas não resolve”, até porque nem todas as empresas têm acesso e o financiamento subsidiado é exclusivo para a renovação de frotas urbanas, portanto não apoia vendas dos segmentos de fretamento e rodoviário.

Paulo Arabian, diretor comercial de ônibus da Volvo, também espera por cenário de retração no horizonte: “Existe, nitidamente, estoque formado nas montadoras e não há desova no mesmo ritmo. É difícil vir de anos bons e lidar com pressão inflacionária que não é contida pelos juros altos, aumento dos preços dos combustíveis, aumento do ICMS do diesel e gasolina, além da elevação do tíquete médio da carroceria. Isto deteriora a margem de ganhos”.

O executivo pontuou que as dificuldades econômicas tendem a deflagrar demissões nas empresas, o que diminuirá a demanda por ônibus fretados para transporte de trabalhadores até as fábricas. Na Volvo, ele disse, o modelo industrial modular permite ajustes na produção conforme a demanda, além de busca por mercados externos para compensar a possível estagnação do mercado interno.
“Existem outras ferramentas além de férias coletivas”, lembrou Arabian.

Jorge Carrer, diretor de vendas de ônibus da Volkswagen Caminhões e Ônibus, avaliou que ainda existem fatores positivos no horizonte: ele lembrou que 2026 é ano eleitoral, o que pode promover algumas novas encomendas, e que o programa Caminho da Escola deverá contribuir mais uma vez para manter a produção com os ônibus escolares: “A nova licitação do Caminho da Escola deverá refletir na produção já no início do ano que vem”.

EXPORTAÇÕES EM ALTA

Esta reportagem foi publicada na edição 426 da revista AutoData, de Outubro de 2025. Para ler ela completa clique aqui.

Foto: Divulgação/Volare