Pioneira, Unidas Pesados cresce dois dígitos com locação de bens de capital

São Paulo – Embora a marca Unidas Pesados tenha sido criada em 2023 a operação de locação de caminhões data da década de 1990, com a Ouro Verde, que começou atendendo ao setor sucroalcooleiro. Em 2013 foi adquirida pela Brookfield que, em 2022, comprou a Unidas e herdou o nome, mais conhecido pela operação de locação de automóveis.

Em conversa com o Agência AD Entrevista Marluz Renato Cariani, diretor comercial da Unidas Pesados, na empresa há oito anos, relembrou o pioneirismo da Ouro Verde ao alugar veículos para operações extremamente severas das usinas de cana-de-açúcar até chegar à frota atual de 15 mil equipamentos com contratos de locação.

Apesar das incertezas da economia existe a intenção de ampliar o número de ativos nos próximos dois anos, reforçando a segunda posição no mercado de locação. Confira abaixo os principais trechos:

Em atividade desde 2023 que balanço é possível fazer para a Unidas Pesados ao longo deste tempo?

Por causa da trajetória da empresa, que começou como Ouro Verde nos anos 1970 e, nos anos 1990, passou a alugar caminhões para usinas de açúcar e etanol em um ato de coragem do fundador, pois se tratava de operação extremamente severa e na qual diziam que ele perderia dinheiro, hoje somos a segunda maior locadora de equipamentos pesados do Brasil, com 15 mil ativos. Atendemos também aos setores de agronegócio, florestal, mineração, rodoviário, construção, saneamento e eletricidade. E temos o diferencial de, além de alugarmos o equipamento, entregamos e retirarmos no fim do contrato, todos de longo prazo, a partir de 36 meses, sendo alguns de até dez anos. Só fazemos projetos customizados e com a opção de manutenção preventiva ou corretiva. E ainda, numa terceira modalidade, colocamos o motorista ou o operador junto. Sempre com viés consultivo, pois se eu especificar um equipamento ou quantitativo errados meu cliente não terá um bom resultado e desejará devolver o equipamento. A nossa taxa de renovação de contrato hoje está acima de 85%.

Como o senhor avalia o mercado neste momento? O cenário de juros nas alturas, de 15% ao ano, favorece a atividade de locação em detrimento da aquisição, uma vez que falamos de ativos de valores muito elevados?

As locadoras se sobressaem nesses momentos de dificuldade. Além dos juros elevados existe forte restrição de crédito. E a incerteza do cenário leva o cliente a aplicar seu recurso em vez de aportá-lo no equipamento. Temos visto movimento ascendente de locação inclusive dentro do agronegócio, em que existe acultura da posse da máquina. Por exemplo: uma colheitadora de grãos tem de estar disponível, embora seja usada nas janelas da colheita. Então falamos de um equipamento que custa mais de R$ 3 milhões para ser usado três ou quatro vezes no ano. No restante do período fica parado. Para o produtor vale mais a pena investir o dinheiro ou arrendar terreno adicional, aumentar a sua área produtiva, dar maior atividade à colheitadora e ter um parceiro para alugar o equipamento. Sem falar na questão tributária. Como o equipamento não é incorporado ao balanço as depreciações também não são. Sem este desembolso a empresa acaba elevando o EBIT da operação. No caso de caminhões até pouco tempo atrás a locação chegava a 5% do volume produzido e, hoje, passa de 15%.  

Qual é o carro-chefe da frota da Unidas Pesados, composta por 15 mil ativos de caminhões, colheitadeiras, implementos, tratores e pivôs de irrigação? Deste volume quantos foram locados em 2025 e qual a projeção para encerrar o ano?

A maioria, 65%, é de caminhões, 20% são equipamentos da linha agrícola e 15% da linha amarela. No ano passado encerramos com 12,3 mil ativos, 5,3% acima de 2023. A ideia é este ano continuar ampliando a frota.

Qual é a idade média da frota da Unidas Pesados? 

Gira em torno de quatro anos e meio a cinco anos. Diversos equipamentos de construção têm a vida útil projetada de dez a doze anos, então a ideia é ir até a metade dela para termos um segundo cliente disponível no mercado, que faz a sua compra. No caso da mineração, em que a aplicação é extremamente severa, substituímos a cada três anos. Na agricultura de sete a oito anos, em implementos dez anos. Mas como a nossa maior frota é de caminhões a média é de cinco anos. 

Para o ano que vem é possível traçar alguma perspectiva? 

A percepção que temos, até devido a fatores externos, é que ficaremos no mesmo patamar de 2025. Por causa do ritmo de investimentos em infraestrutura e no agronegócio estimamos que o segmento ande um pouco de lado e que, portanto, deve haver estabilidade. 

Há investimentos em vista? 

Todo ano fazemos investimentos consideráveis. Em 2024 foram aportados R$ 840 milhões na compra de novos equipamentos. Este ano estamos superando um pouco este valor, e para o ano que vem também temos algo programado. Estamos sendo um pouco conservadores, mas se o mercado indicar reação temos recursos para atender à demanda dos nossos clientes.

No cenário atual quais segmentos oferecem maior potencial para a atividade? E quais passam por maiores dificuldades?

O agronegócio está demandando, o sucroalcooleiro passou por dificuldades por causa do clima e de queimadas do ano passado que prejudicaram o canavial, mas agora começaram as novas cotações para a renovação de equipamentos em 2026. O florestal, falando de celulose, como não entrou no tarifaço, manteve a procura. O marco do saneamento também está fomentando bastante investimento, tanto do governo quanto das empresas de capital aberto. Na mineração tínhamos expectativa maior este ano, mas acredito que pelo preço do aço o segmento estabilizou. De maneira geral, apesar de sempre escutarmos notícias não muito agradáveis, dentro da locação nosso resultado está sendo extremamente positivo. Estamos estendendo alguns contratos de clientes de longo prazo em até um ano com o equipamento usado para driblar o momento de dificuldade, uma vez que o contrato de um novo eleva até 50% o valor vigente. Daqui a pouco este momento terá passado e sairemos desta relação muito mais fortalecidos.

Qual a participação da Unidas Pesados no mercado de locação? O objetivo é conquistar que fatia até o fim do ano? Qual o plano para ampliar a presença da marca?

Dentro do negócio do grupo, composto pela unidade de pesados, do fleet, que é locação de carros de longo prazo, e do rent-a-car, que são as locadoras de curto prazo que ficam nos aeroportos, hoje a Unidas Pesados corresponde a mais ou menos 45% do faturamento. O nosso maior concorrente é o Grupo Vamos, que acredito, já ultrapassou as 30 mil unidades de ativos. Agora pretendemos ampliar nossos contratos nos próximos dois anos, assim que o mercado começar a melhorar. Então a ideia é manter a segunda posição, diminuindo a distância para o primeiro e aumentando a dos demais. Nossa fortaleza é que hoje temos um fundo de investimentos por trás, então temos boa captação de recursos e todas as compras são pagas à vista, o que gera boa margem de barganha na aquisição do equipamento e nos ajuda bastante na precificação e nos custos de locação. Nos últimos quatro anos a gente vem crescendo na casa de dois dígitos ao ano, e a ideia é seguir assim. Em 2024, por exemplo, a receita líquida alcançou R$ 932 milhões, avanço de 22,7% com relação ao ano anterior. E, no segundo trimestre deste ano, com R$ 263 milhões, houve crescimento de 9,8% em relação ao mesmo período do ano passado, fruto do aumento da frota e da tarifa média.

Que tendências a companhia enxerga para o mercado de locação nos próximos anos? E os principais desafios?

Temos de estar preparados para um mercado em que o cliente é mais exigente. E, hoje, locação por locação, até um banco faz. É um leasing. Nos diferenciamos com atendimento e serviços customizados. Não fazemos negócio a qualquer custo. Temos clientes que já estão no quarto ciclo de cinco anos, ou seja, há vinte anos conosco. Não costumamos prometer algo que não conseguimos cumprir, como alguns concorrentes fazem. Se tenho prazo de entrega de noventa dias não vou falar que são sessenta para ganhar o negócio e depois trazer prejuízo ao cliente, não entregando o equipamento na data combinada. Não somos a solução mais barata, mas a mais eficiente. E o mercado já entendeu isso.

Lecar mira rede de seminovos para expandir atuação no Brasil

São Paulo – Empresários de revendas de veículos seminovos estão no alvo da Lecar, marca fundada por Flávio Figueiredo Assis que promete, em 2026, produzir veículos em Sooretama, ES – o projeto ainda espera autorizações e licenças para que a obra seja iniciada mas o prazo foi mantido. A ideia é que a Lecar ocupe um espaço dentro de revendas multimarcas, reduzindo o custo de investimento.

Segundo Assis este custo seria inferior a 5% de uma concessionária tradicional: “Todas as lojas terão lêiaute padronizado, contarão com a mesma fachada e design. Isso garante uma identificação direta por parte do público, de forma rápida e automática. Queremos que a proximidade e a cordialidade no atendimento sejam um diferencial competitivo para a marca, que poderá ter seus vizinhos de bairro como clientes”.

Ainda sem carros prontos para oferecer, apenas protótipos, a empresa inaugurou em São Caetano do Sul, SP, sua primeira concessionária. Promete uma segunda para o fim de novembro, na Zona Leste da Capital paulista – nela já haverá uma mistura de operação com seminovos.

“Acreditamos na força dos lojistas de seminovos, um setor que vende mais de 15 milhões de veículos por ano e com diferenciais incríveis: estão a poucos metros dos seus clientes, já possuem estrutura física e credibilidade do mercado da sua rua, bairro e cidade. A ideia de compartilhar a estrutura física e de pessoal de lojas multimarcas busca, assim, reduzir custos sem comprometer a excelência no atendimento e a satisfação total do cliente. Incorporamos o lêiaute e a cultura de montadora, transformando uma loja multimarcas em uma concessionária.”

Em paralelo a empresa vem treinando uma “rede de executivos”, grupo de profissionais que deve operar na prospecção e no relacionamento com clientes. Segundo a empresa mais de 1,3 mil pessoas demonstraram interesse em fazer parte. Eles conduzirão o relacionamento comercial mas o fechamento dos negócios será exclusivamente em concessionárias físicas.

Hyundai e GWM apostam no hidrogênio para a descarbonização

São Paulo – Frequentemente apontado como o combustível do futuro, o hidrogênio começa a dar seus primeiros passos concretos no Brasil. Durante o Seminário Brasil Eletrificação e Descarbonização, promovido por AutoData, GWM e Hyundai revelaram planos ambiciosos para trazer a tecnologia ao mercado nacional, com foco nos veículos pesados, e soluções inovadoras que fazem uso da infraestrutura brasileira de biocombustíveis.

Thiago Sugahara, gerente de ESG da GWM, destacou que a empresa não enxerga a eletrificação como fim em si mesma. “A GWM não faz eletrificação pela eletrificação, ela faz eletrificação pela descarbonização.”

A montadora chinesa trouxe ao Brasil, em julho, um caminhão de 39 toneladas classe 8 movido a hidrogênio para testes de validação em condições brasileiras. Na China, a divisão GWM Hydrogen já opera mais de 2 mil caminhões com essa tecnologia.

A Hyundai, por sua vez, acumula 27 anos de experiência com hidrogênio. Fernando Yamaguchi, supervisor sênior de desenvolvimento de negócios de hidrogênio da montadora sul-coreana, explicou a filosofia: “O hidrogênio é o progresso para a humanidade. Ele é considerado limpo e sustentável, seguro, não é tóxico e é acessível, pode ser produzido de qualquer lugar”.

A companhia já comercializou 38 mil unidades do Nexo, veículo de passeio a célula de combustível mais vendido no mundo, além de operar frotas de caminhões e ônibus em diversos países.

Parcerias estratégicas como caminho

As duas montadoras enfatizaram que o sucesso do hidrogênio no Brasil depende fundamentalmente de parcerias. “A ideia não é importar caminhões e células da China. A ideia é buscar parcerias estratégicas no Brasil para pensar em desenvolver esse mercado”, explicou Sugahara. A GWM firmou termo de engajamento com o governo do Estado de São Paulo e colabora com IPT, USP e Senai Cimatec.

A questão da infraestrutura, frequentemente apontada como obstáculo, pode se transformar em oportunidade. Sugahara propôs uma visão inovadora: “Talvez a grande beleza do hidrogênio é que ele pode ser produzido a partir de diferentes materiais.”

O executivo imaginou um futuro onde caminhões possam abastecer com diferentes tipos de hidrogênio ao longo de suas rotas – desde o hidrogênio cinza, vindo da reforma de gás natural, até o verde, eletrólise com energia renovável.

Hyundai e GWM convergem ao identificar o transporte pesado como aplicação prioritária. Yamaguchi justificou: “Um caminhão elétrico tem bateria muito pesada, que demora para recarregar e perde o payload.”

A viabilidade econômica também favorece esse segmento. Para atingir o ponto de equilíbrio de uma HRS, sigla para estação de abastecimento, seriam necessários 700 veículos de passeio circulando, contra apenas 15 caminhões, disse o executivo da Hyundai. “Conseguimos estimar o percurso do caminhão, que roda muito mais, e também o consumo de hidrogênio desse tipo de transporte é maior”.

Etanol brasileiro como diferencial

Uma das apostas mais promissoras para o Brasil é o uso do etanol na produção de hidrogênio. Yamaguchi explicou o processo: “Seria o aquecimento do etanol em altíssimas temperaturas, quebrando as moléculas. Com isso, divide as moléculas e gera o hidrogênio.”

A Hyundai participa de um projeto pioneiro desenvolvido pela USP em parceria com o RCGI, Research Centre for Greenhouse Gas Innovation, Shell, Toyota, Raízen e Senai.

“Imagina utilizar toda a infraestrutura de rede de distribuição de etanol, que são os postos espalhados no Brasil inteiro, colocando um reformador de etanol e podendo abastecer os veículos pesados?”.

Desafios e perspectivas

Os obstáculos são significativos. Yamaguchi citou o alto custo do hidrogênio e do veículo a célula de combustível, cinco vezes mais que um veículo a combustão normal. A ausência de infraestrutura e a concorrência com biocombustíveis de baixo carbono também figuram entre os desafios.

Porém, avanços recentes animam o setor. A legislação de 2024 começou a regulamentar o tema, programas como PNH2, Rehidro e Mover trazem incentivos, e universidades desenvolvem pesquisas. “Sem ajuda de política pública, a gente não vai conseguir”.

Durante a COP 30, a chinesa e a sul-coreana planejam ações para demonstrar suas tecnologias. A GWM apresentará um barco desenvolvido em parceria com o Grupo Náutica, equipado com célula a combustível. A Hyundai anunciará o envio de seis caminhões fuel cell para operação no Uruguai, voltada à descarbonização da indústria madeireira.

“Acreditamos que o hidrogênio é o combustível do futuro”, concluiu Yamaguchi, sintetizando o otimismo cauteloso do setor diante de um caminho reconhecidamente longo, mas promissor.

Todos os carros já são ou serão chineses

A meteórica ascensão da indústria automotiva chinesa ainda deverá ser melhor descrita em muitos estudos socioeconômicos, mas já é possível afirmar que nunca antes na história um só país dominou uma cadeia produtiva global inteira em tão pouco tempo – e segue arrochando o torniquete sobre os fabricantes ocidentais de veículos e componentes, que parecem atordoados como rãs à noite diante das lanternas de seus caçadores.

Apesar de toda a resistência de alguns países aos produtos chineses com imposição de tarifas pesadas, especialmente nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa, a situação é inescapável: em partes ou no todo todos os carros já são ou serão chineses.

Não se trata apenas de veículos importados inteiros em quantidades crescentes, que tomam cada vez mais espaço de fabricantes locais tradicionais em seus próprios mercados, mas de dependência bem mais profunda, pois atualmente qualquer carro, produzido em qualquer lugar, depende de componentes e insumos da China – e muitos já estão sendo projetados por engenheiros chineses.

Para as empresas a lógica é simples: por que gastar bilhões em anos de desenvolvimento se o concorrente chinês já tem tudo pronto por preços bem camaradas? Seguindo esta estratégia em tempos de caixas apertados os fabricantes ocidentais estão comprando de tudo na China, de projetos de plataformas eletrificadas, passando por módulos eletrônicos de controle e, claro, as baterias, pois 80% delas no mundo são produzidas por fornecedores chineses.

Isto sem falar de insumos essenciais à produção de qualquer veículo atualmente, seja eletrificado ou a combustão. A China tem domínio quase que total dos minerais de terras-raras, estão lá as maiores reservas do mundo e o país controla globalmente 90% do processamento e refino desses minérios e 93% da produção de ímãs – que dentre outras funcionalidades em um automóvel fazem funcionar os motores elétricos – e outros componentes feitos com esses materiais, presentes hoje na grande maioria de qualquer carro.

O mais impressionante é que quase todo este domínio da cadeia de veículos e seus componentes foi construído em menos de uma década, mais fortemente nos últimos cinco anos. Foi precisamente em maio de 2020, quando o mundo já estava afundado na pandemia de covid, que o presidente Xi Jinping, em uma reunião do Politiburo do Partido Comunista Chinês, em poucas palavras resumiu ambição geopolítica do país e o plano para alcançá-la: “Tornar o mundo mais dependente da China. Tornar a China menos dependente do mundo”. E assim é.

Dominância crescente

Depois de aprender e se viciar em comprar de tudo da China os fabricantes tradicionais de veículos estão cada vez mais dependentes do que fazem com parceiros chineses, na melhor estratégia do se-não-pode-com-eles-junte-se-a-eles. Alguns exemplos:

• A Audi desenvolveu em apenas dezoito meses o elétrico E5 Sportback, produzido exclusivamente na China em sociedade com a SAIC, que fornece baterias, motor e sistemas de infoentretenimento e de assistência ao motorista, os ADAS.

• A Volkswagen, do mesmo grupo da Audi, desenvolve veículos elétricos para a China usando arquitetura e softwares da Xpeng. Em outro projeto virá da sócia SAIC o powertrain híbrido que equipará a nova picape Amarok, a ser produzida na Argentina a partir de 2027.

• A Toyota trabalha com a GAC para desenvolver novos veículos elétricos na China.

• A Renault lançou o novo Dacia Spring elétrico – no Brasil o carro é importado da China desde 2021 e vendido como Kwid E-Tech – sobre plataforma desenvolvida pela Dongfeng. O novo Twingo está sendo projetado em Xangai por uma firma chinesa de engenharia. E para o mercado brasileiro a Renault começou a importar recentemente modelos elétricos da sócia Geely, que eventualmente poderão ser montados no País com toneladas de componentes importados de fornecedores chineses.

• A General Motors está se valendo de sua sócia chinesa SAIC-Wuling para vender carros elétricos mais baratos em mercados emergentes com sua marca Chevrolet. Por meio deste arranjo a GM já lidera o mercado mexicano e começa a adotar plano parecido no Brasil, onde já iniciou a importação dos dois modelos elétricos Spark e Captiva, que na sequência deverão ser montados pela Comexport na antiga fábrica da Troller em Horizonte, no Ceará, em kits SKD – conjunto importados da China já semimontados.

• A Stellantis adota plano parecido com a importação de modelos da sócia Leapmotors para mercados fora da China, inclusive o Brasil.

• A Ford negocia parcerias na China após o CEO Jim Farley tecer elogios ao SU7 da Xiaomi, fabricante de computadores e smartphones que recentemente decidiu estender seus domínios à produção de veículos com pegada de alta tecnologia.

O risco é que os fabricantes tradicionais tornem-se revendedores de tecnologias desenvolvidas por terceiros, o que tem efeito direto sobre a identidade das marcas automotivas. Mas ao que tudo indica não há outro caminho possível no momento.

Domínio da cadeia produtiva

Se alguns países como Estados Unidos e Canadá ainda bloqueiam a entrada de carros chineses em seus mercados o mesmo não se pode dizer de componentes e insumos essenciais.

E a China está usando seu domínio de minerais e componentes de terras-raras para colocar de joelhos os mercados globais. Recentemente o governo chinês impôs restrições às exportações destes insumos e maquinários de produção, o que poderá paralisar boa parte das linhas de produção de veículos pelo mundo. A medida, já utilizada antes neste ano e agora retomada, vem sendo encarada como uma reposta de Pequim às pesadas tarifas de importação impostas a produtos chineses pelo imperial governo de Donald Trump.

O desenvolvimento de fornecedores alternativos de materiais de terras-raras – o Brasil tem a segunda maior reserva – demora muito tempo e até lá os fabricantes do mundo inteiro estão nas mãos da China: sem importar insumos chineses a produção de veículos pode simplesmente parar.

A dependência global de importar componentes automotivos chineses é cada vez maior e o Brasil é um caso exemplar: a China é há alguns anos o maior fornecedor de autopeças importadas para o País, muito à frente de, nesta ordem, Estados Unidos, Japão e Alemanha, exportando em dólares para cá cerca de o dobro do que cada um destes três países vende a montadoras e mercado de reposição em solo brasileiro.

De janeiro a setembro deste ano as importações de autopeças da China pelo Brasil cresceram 19,6% em comparação com o mesmo período de 2024, totalizando US$ 3,3 bilhões, equivalente a 18,4% do valor gasto pelo País com componentes importados nestes nove meses. Segundo o Sindipeças o movimento é explicado pelo real mais valorizado e a reorientação de exportações chinesas após o aumento de tarifas a seus produtos nos Estados Unidos – que, aliás, foi no mesmo período o segundo maior exportador de peças ao Brasil: US$ 1,9 bilhão.

Os valores de importações de autopeças importadas da China tende a aumentar de 2026 em diante tendo em vista o início da produção local da BYD e GWM – além de outras com igual intenção de instalar linhas de montagem no País –, que iniciaram a operação montando veículos com quase a totalidade dos componentes importados, com promessas de nacionalização lenta, gradual e restrita.

Inundação de carros chineses

Nas últimas duas décadas a China escalou toda a sua cadeia automotiva em alta velocidade e há mais de dez anos tornou-se a maior produtora e maior mercado de veículos do mundo, chegando à capacidade atual de produzir 50 milhões de unidades por ano, o que corresponde a mais da metade, 55%, do mercado mundial atual.

Nunca antes um único país conseguiu tamanha fatia produtiva. Em termos comparativos os Estados Unidos, segundo maior mercado de veículos do mundo, produz não mais do que 10 milhões de unidades/ano.

O problema é que nem o mercado chinês consegue consumir tanto e ocupa cerca de somente a metade da capacidade das fábricas. A alternativa para reduzir a ociosidade é uma corrida à exportação que está inundando o mundo com carros chineses.

O potencial produtivo da China foi inflado especialmente por montadoras nacionais que, ao longo da última década, multiplicaram-se em mais de cem marcas e cresceram em volume e qualidade, tomando terreno antes ocupado por fabricantes estrangeiros, que começaram a se instalar no país na década de 1990 em sociedade com empresas chinesas. Após anos de inflada prosperidade as marcas internacionais foram superadas pelas chinesas, que hoje dominam mais de 60% das vendas domésticas.

O resultado desta disputa foi a drástica redução de mercado para os fabricantes estrangeiros, que hoje vendem 8 milhões de veículos a menos do que há cinco anos.

Ao mesmo tempo o excesso de capacidade produtiva e a acirrada concorrência no mercado chinês provocou uma guerra de preços na qual somente empresas chinesas têm condições de participar, pois dominam toda a cadeia produção, controlam melhor seus custos e ainda recebem subsídios do governo.

Para reduzir a crescente ociosidade das fábricas o caminho apontado foi a internacionalização. O governo central indica que promoverá uma consolidação de empresas do setor e só sobreviverão aquelas com presença internacional. Resumindo, é exportar ou morrer.

Com produtos sensivelmente melhores do que há poucos anos – principalmente elétricos e híbridos –, custos imbatíveis e pressão do governo combinada com incentivos, as fabricantes chinesas correram para sobreviver e, em apenas cinco anos, a China tornou-se o maior exportador de carros do mundo, saltando de 1 milhão de unidades embarcadas em 2020 para cerca de 7 milhões este ano, que chegam a mais de cem países.

Foi mais um baque para os fabricantes ocidentais que, além de perderem muito terreno na China – que para muitos deles foi e ainda é o seu maior mercado mundial –, também começaram a ceder espaço para os chineses em seu próprio país e nos mercados externos onde também produzem ou exportam.

Com poder de competição global cada vez mais reduzido e mercado europeu retraído joias da coroa automotiva alemã, como Volkswagen, Mercedes-Benz e Bosch, já anunciaram dezenas de milhares de demissões.

Se deixar a porta aberta os chineses entram

Os chineses saíram batendo em todas as portas pelo mundo e entraram onde deixaram. Não são só mercados emergentes que as marcas automotivas chinesas estão dominando mas qualquer um que permita, mesmo que com a aplicação de tarifas. O Reino Unido, por exemplo, já é o maior mercado externo da BYD e a ambição voraz declarada das marcas chineses é liderar o mercado britânico até 2030.

E nos países onde entram carros completos ou parcialmente montados também entram as autopeças, que se somam às já fornecidas a fabricantes locais e para reposição.

O Brasil também tornou-se um interessante ponto de desembarque e conquista. Este ano, de janeiro a setembro, foram emplacados 123,5 mil veículos importados da China, em crescimento de 51% sobre igual período de 2024, com fatia equivalente a quase 7% dos emplacamentos. Isto sem contar algo como 100 mil carros já importados por fabricantes chineses que ainda serão vendidos.

O resultado dos chineses é bastante expressivo, dado que o mercado brasileiro enfrenta retração e as vendas de automóveis e comerciais leves produzidos no País avançaram menos de 2% em nove meses.

Há três anos a China tornou-se o segundo maior fornecedor de veículos importados ao Brasil e este ano, em agosto e setembro, o país pela primeira passou a Argentina.

Dominação concluída

A voracidade da indústria automotiva chinesa deixa os fabricantes ocidentais paralisados – tanto economicamente pelos volumes de produção sem precedentes a custos imbatíveis como, também, literalmente pela restrição proposital do governo chinês em fornecer minérios de terras-raras e de maquinário para processá-los.

“É a coisa mais humilhante que já vi”, resumiu recentemente Jim Farley, o CEO da Ford.

A situação certamente perpassa a indústria automotiva, pois envolve a segurança econômica de países, sobrevivência de indústrias nacionais e independência estratégica de insumos e tecnologias. Mas é certo que os abismos competitivos abertos no mundo pela China são difíceis de fechar, o que já enseja uma escalada protecionista que descamba para animosidades políticas por parte de países que não conseguem mais competir. Está difícil reequilibrar forças.

Na indústria automotiva – e em muitos outros setores – a China não dominará o mundo porque já dominou, até mesmo em países onde seus carros não entraram ainda.

Indústria automotiva teme mais paralisações por falta de semicondutores

São Paulo – A decisão do governo chinês de proibir a Nexperia, fabricante holandesa de semicondutores, de exportar seus chips coloca em risco a cadeia automotiva europeia, segundo reportagem publicada no Automotive News Europe. A VDA, entidade que representa as montadoras na Alemanha, afirmou em comunicado que “a situação pode levar a restrições significativas de produção, possivelmente até mesmo paralisações em um futuro próximo”.

A proibição da Nexperia, que é de propriedade da chinesa Winghtech Technology, ocorreu depois que o governo holandês assumiu o controle da empresa, usando leis de emergência destinadas a proteger produtos estratégicos e propriedade intelectual. Faz parte de uma disputa comercial mais ampla, de medidas da China de restringir exportações de terras raras e materiais de bateria essenciais para veículos elétricos, enquanto o governo se prepara para negociar com os Estados Unidos.

Segundo a agência de notícias Bloomberg a escassez de chip atingirá os principais fornecedores europeus dentro de uma semana e poderá se espalhar por todo o setor dentro de dez a vinte dias, segundo pessoas familiarizadas com o assunto que pediram para não ser identificadas.

Reuniões de crise com montadoras, fornecedores e autoridades governamentais estão em curso para traçar planos de contingência, mas a possibilidade de qualificação de componentes de reposição poderá demorar meses. É esperado que as consequências se estendam para além da Europa, porque fabricantes estadunidenses também usam chips da Nexperia.

A Volkswagen já começou a conversar com sindicatos para buscar alternativas para possíveis reduções na produção, segundo a agência de notícias Reuters. 

Caoa Chery atualiza multimídia e mantém preço do Tiggo 7

São Paulo – Mais tecnologia foi adicionada à linha 2026 do SUV médio Caoa Chery Tiggo 7, que começa a chegar às concessionárias sem alteração no preço, mantido em R$ 139 mil 990 na versão Sport, R$ 169 mil 990 nas Pro Max, com opção de motorização a combustão e híbrida, e R$ 219 mil 990 na PHEV.

Segundo a Caoa Chery é nova a central multimídia de alta definição, em todas as versões. A interface, mais intuitiva, colabora para a experiência do usuário, que poderá notar também maior capacidade de processamento com a adoção do novo chip SemiDrive X9 embarcado. Também há sistema de comando por voz.

O Tiggo 7 soma 25,2 mil emplacamentos de janeiro a setembro, o mais vendido da marca no mercado nacional.

Biomassa é a alternativa energética para o futuro

São Paulo – Não será por falta de opção ou de área para plantação que os biocombustíveis deixarão de avançar como alternativa energética. Enquanto se debate, dentro de escritórios e salas de reuniões governamentais, a viabilidade econômica da sua aplicação, pesquisadores brasileiros avançam em novas frentes, encontrando novas fontes de produção de biomassa.

O professor e líder do laboratório de genômica e bioenergia da Unicamp, Gonçalo Pereira, apresentou algumas dessas inovações em sua palestra no Seminário Brasil Eletrificação e Descarbonização, organizado por AutoData na terça-feira, 21. Afora o já conhecido agave, a planta de onde vem a tequila e que é objeto do projeto Brave, encabeçado pelo professor, outras estão em estudo, como o dendezeiro – já conhecido por produzir o tradicional óleo de dendê.

Pereira tenta colaborar para resolver o que considera as três crises que o planeta enfrenta em decorrência da necessidade de se produzir cada vez mais energia: a climática, a ambiental e a de desigualdade social. Produzindo biomassa a partir de plantas, em ciclo renovável, resolve-se as três, porque algumas dessas possíveis futuras fontes de energia estão em regiões pobres, o que colabora para geração de emprego e renda nessas áreas.

“A biomassa é uma bateria, recarregada pelo Sol por meio da conversão de CO2 e H2O em glicose, via fotossíntese”, afirmou o professor, fazendo uma alusão ao principal símbolo da eletrificação. “Com tecnologia conseguimos converter essa bateria sólida em baterias líquidas e gasosas, como o etanol e o biometano, e esses podem ser usados para gerar as energias da mobilidade, tanto de forma solo como a partir da combinação com motores elétricos, gerando o que há de mais eficiente no planeta: os motores híbridos movidos a biocombustível.”

Para veículos pesados, continua o professor, a solução também está na mesa, é renovável e colabora para a captura de CO2 da atmosfera: o biometano: “O biometano pode ser produzido a partir de qualquer resíduo. Já temos ciência suficiente para produzir biogás em alta escala e potencial para entregar volume equivalente ao que sai de gasodutos que vêm da Bolívia”.

Sugestão para usar mais etanol

De nada adianta este leque de soluções se na hora de encher o tanque na bomba do posto de combustível o consumidor optar pela gasolina, que tem apenas 30% de etanol em sua mistura. Pereira afirmou que, com as CBIOs, uma solução seria premiar o motorista que utilizar biocombustível.

“Podemos criar um aplicativo que rende CBIOs, que pode ser transformado em bônus mais à frente, como se fosse um jogo.”

E brincou, após criticar as casas de apostas online que vêm se proliferando pelo País sem geração de riqueza e prejudicando a renda de muitas famílias: “Vamos criar a Renovabet, deixar os nossos instintos trabalharem para o bem, para a valorização e liquidez da moeda de carbono, o que puxa toda a indústria”.

Supremacia histórica

Referência mundial na fabricação de materiais de fricção, a Fras-Le, marca da Frasle Mobility, segue fortalecendo sua presença no mercado automotivo com um portfólio completo e soluções que unem desempenho, tecnologia e segurança. Com mais de sete décadas de atuação, a empresa tornou-se líder no fornecimento de pastilhas de freio, lonas e sapatas para veículos leves, pesados, motocicletas, aplicações ferroviárias e industriais, atendendo tanto montadoras quanto o mercado de reposição.

A Fras-Le mantém uma estrutura produtiva robusta e globalizada, com fábricas no Brasil, Estados Unidos, China, Índia e Argentina. Sua rede comercial internacional garante atendimento a clientes em mais de 125 países nos cinco continentes. O amplo catálogo da marca reúne mais de 12 mil itens, desenvolvidos para atender às necessidades específicas de diferentes operações com alta confiabilidade.

No Brasil, a Fras-Le detém mais de 80% de participação no fornecimento de materiais de fricção para montadoras de caminhões e ônibus, além de atuar de forma expressiva junto às principais fabricantes de semirreboques. Essa liderança se apoia em uma sólida relação de confiança construída com montadoras e frotistas, baseada em capacidade produtiva, conhecimento técnico e compromisso com inovação.

A empresa também se diferencia pela integração com o Centro de Engenharia Avançada Movetech, hub de tecnologia da Frasle Mobility voltado ao desenvolvimento contínuo de pesquisas e soluções inteligentes em frenagem. Esses investimentos permitiram à Fras-le consolidar parcerias relevantes no automobilismo de competição, como o fornecimento oficial de pastilhas de freio para os caminhões da Copa Truck desde 2021, um ambiente que exige extremo desempenho e resistência.

Pioneira no desenvolvimento de componentes de fricção no Brasil, a Fras-Le oferece diversas formulações para lonas e pastilhas de freio, ajustadas a cada aplicação e demanda operacional, como é o caso de um portfólio completo para atender às diferentes necessidades de operação no transporte rodoviário. Para caminhões, cavalos mecânicos e ônibus, a formulação AF/700 é reconhecida pela versatilidade, segurança e durabilidade, enquanto a AF/557, utilizada por montadoras, entrega maior desempenho de frenagem e resistência mecânica. Para ônibus urbanos que operam em condições severas de calor devido a paradas constantes, a empresa desenvolveu a AF/750, com alta resistência térmica e longa vida útil. Já para carretas e semirreboques, a AF/611 atende múltiplas aplicações com eficiência, e a AF/730 destaca-se em operações severas, oferecendo até 35% mais durabilidade. No segmento de pastilhas, a Fras-le também trabalha com três composições: cerâmicas, ideais para alto desempenho e baixa emissão de ruído; metálicas, de maior durabilidade; e semimetálicas, indicadas para aplicações pesadas com excelente dissipação de calor.

Outro pilar estratégico da marca é a sustentabilidade. A Fras-le desenvolve produtos com menor impacto ambiental, como a tecnologia Eco+, que elimina metais pesados e substâncias tóxicas das pastilhas de freio, alinhando eficiência industrial e responsabilidade ambiental.

Com forte vocação inovadora, a empresa também aplica tecnologias exclusivas em seus produtos, garantindo maior segurança, conforto e vida útil ao sistema de frenagem. Há diversos exemplos, como o Control+, que mantém desempenho de frenagem estável em diferentes temperaturas e o Life+, que aumenta a durabilidade das pastilhas e reduz desgaste do disco. O Comfort+, por sua vez, minimiza ruídos e vibrações durante frenagens.
Combinando qualidade reconhecida, engenharia avançada e amplo portfólio, a Fras-le segue contribuindo de forma estratégica para a evolução tecnológica do setor automotivo global, entregando soluções confiáveis que reforçam seu compromisso com segurança, eficiência e inovação.

Fotos: Divulgação/Fras-Le

O protagonismo da nova geração de baterias

A evolução dos sistemas de baterias redefiniu o papel da eletrificação no transporte, deixando de ser um elemento limitador para se tornar um habilitador estratégico da transição energética. Nos últimos anos, avanços simultâneos em química de células, engenharia de sistemas e infraestrutura de recarga consolidaram as baterias como núcleo tecnológico da mobilidade elétrica. Nesse contexto, a BorgWarner assumiu papel central na aceleração desse movimento, combinando inovação com desenvolvimento industrial em escala.

A transformação começou pela evolução das químicas. A tradicional tecnologia chumbo-ácido foi superada por sistemas mais eficientes, como íons de lítio. Em seguida, surgiram variantes como NMC (níquel-manganês-cobalto) e LFP (fosfato de ferro-lítio), que ampliaram a densidade energética, a autonomia e a segurança operacional dos veículos. Paralelamente, a produção global em escala e a evolução da cadeia de suprimentos reduziram o custo por kWh, tornando a eletrificação acessível também em mercados emergentes, como o Brasil.

Outro divisor de águas foi o avanço no gerenciamento inteligente de energia. Os sistemas BMS (Battery Management System) passaram a monitorar em tempo real parâmetros críticos, como temperatura, tensão, corrente e estado de carga. Essa capacidade assegura o desempenho e a longevidade das baterias, além de ampliar a segurança eletroquímica. Ao mesmo tempo, a expansão das redes de recarga e a padronização de conectores criaram condições reais para a operação de frotas elétricas em rotas urbanas e rodoviárias.

No Brasil, a BorgWarner tem investido em soluções industriais alinhadas às demandas locais de eletrificação. Em Piracicaba (SP), o sistema de bateria 9 AKM é produzido para aplicações comerciais e entrega 98 kWh de densidade energética em um pack modular de aproximadamente 600 kg. Baseado na química NMC, o componente oferece até 4.000 ciclos de recarga no primeiro ciclo de vida (no veículo), podendo ultrapassar oito anos de operação, dependendo do regime de uso. Após seu ciclo automotivo, a bateria pode seguir para aplicações estacionárias e, posteriormente, para reciclagem, reforçando o conceito de economia circular aplicado à eletromobilidade.

O sistema de bateria 9 AKM é montado em Piracicaba (SP) e tem alta eficiência energética. Pesa cerca de 600 kg e entrega 98 kWh.

Além da tecnologia NMC, a BorgWarner ampliou sua atuação global ao firmar, em 2024, uma parceria estratégica com a FinDreams Battery, subsidiária da BYD, para o fornecimento de células blade LFP. A cooperação prevê a produção de packs LFP para veículos comerciais a partir de 2026, com possibilidade de fabricação também no Brasil, dependendo da demanda regional. Os sistemas LFP oferecem maior segurança térmica, menor custo por kWh e até 6.000 ciclos, com recarga de 10% a 80% em cerca de 30 minutos, dependendo da potência do carregador.

“Os avanços promovidos pelo setor automotivo nos sistemas de armazenamento de energia são inegáveis e fundamentais para a mobilidade elétrica. Essa evolução permitiu transcender o transporte e integrar energia e mobilidade em um único ecossistema tecnológico”, afirma Marcelo Rezende, Diretor para Sistemas de Baterias da BorgWarner no Brasil.

A robustez dessa tecnologia ganha ainda mais relevância diante dos desafios do ambiente automotivo. Diferentemente das aplicações estacionárias, as baterias veiculares operam sob vibração constante, variações extremas de temperatura e ciclos irregulares de carga. Por isso, a BorgWarner investe em sistemas de proteção térmica, arquitetura modular de packs e integração eletrônica avançada, com foco em confiabilidade e durabilidade. Os mesmos sistemas começam a atender setores como máquinas agrícolas, data centers, aplicações náuticas e equipamentos industriais, em resposta ao aumento global da demanda por armazenamento de energia.

Fotos: Divulgação/BorgWarner

Ram Rampage supera os 50 mil licenciamentos

São Paulo – Primeira Ram desenvolvida e produzida fora da América do Norte, a Rampage, superou, no mercado brasileiro, as 50 mil unidades emplacadas desde seu lançamento. Produzida em Goiana, PE, a picape média é vendida nas versões Big Horn, Rebel, Laramie e R/T.

Segundo a Stellantis todas as versões são conectadas e, juntas, rodaram mais de 1 bilhão de quilômetros por estradas e ruas brasileiras. A Rampage tem em seu portfólio opções de motor 2.2 turbodiesel de 200 cv e o 2.0 Hurricane 4 Turbo, a gasolina.