São Paulo – De janeiro a agosto saíram das linhas de produção das encarroçadoras brasileiras 17 mil 864 ônibus, 5,1% acima do mesmo período em 2024. E, para o ano, a projeção é que este movimento se mantenha, totalizando 26 mil 967 unidades, avanço de 5,3% com relação ao ano passado – que tinha ampliado o volume em 19% frente a 2023.
Foi o que apresentou o presidente da Fabus, Ruben Bisi, durante a abertura do Fórum AutoData Perspectivas Ônibus, realizado na terça-feira, 19.
Para o ano que vem, no entanto, o dirigente estima que haja estabilidade no volume de ônibus encarroçados, o que se justifica pelo ambiente de instabilidade econômica e da elevada taxa de juros, de 15% ao ano, que estimulam a postergação da renovação da frota: “Temos uma projeção mais precavida, mas tomara que eu erre e que cresçamos de 10% a 15%”.
Bisi disse que se o desempenho de 2026 for o mesmo de 2025 está de bom tamanho, ao lembrar que os juros nas alturas também não estão contendo a inflação e que no ano que vem haverá eleição.
Havia um maior otimismo por causa das exportações para a Argentina, devido à combinação de recuperação econômica e dólar cotado a R$ 6,30 no início do ano. Agora, no entanto, o meio de campo começou a embolar no país vizinho com as eleições regionais, o aumento da inflação e a nova valorização da moeda estadunidense. Ao passo que, no Brasil, o câmbio desvalorizou para R$ 5,30.
“Há um mês a Argentina era nosso principal mercado para estimular a produção tanto este ano quanto no ano que vem. Hoje já não sabemos como ficará a situação. E com a questão do câmbio o preço também muda bastante.”
Por aqui a expectativa é equilibrada pela nova licitação do Caminho da Escola, de 7 mil 470 unidades, preparada pelo FNDE e aguardada para as próximas semanas. Bisi disse que este ano de 20% a 25% da produção foram estimulados pela demanda do programa do governo federal.
“Vejo como fatores positivos e oportunidades para 2026, além do Caminho da Escola e da manutenção das exportações para a Argentina, o aumento do turismo interno, reforçado pela migração de passageiros do modal aéreo por causa dos preços de bilhetes e dos combustíveis.”
Ele também disse acreditar na possibilidade de o Fundo Clima financiar o transporte público, o que é animador, assim como o aumento da verba para a infraestrutura e para ônibus urbanos com o PAC Mobilidade, e o apoio das prefeituras ao Tarifa Zero: 241 cidades subsidiam as tarifas e 158 zeraram os valores. Citou, ainda, o aumento da venda de produtos movidos a energias alternativas, como elétricos, biometano e híbridos.
“Para que tudo corra bem no ano que vem precisamos que as taxas do PIB e de geração de emprego sigam crescendo, o programa de renovação veicular saia do papel, a Selic comece a cair, o Marco Legal do Transporte Público seja aprovado e as compras governamentais passem a ter um mínimo de conteúdo local, assim como para acessar o Finame, que exige pelo menos 20%.”

