São Paulo – Diante do fato de a Volkswagen estar descartando série de acordos trabalhistas, incluindo a estabilidade no emprego até 2029, em seis fábricas da Alemanha, existe o temor de a montadora começar a demitir a partir de meados do ano que vem, quando as garantias expiram. A empresa não descarta o fechamento de unidades no país, onde, afirmou, no início de setembro, que as vendas fracas a deixaram com duas fábricas excedentes.
Em comunicado a Volkswagen afirmou que as medidas visam a “reduzir os custos na Alemanha a um nível competitivo”. De acordo com reportagem publicada no site Automotive News o principal alvo da companhia é sua marca homônima de carros de passeio de baixo desempenho, cujas margens de lucro têm sido diminuídas em meio a uma transição para a eletrificação que tem a forte concorrência de empresas como BYD e Tesla, ao mesmo tempo em que tem havido a desaceleração de gastos do consumidor.
A queda de braço da empresa com o sindicato será intensificada diante da distribuição dos assentos no conselho de supervisão da montadora, em que metade deles é ocupada por representantes trabalhistas. Além disso o Estado da Baixa Saxônia, que detém participação de 20%, geralmente tende a ficar ao lado dos empregados. Sendo assim demissões na Volkswagen são mais difíceis de serem aprovadas do que em outras empresas.
Segundo a entidade representante dos operários, a IG Metall, uma saída aos cortes seria alterar a jornada para semana de quatro dias, ao replicar iniciativa anterior de corte de custos da década de 1990. A fabricante emprega 300 mil pessoas na Alemanha.
Em tentativa de neutralizar incertezas em torno dos acordos trabalhistas, a Volkswagen está se oferecendo para antecipar para este mês as negociações salariais que, tradicionalmente, começariam em meados de outubro, com a possibilidade de greves no fim de novembro.