São Paulo – O aprofundamento da pandemia da covid-19 e a perspectiva cada vez mais distante de um relaxamento nas medidas de isolamento no Brasil, considerando a curva de crescimento de novos casos – e a opinião de especialistas em ciências –, deixam as análises de consultorias especializadas no setor automotivo mais pessimistas. A mais recente da Carcon Automotive estima queda de 38% na produção de veículos leves com relação ao volume de 2019.
As fábricas brasileiras, diz a consultoria, sofrerão impacto, também, da queda nas vendas na Argentina e em outros países da região. Na Colômbia o mercado recuou 99% e no Peru as vendas foram zero em abril.
O mercado brasileiro chegaria a algo como 1,6 milhão a 1,8 milhão de unidades, queda de 35% a 38%, segundo a Carcon. No primeiro quadrimestre do ano a queda foi de 27%, de acordo com a Anfavea, para 613,7 mil veículos.
Para 2021 a expectativa é de recuperação, com elevação de 32% com relação ao resultado projetado para este ano.
“Este cenário assume o controle da pandemia em níveis satisfatórios a partir de setembro”, informou comunicado da Carcon. “Mas inclui também o efeito na queda da confiança do consumidor, que também será retomada gradativamente, e um possível impacto da falta de coordenação política nas medidas protetivas contra a pandemia.”
O presidente da Mercedes-Benz do Brasil, Philipp Schimer, afirmou que a confiança do brasileiro só retornará quando a crise de saúde for controlada. Também criticou, a exemplo de Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, a condução do governo na crise e cobrou coordenação das esferas federal, estaduais e município no combate à pandemia.
Internacional – Para o mercado global a Carcon, que tem parceria com a LMC Automotive, mantém projeções de 20% a 22% de queda com relação a 2019, somando 70 milhões de veículos. A Europa colabora com 28% do total desta queda, seguida pela América do Norte, com 20%, e a China, com 16%. A América Latina responderá por 7% da queda global na venda de veículos, mas com um total de 38% de recuo – países em desenvolvimento sentirão mais, avaliam a Carcon e a LMC.
“Assumindo um cenário-base de volta gradativa das compras a partir do segundo semestre”, diz a consultoria. “Há outros cenários possíveis dependendo de como será esse retorno na realidade ainda incerta sobre o comportamento da pandemia.”
As consultorias avaliam que os países que levam a sério as medidas de contenção mostram resultados melhores na retomada – mas não citaram exemplos. Para 2021 projetam aumento de 16% com relação ao resultado de 2020.
Por fim a capacidade utilizada global, que era de cerca de 60% no ano passado, cairá para coisa de 47% este ano – o que, na avaliação das consultorias, deverá facilitar consolidações no setor.
Foto: Divulgação.
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