São Paulo – A intenção de compra de um veículo, novo ou usado, segue na mente de 89% dos participantes de uma pesquisa de intenção de compra no cenário de pandemia da covid-19 realizada pela Webmotors, uma das maiores plataformas de compra e venda de veículos do Brasil. O resultado do levantamento realizado com 1 mil 668 visitantes do site, de 30 a 45 anos, na terceira semana de maio, foi apresentado na terça-feira, 23, no Conexão Anfavea, série de debates online organizado pela associação que representa as fabricantes de veículos.
Os 11% restantes responderam que não pretendem comprar um veículo. Daqueles 89% de visitantes da Webmotors, um site de compra e venda de veículos, que disseram estar pensando em adquirir um modelo, 84% admitiram que pretendem fazer a compra ainda em 2020.
Ainda dentro do universo dos 89% que estão de olho em um veículo, 68% direcionam suas pesquisas para usados e seminovos, 16% já se decidiram que pretendem comprar um modelo 0KM e outros 16% estão indecisos.
Deste grupo de possíveis compradores 27% postergaram a decisão de compra por pelo menos seis meses. 21% prorrogaram por três meses e 12% adiaram para 2021. Outros 21% mantinham intenção de comprar em maio – a pesquisa foi feita na terceira semana do mês – e 16% em junho. 4% desistiram da compra.
Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, disse que o adiamento mostra um movimento importante do mercado: "Poucos desistiram, grande parte só adiou por um curto período, confirmando que o interesse ainda está presente".
O estudo questionou os principais motivos para o adiamento da compra e a incerteza financeira apareceu na primeira posição: 45% dos entrevistados têm medo do desemprego. 37% responderam que precisam ver o carro pessoalmente, 33% estão aguardando condições melhores de pagamento, 29% ainda não venderam o carro atual para comprar outro e 24% possuem algum receio de contaminação pelo coronavírus.
Eduardo Jurcevic, CEO da Webmotors, ressaltou que nesse ponto houve uma grande mudança no comportamento do consumidor, que em abril colocava como principal entrave o medo de contaminação – um mês depois, esse medo não é mais tão grande na hora de pensar em comprar um carro: "Os principais índices estão ligados a questões econômicas e não diretamente com o vírus, como vimos em abril".
Os interessados em comprar um veículo também responderam o que poderia fazê-los mudar de ideia e antecipar a aquisição. Em primeiro lugar aparece o bônus no carro usado ou pagamento de 100% da tabela Fipe, com 47%, seguido pela redução dos impostos com 42%, revisão das taxas de juros, 39% e incentivos do governo para compra de um carro zero, 32%.
Ao analisar o quadro os executivos concordaram que a indústria pode atrair esse grupo usando alguns mecanismos de venda, atendendo aos pedidos que apareceram na pesquisa. Moraes disse que cabe às áreas financeira e de vendas de cada empresa decidir o plano que será adotado: "Cada marca sabe da sua dor e de suas dificuldades nesse momento".
Questionado sobre como atender a essa demanda dos consumidores com a alta nos custos de toda a cadeia automotiva, o presidente da Anfavea afirmou que esse é o grande desafio: conseguir fechar as contas e definir o planejamento para cada linha de produto, repassando integralmente ou não a alta nos preços aos clientes.
Os entrevistados também responderam como pretendem pagar o carro novo. Independente do prazo, a grande maioria pretende dar o seu usado de entrada e financiar o restante do valor, seguido pelo grupo que usaria o usado de entrada e pagaria a diferença à vista. O pagamento à vista, com entrada e financiamento ou com 100% do valor financiado também fazem parte dos planos.
E os que não querem comprar um carro? Daquela parcela de 11% dos entrevistados que responderam que não pretendem comprar um carro no cenário da pandemia, 57% alegaram que o principal motivo é a incerteza financeira, 34% aguardam condições melhores de pagamento, 18% ainda não venderam seu carro atual, 17% não possuem o valor de entrada para financiar e 16% querem ver o carro pessoalmente – e não fariam isso durante a pandemia.
Mais uma vez a questão do medo de ser contaminado pelo coronavírus apareceu apenas como o sexto motivo para não querer comprar um carro nesse momento. Em abril esse era o principal motivo de adiamento.
Esse grupo de entrevistados também disse que alguns fatores poderiam fazê-los mudar de ideia, como a redução dos impostos, a revisão da taxa de juros, a maior valorização do seu usado. Para Moraes isso indica que tudo depende das condições que serão oferecidas pelo mercado daqui em diante.
Vendas em junho – Como antecipado pela Agência AutoData, em alguns dias do mês a média diária foi superior a 7 mil unidades – em quase chegaram a 8 mil. Mas Moraes é cauteloso: para ele, não é hora de mudar os ânimos:
"Esse volume pode ter sido influenciado por vendas fechadas em abril e maio, quando os Detran não estavam funcionando. A média do mês, até agora, está em torno de 5 mil unidades/dia e precisamos de mais tempo para avaliar se esse crescimento é real".
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