Caxias do Sul, RS – A indústria de fundidos fechou o primeiro quadrimestre do ano com produção de 674,7 mil toneladas, 12% inferior ao mesmo período do ano passado. Em abril a baixa chegou a 30%, para 140 mil toneladas, volume semelhante ao de dezembro, tradicionalmente o de menor produção no ano. O uso da capacidade instalada de 4 milhões de toneladas é de 45%. A expectativa do setor para o ano era de crescer 6% sobre 2019, alcançando perto de 2 milhões 430 mil toneladas.
O mercado interno absorveu 589,3 mil toneladas, recuo de 8,8% no comparativo interanual. No mesmo período as exportações totalizaram 85,4 mil toneladas, queda de 29%. Em valores, houve retração de 32,7%, para US$ 176,6 milhões.
Em razão do cenário restritivo as empresas reduziram o quadro em 4%, somando 54 mil 155 colaboradores em abril, número semelhante ao de abril de 2017. Em fevereiro, melhor mês do ano, eram 56 mil 612 profissionais.
O maior impacto teve origem na indústria automotiva, responsável pelo consumo de 56% dos fundidos nacionais. Afonso Gonzaga, presidente da Abifa, Associação Brasileira de Fundição, afirmou que a retomada ainda é uma incógnita. Citou que, além da queda da demanda, o setor terá que adotar uma série de medidas de distanciamento social, que deverão impactar a produtividade: “Uma cabine de caminhão era montada simultaneamente por pelo menos três profissionais, o que se tornou inviável com a pandemia”.
Já a agroindústria e a mineração, outros mercados de forte relevância, foram pouco impactadas pela crise sanitária.
Gonzaga salientou que parte das empresas apontou que não teve pedidos cancelados ou postergados. Outras, porém, relatam a postergação, o que está elevando os estoques, sem sinalização de quando a demanda será absorvida.
Outro cenário preocupante citado pelo presidente é a questão da matéria-prima. Segundo ele, com a paralisação das montadoras, o fornecimento de sucata caiu drasticamente no mercado, levando ao aumento do preço. Ressalta que desvalorização do real está favorecendo as exportações em detrimento do abastecimento do mercado interno: “Pela falta de sucata muitas fundições têm optado pelo ferro-gusa, que também está escasso no mercado interno, justamente pela questão cambial”.
A desvalorização, no entanto, deve beneficiar o setor por meio de um projeto de nacionalização de conteúdos pelas fabricantes de autopeças. Gonzaga espera a divulgação para breve.
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