São Paulo – Os líderes da indústria automotiva comentavam nos últimos meses os caminhos que deveriam ser tomados quanto à discussão do início da fase P8 do Conama, sobre emissões de veículos comerciais. “É preciso rever os cronogramas” e “com a pandemia o fluxo do caixa não suportaria esses investimentos” foram algumas declarações captadas por AutoData durante a série de entrevistas Webcon, disponível no canal do Youtube, com presidentes de montadoras e de fabricantes de motores.
Na quarta-feira, 5, coube à Anfavea demonstrar as ações que estão sendo tomadas para evitar que R$ 12 bilhões sejam aplicados imediatamente no desenvolvimento para não apenas os veículos comerciais atenderem a P8, mas também os automóveis cumprirem a fase L7 do seu programa de emissões estipulados no Proconve.
A entidade manteve conversas com a Casa Civil e outros ministérios, como os do Meio Ambiente, da Infraestrutura e, claro, da Economia, e argumentou que será necessária uma postergação de dois a três anos para que entre em vigor da nova fase da legislação. Ou seja, o que deveria acontecer em 2022 para automóveis, caminhões, ônibus e outros veículos comerciais, ficaria para 2025.
Os elementos que sustentam a argumentação das montadoras junto ao governo são a queda dramática de 30% a 40% do faturamento durante a pandemia, o que torna inviável a continuidade dos programas de desenvolvimento, segundo o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes: “É o momento mais crítico dos investimentos e esse dinheiro desapareceu. Sumiram de R$ 60 a R$ 80 bilhões dos cofres com a pandemia”.
Mesmo considerando que já se passaram de seis a oito anos desde da última fase do programa de controle da poluição do ar por veículos automotores – automóveis em 2014 e caminhões, 2012 – o tempo necessário para cumprir os protocolos de desenvolvimento também são insuficientes, segundo a Anfavea.
A razão é que o Conama publicou a regulamentação completa do P8 e do L7 somente em 2018 e os três anos – de 2019 a 2022 – para concluir todo o processo de desenvolvimento até o início da produção de veículos com as tecnologias que reduzem as emissões são considerados insuficientes pela indústria. Os executivos argumentam que são necessários cinco anos.
“Estamos propondo redefinir as datas para manter a previsibilidade desses programas", disse o presidente da Anfavea, argumentando que essa não é a melhor situação, já que as montadoras terão que “gastar ainda mais dinheiro em desenvolvimento por conta das exigências e novos custos que surgiram com a pandemia”.
A Anfavea não confirmou que a sua proposta teve adesão junto aos interlocutores dos ministérios consultados. Nem que há uma agenda entre as partes para dar sequência nas conversas. Mas a serenidade nas respostas dos executivos demonstra que este deve ser o caminho. Os números falarão mais alto que o meio ambiente ou o compromisso com a previsibilidade.
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