São Paulo – Produzida na Argentina a nova geração do Peugeot 208 começou a ser faturada na terça-feira, 8, nas 105 concessionárias espalhadas pelo Brasil em quatro versões, a partir de R$ 75 mil. Aí o leitor se espanta: a versão de entrada, embora cheia de itens como transmissão automática e central multimídia, custa tudo isso? A Peugeot quer, mesmo, vender esse carro?
Para entender a estratégia e o que a Peugeot espera do 208 por aqui é preciso deixar de lado alguns paradigmas. O primeiro é a concorrência: o diretor comercial Osvaldo Ramos deixou claro que miram Volkswagen Polo e Toyota Yaris. Então, salvo algumas versões topo de linha dos hatches mais vendidos do País, como Chevrolet Onix e Fiat Argo, a Peugeot não os enxerga como principais adversários de vendas.
É a faixa de mercado que Ana Theresa Borsari, sua diretora geral, chama topo dos hatches B. E que, garante ela, é uma das que mais cresce e é das mais promissoras do mercado: “Os SUVs estão se destacando, mas são SUVs de entrada, com muito volume turbinado por vendas PcD. O que a Peugeot oferece é acima da entrada e abaixo dos premium: é aí onde queremos competir”.
Definida a prateleira do modelo vem a questão do volume. Nem Ramos nem Borsari deram números absolutos, mas o diretor comercial facilitou com uma pista: a Peugeot enxerga, neste momento, 1% de fatia de mercado. Até agosto fechou com 0,65%, com 7,1 mil licenciamentos. Em um mercado que deverá ficar na casa das 1,7 milhão de unidades, para chegar ao 1% a empresa precisa somar mais 10 mil licenciamentos em quatro meses. Então podemos projetar algo em torno de 1,5 mil a 2 mil unidades do 208 vendidas por mês.
A concorrência: Polo vem fazendo uma média de 3,5 mil por mês, Yaris 1,5 mil/mês:
“Nosso consumidor é o cliente de hatch compacto”, justificou Ramos. “Que gosta do segmento e que não se preocupa com o orçamento. Por isso mesmo acreditamos que as versões mais vendidas serão a Allure e Griffe, as duas superiores. Representarão mais de dois terços do volume”.
A versão de entrada, Active, oferece além da transmissão automática e da central multimídia, três air bags, piloto automático, ar-condicionado digital, vidros e travas elétricos, assistente de partida em rampa e garantia de três anos, sem limite de quilometragem. Acima dela a Active Pack tem como grande diferencial o teto de vidro panorâmico, por R$ 82,5 mil. Por R$ 89,5 mil o cliente tem acesso à Allure, que oferece o i-Cockpit 3D. Na Topo de linha Griffe, por R$ 95 mil, sistemas semiautônomos como alerta e correção de permanência em faixa.
A versão elétrica, e-GT, já está disponível para pré-reserva na Rede Peugeot, mas só terá preço e vendas a partir de 2021 – é importada da Europa. Segundo Borsari “a procura é grande, mais de 2,5 mil consumidores já mostraram interesse”.
Para as versões produzidas na Argentina, todas com motor 1.6 flex aspirado, a Peugeot criou o plano Just Drive, uma espécie de leasing operacional, mas usando mecanismos do CDC. O consumidor poderá dar uma entrada de R$ 35 mil e pagar parcelas a partir de R$ 1 mil 90 por mês, subindo R$ 200 em cada versão, e tem a garantia de que, após trinta parcelas, a Peugeot recompra o modelo a preço de tabela Fipe: “Acabaremos com o papo de que o carro desvaloriza”.
Resta este último paradigma, segundo Ana Theresa Borsari, que comemora os resultados do Peugeot Total Care, a ousada campanha que promete devolver o dinheiro do ciente insatisfeito com os serviços na rede. Borsari, que foi a própria garota-propaganda nas peças veiculadas na televisão, anunciou os resultados, orgulhosa: após mais de 200 mil atendimentos, ninguém pediu o dinheiro de volta.
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