São Paulo – As exportações têm sido peça fundamental no planejamento das empresas do setor automotivo que buscam alternativas de receita em resposta às oscilações do mercado interno. O discurso das montadoras é o de que o governo federal, mais do que parte importante do problema, também é a solução: é por meio de suas ações que pode ser restabelecido o Reintegra, item número 1 da lista da indústria que pretende, e precisa, exportar mais veículos.
"Temos um sistema tributário que é contra a indústria exportadora", disse na sexta-feira, 11, Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, durante webinar sobre exportações organizado pelo IDP, Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa. "Olhando globalmente, temos fábricas iguais, produtos iguais. Chegamos à conclusão de que a diferença é o custo do País. Precisamos de volume de exportação para ter uma retomada substancial da economia."
As exportações já exerceram papel importante de 2015 a 2017, quando o mercado interno se recuperava da crise e os embarques tornaram-se oportunidade de ocupar a capacidade instalada. Com as vendas no mercado interno voltando a crescer em 2017 as fabricantes voltaram suas atenções às demandas do Brasil. Foi neste período que houve, por diversas razões, a extinção do Reintegra e o encolhimento das negociações envolvendo acordo comercial com a União Europeia.
O presidente da Anfavea acredita que o momento é chave para que o País crie uma espécie de programa de ataque comercial no Exterior, passando pela volta do incentivo federal às exportações e pela redução do custo logístico. No entanto, disse Moraes, há fatores agravantes quando comparados o período de crise anterior e o atual desencadeado pela pandemia: "A diferença [entre os dois momentos] é que há uma queda global no mercado de veículos, a demanda caiu no mundo todo, o que dificulta o fechamento de novos negócios em outros países".
Diante do quadro há pouca expectativa com relação ao aumento do volume de exportação, apesar da valorização do dólar, que beneficia o preço do produto brasileiro. Sem mecanismos como o Reintegra, disse o presidente da Anfavea, é pouco provável que se consiga volume de negócios no Exterior que de alguma forma compense volume perdido no mercado interno – algo que, sob a ótica das montadoras, seria crucial neste momento.
Os atuais acordos comerciais firmados com parceiros regionais, como Argentina e México, por exemplo, tem garantido algum volume de veículos para exportação. Em 2019 a participação dos veículos produzidos no Brasil representaram 11,4% do total importado por países da América Latina mas, neste ano, o veículo nacional vem perdendo espaço na região. Na União Europeia, 0,01%. África, 0,2%. China e Estados Unidos, grandes mercados, nada foi exportado naquele ano.
"O porcentual baixo representa também oportunidade de crescimento, mas é preciso, claro, que se pavimente um caminho para melhorar a questão da competitividade do Brasil no Exterior."
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