São Paulo – A produção da Audi na fábrica compartilhada com a Volkswagen em São José dos Pinhais, PR, encerra no fim do ano. O A3 Sedan sairá de linha e sua nova geração chegará importada, como ocorreu o Q3, e não há definição com relação à introdução de um novo modelo. Segundo o presidente Johannes Roscheck haverá um hiato de um ano a um ano e meio sem produzir veículos Audi no Brasil, enquanto seguem as negociações com a matriz para novos investimentos no Brasil.
Mas convencer os executivos de Ingolstadt está complicado por diversas razões, mas uma em especial: a dívida que o governo federal tem com a Audi, ainda com relação ao Inovar Auto. Na ocasião houve a promessa de que seriam devolvidos os trinta pontos porcentuais de IPI extras cobrados por veículos importados caso as fabricantes premium produzissem no Brasil. A Audi investiu, produziu e nunca recebeu de volta essa quantia.
Segundo Antonio Calcagnotto, diretor de relações institucionais, a dívida do governo com Audi, BMW e Mercedes-Benz chega a cerca de R$ 290 milhões. Havia a expectativa de um projeto de devolução quando o Rota 2030 entrasse em vigor, mas foi frustrada. Roscheck disse que uma sinalização, um plano de longo prazo, ajudaria na negociação.
“Fica difícil convencer a matriz de investir em um mercado que não cumpre compromissos. Estamos preparados para brigar por um novo projeto, mas vai depender das discussões”.
Em 2020 o segmento premium deverá cair 19% com relação ao ano passado, quando foram vendidas pouco mais de 53 mil unidades. A Audi deverá acompanhar a queda – porque teve dificuldades de abastecimento: a retomada de mercados como a China, mais acelerada do que a expectativa, forçou as fábricas europeias, que haviam parado por causa da covid-19, a direcionar sua produção para atender à demanda.
Para o ano que vem Roscheck projeta um crescimento de 10% a 15% nas vendas. Ele destacou o desempenho dos elétricos: de abril a agosto foram licenciados 103 e-tron, o que coloca a Audi na liderança de elétricos no Brasil.
Foto: Divulgação.