São Paulo – Durou pouco mais de quatro anos a segunda investida da Mercedes-Benz na produção de automóveis no mercado brasileiro. Na quinta-feira, 17, a companhia anunciou que deixou, em dezembro, de fabricar modelos premium em Iracemápolis, SP, onde inaugurou sua segunda fábrica no País para esta finalidade: a primeira, em Juiz de Fora, MG, produz cabines de caminhões desde 2012, após originalmente montar automóveis, como o Classe A.
Na nota divulgada pela Mercedes-Benz o integrante do board responsável por produção e cadeia de suprimentos, Jörg Burzer, disse que o agravamento da situação econômica do País pela covid-19 provocou queda nas vendas de automóveis premium: “Por isso decidimos encerrar a produção de automóveis premium no Brasil. Nosso primeiro objetivo agora é encontrar uma solução sustentável para os colaboradores dessa unidade, que contribuíram de forma decisiva para o sucesso da Mercedes-Benz no Brasil com seu comprometimento e expertise nos últimos anos”.
A alta do dólar e os créditos tributários retidos pelo governo federal por causa do Inovar Auto, que a Mercedes-Benz calcula que sejam de cerca de R$ 70 milhões dos 30 pontos de IPI cobrados na importação de modelos, compõem o leque de razões que fizeram a Daimler tomar a decisão de fechar, após quatro anos, sua fábrica de automóveis brasileira. E a empresa não vê perspectiva de receber os valores.
Outra razão tem a ver com o contexto global da indústria, cada vez mais direcionada a modelos eletrificados. Para produzi-los por aqui seriam necessários novos investimentos na unidade, que não seriam justificados em volume, ao menos para o mercado brasileiro, no médio prazo.
Ainda não foram decididos os pormenores com relação ao futuro unidade, que produz o Classe C e o GLA, que continuarão sendo produzidos em outras fábricas ao redor do mundo. Aos 370 colaboradores de Iracemápolis será aberto, possivelmente, um PDV. A rede concessionária, composta por cinquenta revendas, seguirá sendo abastecida por modelos importados. O campo de provas, na mesma Iracemápolis, continua operando normalmente, segundo a empresa.
A Daimler AG afirmou seguir comprometida com o Brasil e nada mudará com relação à produção de caminhões e chassis de ônibus em São Bernardo do Campo, SP, e em Juiz de Fora. E descartou a possibilidade de produzir caminhões ou outros componentes na agora desativada fábrica do Interior paulista.
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