São Paulo – Os recentes reajustes na tabela dos preços do aço no mercado doméstico deverão provocar reflexo na demanda por implementos rodoviários, estimou o presidente da Anfir, Norberto Fabris. Segundo ele os clientes da indústria não têm condições de pagar por este aumento, que inevitavelmente será repassado, pois os fabricantes já não conseguem, mais, absorver elevações no custo: só no ano passado, segundo a Anfir, o aço subiu mais de 86%.
Ao site da CNN Brasil Miguel Camejo, diretor comercial da principal fornecedora brasileira de aço planos, a Usiminas, afirmou que, no começo do ano, o reajuste sobre o fornecimento para as montadoras foi de 40%. Contratos ainda em negociação, com fechamento previsto para março e abril, terão índices de majoração ainda maiores, disse ele.
As montadoras usualmente fecham contratos anuais e as demais empresas do setor negociam lotes menores, com distribuidoras. Neste caso os reajustem ocorrem com maior frequência, obedecendo à dinâmica do mercado. A Usiminas calcula que o seu aço vendido no Brasil está com preço 10% superior ao do mercado internacional e sinalizou que, ao menos no curto prazo, a companhia pode ter encerrado o movimento de reajustes.
“O País está saindo do quarto ano de crise e não tem cabimento aumentar preço de matéria prima. Isso quebrará o ritmo de recuperação e retrocederemos”, desabafou Fabris, da Anfir, classificando o movimento como inoportuno. “O aço tem uma participação na produção de nossos produtos de até 70%. Não temos condições de absorver esse custo e seremos diretamente prejudicados.”
O presidente da Anfir disse, ainda, que o efeito negativo será sentido para além da indústria: “A situação do transportador também é complicada porque o valor do frete está estagnado, o que impede o repasse de eventuais aumentos aos clientes. Portanto essa conta será dividida por fabricantes e transportadores, que poderão ser financeiramente prejudicados".
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