São Paulo – Com a retomada da indústria cresceu a demanda por embalagens e as fabricantes nacionais encontraram dificuldades para acompanhar os pedidos por causa da escassez de matéria-prima, cenário semelhante ao ocorrido na cadeia automotiva. A Maximus Embalagens e a Mazurky, duas fornecedoras de embalagens, buscaram saídas diferentes para resolver o entrave.
A Maximus fez o maior investimento de sua história em uma nova máquina, para ser autossuficiente em uma das suas linhas de produção. No caso da Mazurky a ordem foi abrir o cofre, elevar os gastos e inserir no cronograma do ano a importação de papel.
Marcio Grazino, diretor da Maximus, disse que o novo equipamento será responsável pela verticalização da linha que produz embalagens derivadas do plástico bolha, quase 100% dedicada ao setor automotivo: "Com essa máquina eliminaremos um elo da cadeia de fornecimento e seremos quase autossuficientes".
A máquina extrusora tem capacidade para converter 80 toneladas de plástico por mês e, assim, a empresa, que tem sede em Ribeirão Pires, SP, deixará de comprar o plástico extrusado de um fornecedor. A decisão foi tomada diante das dificuldades apresentadas pelas empresas que atendiam a Maximus e agora a linha dependerá apenas dos grãos de plástico, comprados direto de empresas petroquímicas:
"Esse item nós conseguimos comprar no mercado, mas o preço aumentou bastante, assim como aumentou com o fornecedor de plástico extrusado. Isso também nos motivou a investir no novo equipamento".
Até o fim do mês a instalação da máquina e os ajustes necessários estarão prontos e a expectativa é reduzir a espera dos clientes, que hoje precisam fechar seus pedidos com sessenta dias de antecedência para não sofrerem com possíveis atrasos e até falta de embalagens. O setor automotivo, que representa cerca de 45% do faturamento mensal da empresa, será um dos principais beneficiados, pois é o principal consumidor dessas embalagens.
A Mazurky, fabricante de embalagens de papelão instalada em São Bernardo do Campo, SP, incluiu em seu cronograma de 2021 os gastos com importação de papel para depender menos dos fornecedores nacionais e driblar a falta de matéria-prima, de acordo com seu diretor, Eduardo Mazurkyewistz:
"Estamos importando papel do Egito, dos Estados Unidos e de Israel para suprir a falta desse item no mercado interno. Até procuramos fornecedores nacionais, mas não encontramos. O custo é 20% maior, mas ainda assim compensa para que seja possível atender os clientes dentro do prazo e manter nossas máquinas produzindo".
Ele revelou que essa foi a alternativa encontrada diante da venda limitada de papel pelos fornecedores nacionais, que criaram cotas para conseguir atender a todos os pedidos. O grande problema foi o cálculo usado por seus fornecedores, que pegaram os piores meses da pandemia, abril e maio, para tirar a média de seus clientes, o que dificultou ainda mais o acompanhamento da retomada do mercado.
Considerado um atual gargalo das fabricantes de embalagens derivadas do papel esse cenário ainda não tem previsão para mudar, segundo Mazurkyewistz, mais uma razão para a empresa adicionar a importação no seu cronograma de produção anual.
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