São Paulo – A Bosch produzirá no Brasil injetores e bicos injetores para motores diesel Euro 6. A produção destes componentes será centralizada no País para abastecer os mercados interno e de exportação, como Estados Unidos, Europa e Índia. O investimento será de € 22 milhões e a fabricação começa já na metade deste ano: no domingo, 7, aterrissou no Brasil vindo dos Estados Unidos um avião de carga russo Antonov trazendo os equipamentos da linha de montagem.
As informações foram reveladas em primeira mão por Besaliel Botelho, presidente da Bosch, em palestra no primeiro dia do Seminário AutoData Megatendências 2021, a segunda-feira, 8. Ele contou que a ideia da Bosch é “concentrar volumes para poder exportar, o que representa uma estratégia saudável para a indústria. Temos excedente de capacidades e de competências, mas não temos economia de escala para justificar novos investimentos”.
Para Botelho a nacionalização traz vantagens como menor exposição cambial e menor dependência das cadeias de suprimento global, além de evitar a excessiva elevação de preços dos veículos, a ponto de tornar inviável o crescimento da demanda. Mas reforçou a necessidade de atrelar essa nacionalização a programas de exportação, pois em seu entendimento “nacionalizar para atender só o mercado local torna mais difícil a obtenção do retorno do investimento”.
Estes injetores e bicos injetores eram produzidos antes em uma fábrica da Bosch nos Estados Unidos.
O executivo disse durante sua palestra que é necessário “colocar o Brasil na rota do investimento global, mas há dificuldades, falta de competitividade e ineficiências”. Assim como Carlos Zarlenga, presidente da GM, também palestrante do evento, considerou que “perdemos muito tempo com coisas simples, como a questão do Reintegra: exportamos imposto há anos”, e propôs “políticas que tornem os programas de exportação viáveis”.
Besaliel Botelho também considerou que “temos um parque fabril consolidado que precisa ser transformado para eletrificação, mas isso precisa acontecer dentro de um certo cronograma. São coisas que andarão em paralelo. A própria Bosch está investindo aqui para isso, mas para fazer o investimento necessário é preciso ter condições econômicas”.
Ele abordou também uma das dificuldades atuais da indústria, a falta de semicondutores, que está provocando paradas produtivas: “O Brasil perdeu o bonde do investimento em componentes eletrônicos nos anos 90, e por isso estamos sofrendo hoje. Não temos, agora, outra alternativa”. A questão é bastante sensível pois, conforme apontou em sua apresentação, “a indústria automotiva não tem tanta influência neste ponto, pois não é tão expressiva no uso global destes componentes: representa 13% do total, enquanto computadores são 34% e equipamentos de comunicações 25%, e a demanda por estes produtos aumentou durante a pandemia”.
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