São Paulo – Entidades de diversos setores que integram a cadeia automotiva uniram-se para a criação do projeto MiBi, Made in Brasil ilimitado, que escolherá projetos piloto a partir de cinco principais commodities tecnológicos para atuar em toda a cadeia automotiva. Segundo Erwin Franieck, mentor de desenvolvimento e pesquisa da SAE Brasil que participou do segundo dia do seminário Megatendências 2021, realizado de forma on line pela AutoData Editora na terça-feira, 9, a proposta consiste em formar um consórcio que integre as empresas, usando todas as parcerias e recursos disponíveis.
O MiBi selecionou cinco áreas para focar seus esforços: metálicos, eletroeletrônicos, mecânicos, plásticos e transmissões automáticas, que foram classificados como grupos GT1, GT2, GT3, GT4 e GT5, respectivamente. A ideia é buscar a nacionalização de componentes que fortaleçam toda a cadeia e tornem Brasil mais competitivo. Esses grupos, calcula, possuem oportunidades de nacionalizar US$ 18,5 bilhões do total de US$ 50 bilhões que foram importados em 2019.
Franieck disse que a cadeia automotiva local tem um grande potencial de crescimento e que a intenção é atrair as empresas fazendo com que elas entendam o que está sendo deixado para trás: "Não adianta olharmos para o futuro se estamos nos enfraquecendo no presente. Acontece uma desindustrialização no País e, se nada for feito, muito em breve não haverá mais como recuperar o nível de produção nacional que já vimos cinco anos atrás".
Ele ainda lembrou que, atualmente, as novas tecnologias chegam quase todas importadas.
O projeto, que nasceu após a união de empresas do setor para alavancar a produção de respiradores usados durante a pandemia da covid-19, é visto com grande entusiasmo por todas as entidades e empresas envolvidas. Segundo Franieck já se trabalha no texto de uma portaria para que o MiBi seja integrado ao Rota 2030 como mais uma área de trabalho.
Cada grupo está trabalhando em identificar possíveis oportunidades de nacionalização na sua área. Após escolher o projeto as empresas envolvidas na produção daquele componente se unirão para entender toda a cadeia, onde estão os pontos de fraqueza, onde estão os maiores custos e conseguir fechar a conta para que seja possível nacionalizar.
"Precisamos entender porque não somos competitivos e atacar os problemas. Uma empresa sozinha, ainda mais de pequeno e médio porte, não consegue resolver, mas com a união de toda a cadeia é possível solucionar essas questões, como conseguimos com a experiência dos respiradores".
A transmissão automática foi usada como exemplo pelo mentor: diversas empresas já tentaram nacionalizá-la, mas apenas com o volume corrente não é possível. Mas ao somar o volume de vendas de carros automáticos no País chegamos a mais de 1 milhão de unidades/ano, o que justificaria uma nacionalização:
"Só o volume de CVT vendido no Brasil já daria o volume para produzir por aqui. A união dos players é necessária para que isso saia do papel".
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