São Paulo — As fabricantes de autopeças trabalham com a expectativa de que haja normalidade nas entregas de insumos e componentes a partir do segundo semestre. Por ora o setor que abastece as montadoras e o mercado de reposição trabalha na busca por uma cadeia de fornecedores maior no sentido de se proteger caso ocorra novo descompasso.
"Não apenas as sistemistas, mas todos os elos da cadeia estão trabalhando de forma mais intensa na busca por alternativas de fornecimento, conversando com mais empresas no sentido de se criar planos A, B e C", disse Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças, no Seminário AutoData Compras Automotivas — Novo Normal, na segunda-feira, 17. "Afora os semicondutores, materiais e peças estão com as entregas caminhando."
O presidente do Sindipeças também observou que as empresas que integram o quadro da entidade esperam que as entregas dos semicondutores também se normalize em breve, no segundo semestre: "Esta é uma questão global e não um caso isolado do Brasil. Por isto deve demorar mais um pouco de tempo para que o abastecimento volte a ocorrer de forma regular na indústria".
Ioschpe contou durante o evento que seguem mantidas as projeções acerca do faturamento no setor de autopeças: crescimento de 13% sobre 2020, o que significa algo em torno de R$ 143 bilhões. Caso a projeção se confirme até o fim do ano o desempenho será o melhor do setor desde 2018: "Nossa projeção se baseia no crescimento do mercado de reposição e na retomada da produção nas montadoras".
A respeito do mercado externo ele voltou à ideia da necessidade de políticas setoriais além das existentes, como é o caso do Rota 2030, para tornar viável um melhor nível de competição das fabricantes brasileiras nas exportações. Dentre as ferramentas que podem tornar possível esse quadro está a PEC 45, que propõe a unificação dos impostos que incidem sobre os produtos e serviços da indústria.
"Existem setores da economia que são contrários às mudanças, que entendem que a forma atual é mais benéfica à economia. Isso porque estes setores não têm a carga tributária que incide sobre a indústria. Acho que mais do que agradar a setor A ou B o governo deve atentar ao fato de que o IVA é adotado nos países desenvolvidos."
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