São Paulo – Muito se fala em nacionalização de componentes: projetos, intenção, necessidade. A pressão cambial trouxe, mais uma vez, o tema à tona no ano passado, vez que os valores dos produtos importados começaram a pesar no caixa das empresas brasileiras, que passaram a pagar mais em real por produtos que já estavam sendo reajustados em dólar. Honda e Toyota são exemplos de empresas que saíram dos discursos e arregaçaram as mangas para colocar em prática os projetos de nacionalização. E ambas juram que não se trata apenas de questão cambial: ter parceiros por perto são um fator de competitividade.
São Paulo – Muito se fala em nacionalização de componentes: projetos, intenção, necessidade. A pressão cambial trouxe, mais uma vez, o tema à tona no ano passado, quando os valores dos produtos importados começaram a pesar no caixa das empresas brasileiras, que passaram a pagar mais em real por materiais que já estavam sendo reajustados em dólar. Honda e Toyota são exemplos de empresas que saíram dos discursos e arregaçaram as mangas para colocar em prática os projetos de nacionalização. E ambas garantem que não se trata apenas de questão cambial: ter parceiros por perto é fator de competitividade.
Um grande projeto de nacionalização, com mais de cem empresas envolvidas, foi iniciado pela Toyota em 2021. Evandro Maggio, chefe regional de compras e pesquisa e desenvolvimento, disse em entrevista exclusiva à Agência AutoData que foram apresentados os componentes que a empresa deseja nacionalizar em um evento, online, no início do ano.
São alguns exemplos peças injetadas de plástico, peças em alumínio e plásticos de engenharia. Componentes eletrônicos também, mas o executivo revela que a competitividade ainda dificulta avanços nessa área: “Contatamos 114 fornecedores. Destes, 34 demonstraram interesse em projetos de produção nacional”.
Com os fornecedores selecionados a Toyota começou a negociação individual. Segundo Maggio o projeto está na fase de cotações e compartilhamento do desenho das peças. O segundo passo será visitar a operação das empresas, avaliar o processo produtivo e quais áreas podem ser mais competitivas. A montadora promete auxiliar na melhoria dos processos, usando como base os métodos de sua operação local.
O diretor da Toyota disse que esse processo pode ser considerado um pouco mais lento, mas ele visa ao longo prazo e à maior competitividade para o fornecedor e para a montadora, Trabalham junto as equipes de engenharia, produção e compras: "A expectativa é de que esses 34 fornecedores façam parte da base de fornecedores nacionais da Toyota, mas pode ser que o número sofra uma pequena redução até o fim das negociações".
A Honda também mantém o seu trabalho constante de nacionalização, considerando as oportunidades comerciais e técnicas de cada componente, processo que foi mais pressionado pela alta do câmbio. Otávio Mizikami, vice-presidente industrial da Honda Automóveis, revelou avanços da companhia: "Nos últimos dois anos desenvolvemos cerca de nove ou dez novos fornecedores nacionais".
Sobre futuras localizações o vice-presidente disse que com a alta do dólar muitos componentes ganham atratividade, mas esse não é o único fator pra tomar essa decisão: é necessário olhar para questões tecnológicas, demanda e as perspectivas da moeda estadunidense.