São Paulo – O setor de autopeças deverá encerrar 2021 com faturamento de US$ 31 bilhões, o que representa alta de 26,5% com relação ao resultado obtido em 2020. A cifra, no entanto, volta ao patamar registrado em 2015/2016, US$ 30 bilhões, quando a economia brasileira enfrentava recessão. Ainda fica bastante aquém do patamar pré-covid: no período 2017/2019 a receita variou de US$ 38 bilhões a US$ 40 bilhões. Os dados foram apresentados por Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças, durante a abertura do segundo dia do Seminário Revisão das Perspectivas 2021, realizado pela AutoData Editora de forma online, e que vai até a quarta-feira, 14.
Quanto aos investimentos o valor deve atingir US$ 420 milhões, quase o dobro do ano passado, mas ainda abaixo de 2019, quando os aportes alcançaram US$ 630 bilhões. A expectativa para a balança comercial do segmento é de deterioração este ano, com déficit de US$ 5 bilhões 730 milhões devido ao crescimento das importações.
A ocupação da capacidade instalada das empresas produtoras de autopeças reagiu e, em maio, foi a 74,1%. No mesmo período de 2020 o porcentual era 42,9%. Isso refletiu o crescimento de 57,5% na produção de veículos no País, 35,5% nos licenciamentos e 67,5% nas exportações ao longo do primeiro semestre. Ioschpe citou que as projeções do Sindipeças estão em linha com as da Anfavea, e que é esperada para 2021 a fabricação de 2 milhões 435 mil unidades, alta de 21% ante o ano anterior – após cair 36% em 2020.
Para 2022 a expectativa é expandir mais 14%, com 2,7 milhões de veículos: “A previsão se dá pela falta de estoques e pelas dificuldades deste ano, retornando nível de crescimento mais ameno em 2023 e 2024 e voltando, em 2024, para a casa das 3 milhões de unidades, patamar que tínhamos em 2019”.
O presidente do Sindipeças também mencionou a falta de semicondutores no mercado mundial e disse acreditar em normalização do fornecimento apenas ao longo de 2022: “Estamos vivendo essa incerteza, pois é muito difícil prever o que acontecerá, pois cada agente da cadeia possui planejamento diferente: alguns têm estoque, outros não. E quando você trabalha sem estoque e com falta de matéria-prima e de semicondutores perde ritmo e atua de forma ineficiente. Acreditamos, porém, que a partir de agosto a situação esteja melhor. A questão da falta de suprimentos nós resolveremos. A inexistência de demanda é algo que seria algo muito grave, e não é o caso. Ao contrário, temos demanda bastante interessante”.
Para Dan Ioschpe essa dificuldade, de disponibilidade de oferta, trava a decisão do empreendedor e do gestor de ampliar o contingente de pessoas, mais do que de equipamentos e turnos. Entretanto, "apesar de as empresas estarem sofrendo, elas estão sobrevivendo. Não acredito na morte, mas na resiliência do setor”.
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