São Paulo – São ousados os planos anunciados pelas montadoras para alcançar a neutralidade em carbono nos próximos anos. Os prazos variam de 2030 a 2050 e o Brasil e a região fazem parte, sim, dos planos delas.
No caso da General Motors a expectativa é atingir essa meta até 2040. Sua gerente de energia e meio ambiente para América do Sul, Gláucia Roveri, tirou o véu de parte dos planos por aqui:
"No caso dos veículos passa pela maior eficiência energética de todos os tipos de propulsão, até que se chegue no futuro elétrico, que é a visão global da companhia. Nas operações já existe um grande trabalho para ser menos poluente, consumir menos recursos naturais. Nos próximos anos vamos pensar em processos mais eficientes, nos quais existe a oportunidade de trocar a matriz energética por uma mais limpa".
Um ponto que poderá sofrer mudanças no futuro é a matriz energética dos fornos usados nas fábricas, que no passado queimavam diesel e que, atualmente, na maioria dos casos, usam gás natural. No futuro poderão ser alimentados por energia elétrica, por meio de resistências ou de motores elétricos. Para Roveri esse é um ponto em que as oportunidades deverão surgir e a questão do custo de cada solução será avaliado.
A meta da Volkswagen é a mais ousada: a previsão é de neutralidade já a partir de 2030. Todas as ações da empresa estão ligadas ao plano global Way to Zero. Rafael Pestana, seu gerente executivo de planejamento de manufatura para América do Sul, lembrou que algumas partes da operação nunca deixarão de emitir CO2 e, nesse caso, ações serão tomadas para compensar essa emissão, tema que está em debate interno para a definição da estratégia a ser adotada.
Energia incentivada, aquela gerada a partir de fontes mais amigáveis ao meio ambiente, como solar e eólica, também está no radar das montadoras. Nesse ponto a Honda saiu na frente com seu parque eólico instalado em Xangri-lá, RS, que gera energia suficiente para abastecer toda a sua produção de automóveis no Brasil, ponto considerado muito importante por Pedro Rezende, gerente geral de relações públicas.
A Volkswagen quer avançar no uso desse tipo de energia, garantiu Pestana: "Colocamos uma meta para os novos processos de contratação de energia de longo prazo, visando a, pelo menos, 10% de energia eólica ou solar, porque são ainda mais interessantes para o meio ambiente".
Um grande avanço foi atingido no PAC, Centro de Peças e Acessórios, instalado em Vinhedo, SP, que a partir de 2021 utiliza 100% de energia incentivada.
A GM também trabalha nessa questão e já possui alguns avanços relevantes, como os seus Centro de Distribuição e Centro Tecnológico, que já operam com 100% de energia incentivada. Avanços também ocorreram nos vestiários de algumas fábricas, com uso de energia solar para aquecer a água dos banheiros, abandonando o vapor, tecnologia que também é usada para gerar energia na planta de Joinville, SC.
O plano da Honda para o Brasil segue a sua direção global, que busca a neutralidade até 2050, baseada em três princípios: aprimoramento da utilização de recursos, redução nas emissões de CO2 e maior eficiência energética de seus produtos. Aqui o grande avanço foi marcado pela chegada do híbrido Accord, com outros dois lançamentos previstos até 2023:
"A partir desses princípios uma série de ações será adotada para atingir as metas. Na parte dos automóveis estamos trabalhando para a eletrificação global do portfólio até 2040, para vender veículos elétricos ou movdos a célula de combustível", disse Rezende.
Dentro de suas operações, mesmo abastecidas com energia incentivada, a Honda também busca a redução de consumo e, para isso, investiu na compra de robôs de última geração para a unidade de Itirapina, SP, que consomem 30% menos energia. A área de pintura também adotou processo à base de água, o que reduz as emissões de gases e também o uso de energia.
A Volkswagen também utiliza sistema de pintura à base de água em suas plantas, gerando avanços relevantes, e seguirá focada a curto prazo nesse tipo ação: trocar a fonte de energia de determinadas áreas ou processos por uma mais limpa e eficiente — um trabalho que já começou.
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