São Paulo – Para driblar as dificuldades de um mercado fortemente atingido pela pandemia do novo coronavírus, e do consequente isolamento social, a Volvo optou por inovar sua linha chassis de ônibus para longas distâncias com pacote de novidades tecnológicas que trazem economia de combustível, maior segurança, conforto e conectividade a modelos já existentes, o que resultou no lançamento dos B420R+ e B450R+.
A montadora sueca reconhece que as projeções de vendas de veículos rodoviários, de 400 a 500 unidades no País neste ano, estão bem aquém de anos anteriores – em 2020 foram emplacados 1 mil 80 exemplares e, em 2019, eram 2,4 mil –, conforme contextualizou Paulo Arabian, diretor comercial de ônibus da Volvo no Brasil, durante avant-première para a imprensa.
“É um mercado de cinco a seis vezes menor do que dois anos atrás e duas vezes e meia inferior a 2020. Mas a escalada da Volvo em sua participação é constante e desde 2018 temos tido crescimento de 2 a 2,5 pontos porcentuais por ano. Esse ritmo nós não queremos perder, a estratégia de lançar produtos visa buscar oportunidades, encantar novos clientes e preservar o que conquistamos. O objetivo, claro, é cumprir com esse crescimento de market share de forma sustentada ano após ano.”
O executivo disse que não conseguiria cravar número porque se trata de fatores que não estão nas mãos da Volvo. Há, segundo Arabian, atrasos nos emplacamentos em razão da produção de carrocerias, pois alguns encarroçadores estão paralisados – caso da Marcopolo, que adotou férias coletivas em 23 de agosto, por até um mês, devido à crise de semicondutores. “Há descasamento que corrobora de forma perigosa na hora de fazer um prognóstico.”
Apesar do cenário, a montadora não sofreu reflexos significativos.
O otimismo da retomada não está somente na companhia, mas também no comportamento do empresário, que mesmo cauteloso, se anima com o avanço da vacinação e a consequente retomada da procura por viagens de turismo de lazer, de compras e de negócios, o que tende a crescer conforme o verão for chegando, pontuou Arabian.
“Agora está sendo dissipada a nuvem da dúvida. Acompanhamos com a telemetria dos nossos chassis que 80% dos veículos rodoviários estão em operação. Isso zerou em abril, no início da pandemia, foi timidamente andando, quase que lateralmente ao longo de 2020, no fim do ano chegamos ao pico de 90%, a níveis pré-covid e, infelizmente, tivemos a segunda onda em março, quando revisitamos toda a nossa estratégia para 2021. Depois dessa freada sentimos que o empresário está animado, apesar de muitos dos ônibus terem sido desfeitos, alterando tamanhos de frotas a fim de redimensionar o custo fixo mas, agora, com o aumento da demanda, ele percebe que se não repuser, perde passageiro e receita. Esse otimismo não é uma expectativa. É uma realidade.”
Estratégia complementar para virar a página da covid-19 se calca na exportação, destino de 60% da produção dos ônibus rodoviários. De acordo com o presidente da Volvo Buses Latin America, Fabiano Todeschini, o avanço do comércio exterior depende do ritmo de vacinação. Em países como o Chile, em que 80% da população está imunizada, tem havido forte demanda pelos produtos. Peru e Argentina, porém, ainda estão mais recuados. O continente africano também recebe modelos – inclusive, a África do Sul, onde a direção fica do lado direito, e os chassis são adequados.
O cenário de inflação alta e de inevitável pressão nos custos da cadeia automotiva, a exemplo do aço, que encareceu em torno de 120%, traz repasse no valor final do ônibus, o que também é reforçado pelos componentes importados da tecnologia mais avançada. As novas versões chegam ao mercado na quinta-feira, 2, com preço cerca de 5% mais caro do que suas antecessores.
Questionado sobre o índice de nacionalização dos componentes, hoje em 45%, dependendo do modelo, o mínimo necessário para ter acesso ao Finame, Todeschini justificou que nem sempre nacionalizar é sinônimo de baixar o preço do produto. “Normalmente os fornecedores locais vendem por valor mais caro do que se fosse importado.”
Desempenho – A nova geração dos chassis de ônibus rodoviários para longas distâncias possui software de controle de motor chamado aceleração inteligente, aprimorado para diferentes condições de topografia, que promete redução no consumo de diesel ao controlar a injeção de combustível de forma precisa, independentemente da ação do motorista no pedal. Segundo o gerente de engenharia de vendas da Volvo Buses na América Latina, Gilcarlo Prosdócimo, associado à nova versão da transmissão I-Shift, que permite trocas mais rápidas e suaves das marchas, é possível reduzir o consumo de combustível em até 5%, dependendo da rota.
Outra novidade é a roupagem do aplicativo para celular Volvo Bus Connect, de acesso gratuito aos proprietários, que verifica o consumo do veículo, a quilometragem média por litro e as distâncias percorridas, gerando relatórios diários, semanais, mensais ou trimestrais da frota.
Os ônibus B420R+ e o B450R+ também podem ter o Sistema de Segurança Ativa, SSA, mesmo em carrocerias equipadas com vidro bipartido – mais uma inovação dos modelos. Com o objetivo de evitar acidentes, são emitidos avisos de colisão frontal com frenagem de emergência e de mudança de faixa, por exemplo. Além disso, os chassis vêm de série com controle eletrônico de estabilidade, ESP, freios eletrônicos a disco, EBS, e sistema antitravamento, ABS.
Fotos: Divulgação.