São Paulo – O Brasil tem avançado na comercialização e na produção local de veículos elétricos e híbridos, mesmo que a passos mais lentos do que em mercados mais maduros. Para ganhar força a médio e longo prazo será preciso um maior entrosamento de montadoras, setor privado e governo, para que os volumes aumentem e gerem escala produtiva à indústria local.
Esse foi um ponto apresentado por Adalberto Maluf, presidente da ABVE, Associação Brasileira do Veículo Elétrico, durante o primeiro dia do Seminário Brasil Elétrico+ESG, realizado pela AutoData Editora, de forma online até a quarta-feira, 15: "Por aqui o avanço será puxado pelas empresas que investirão em veículos elétricos e híbridos por causa de suas agendas ESG".
Para gerar volume a curto prazo ele deu o exemplo do negócio fechado pela Volkswagen Caminhões e Ônibus com a Ambev, que ao ver o projeto de nacionalização do e-Delivery, caminhão elétrico dedicado à distribuição urbana, sinalizou a compra de 1,6 mil unidades: "É desse tipo de esforço que precisamos, com o setor privado indicando também a sua visão de futuro".
O trabalho de algumas cidades para incentivar o segmento eletrificado também foi lembrado por Maluf, caso de São José dos Campos, SP, que investiu na construção de um corredor verde para ônibus elétricos, dentre outros projetos de mobilidade urbana e iniciativas de isenção de IPVA para elétricos.
Por parte do governo, a curto e médio prazo, Maluf entende que oferecer incentivos e subsídios não fazem parte da agenda, já preenchida com outros problemas e demandas. A ABVE cobra a redução do IPI, porque atualmente um modelo elétrico paga de 14% a 18% enquanto um igual com motor a combustão tem imposto de 7%.
Mesmo com todas as dificuldades para avançar as vendas de veículos eletrificados cresceram consideravelmente em 2021, atingindo participação recorde nos emplacamentos em agosto, 2,4%, assim como o volume comercializado, 3,9 mil unidades. Para o ano a projeção é de 30 mil unidades vendidas.
No longo prazo o presidente da entidade propõe a participação do governo para financiar o avanço das tecnologias do futuro, usando como base o que acontece em outros países com incentivos e alguns subsídios. Maluf entende que isso não acontecerá apenas com as agendas das empresas e alguns investimentos privados.
As montadoras deverão, de alguma forma, acompanhar o desenvolvimento tecnológico global para não se descolar das operações em países mais avançados, ponto avaliado como muito importante por Maluf, porque em caso de acordo comercial do Mercosul com a União Europeia uma indústria automotiva local atrasada poderia ser um risco para o setor.
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