São Paulo — A agenda da próxima década será pautada pelo ESG e as empresas que não a praticarem certamente correrão o risco de perdas econômicas e, quiçá, de desaparecer do mercado. Embora no Brasil, o quinto país que mais polui no mundo, as iniciativas ainda tenham muito a evoluir, há empresas, inclusive do setor automotivo, que já anunciam metas para reduzir emissões e conectam seus resultados financeiros aos sustentáveis.
Durante apresentação no segundo dia do Seminário Brasil Elétrico + ESG, realizado até quarta-feira,15, de forma online pela AutoData Editora, a sócia especialista em ESG da KPMG, Nelmara Arbex, lembrou que a agenda não é nova e, portanto, as estratégias de negócios não podem seguir como se isso não existisse, ainda mais no Brasil, em que a principal matriz energética é hidrelétrica e há diversas iniciativas de geração de energia limpa.
No País a maior parte das emissões, 42%, provém da agricultura, devido à forma de gestão do solo e das florestas. Pesam na conta também os transportes, porque, apesar das opções de etanol e biogás, há emissões representativas de diesel e gasolina, seguido do acionamento de térmicas para geração de energia. Em quarto lugar está a atividade da indústria.
Diversas empresas do setor automotivo na Europa já têm praticado os quatro Rs, de reduzir, reciclar, reutilizar e reparar, e estão cobrando de parceiros da cadeia ações como colocar resíduos de novo na linha de produção.
Arbex contou que o papel da KPMG é apoiar os clientes nos estágios de geração de valor e que um dos reflexos da adoção da agenda, além de promover melhora em aspectos ambientais, sociais e de governança, por exemplo, pode ser visto na remuneração dos papéis: “O mercado está disposto a pagar mais pelas ações de empresas com ESG. Já começamos a ver relatórios de companhias em que os riscos financeiros são associados às mudanças climáticas”.
Também faz parte do tema a diversidade interna. Segundo pesquisa do Credit Suisse empresas com uma ou mais mulheres nos conselhos têm melhores retornos sobre o investimento e níveis de inovação do que os compostos somente por homens.
“Certa vez o CEO de uma empresa me disse que um dia o ESG seria como a qualidade nos negócios, que veio para ficar. E, de fato, estamos caminhando para isso. Costumamos dizer que há dois níveis de adoção das regras, o higiênico, que é o básico, em referência aos cuidados diários mínimos, como tomar banho, escovar os dentes, e o estratégico, que realmente fará diferença para a sobrevivência e sustentabilidade da companhia no futuro.”
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