Osório, RS – Junto com a Noruega a operação da Volvo Cars no Brasil é tratada como prioridade pela matriz, na Suécia. Tem uma razão: são os dois mercados onde a empresa oferece em seu portfólio apenas modelos eletrificados. Dessa forma, por decisão interna, o País tem prioridade nos pedidos e terá quantas unidades eletrificadas precisar para atender à demanda local.
É assim que, até agora, o impacto da crise dos semicondutores foi menor na comparação com outros mercados, porque, embora todas as plantas da Volvo no mundo precisaram interromper por algum momento a produção por falta de componentes, a produção da unidade estadunidense, responsável por abastecer o Brasil, não cortou envios para cá.
"O mercado dos Estados Unidos é maior e tem mais capacidade para absorver esses cortes de produção. Mesmo com esses problemas a nossa operação foi priorizada", disse João Oliveira, diretor geral de operações e inovação da Volvo Cars Brasil.
Para o ano que vem a expectativa é a de que o desabastecimento de semicondutores continue durante o primeiro semestre, melhorando apenas no segundo, puxado pelo avanço da vacinação e pelo recuo da covid-19, que permitirá que os fornecedores trabalhem sem restrições.
Mas como a operação brasileira tem seu lugar ao sol garantido com a matriz a empresa já prepara sua ofensiva de modelos elétricos para 2022: "Teremos o C40, um modelo importante para fazermos volume no mercado nacional, que começará a ser produzido em novembro. Por aqui sua pré-venda começará ainda em 2021 para que as primeiras unidades sejam entregues em março do ano que vem".
Uma versão mais barata do XC40 elétrico também está confirmada e deverá chegar ao mercado na configuração P6, com apenas um motor elétrico e um pacote de baterias menor. Oliveira também considerou essa nova versão "importante para liderar as vendas de carros elétricos no Brasil".
Versões elétricas do XC60 e do XC90 também chegarão, mas essas demorarão mais tempo porque serão produzidas em uma nova plataforma, tratada internamente como SPA2, uma evolução da SPA.
Outro movimento confirmado para 2022 é o aumento de preços durante o primeiro semestre, pelos mesmos fatores que elevaram em até 40% os preços do portfólio da Volvo Cars desde o começo da pandemia: alta nos custos produtivos, fretes marítimos mais caros e a desvalorização do real ante o dólar e o euro.
Para que esse aumento tivesse impacto menor para os clientes a empresa aumentou a lista de equipamentos de alguns modelos, ação que deu certo, considerando os números no ano: crescimento de 32% até agosto e projeção de encerrar 2021 com 8 mil unidades comercializadas, expansão de 20% a 25% ante 2020.
As projeções para 2022 ainda não foram definidas e deverão ser apresentadas apenas em novembro, mas a meta mínima será vender o mesmo volume deste ano. Até lá as reuniões internas seguirão com foco em dois pontos principais: a velocidade que a empresa pretende acelerar no caminho da eletrificação e como se comportará a produção global de automóveis.
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