São Paulo – A crise dos semicondutores trouxe diversas mudanças para o setor automotivo e as montadoras buscam alternativas para seguir produzindo. No caso da Volkswagen uma das soluções foi lançar uma versão do T-Cross sem sistema multimídia de série e buscar um fornecedor local do equipamento como opcional, missão dada para sua associação de concessionários, a Assobrav, que encontrou a Wings para atender à demanda.
Segundo João Marcelo Barros, cofundador da Wings, "a Volkswagen pretende lançar em outros modelos a versão Sense, sem multimídia, e usar o nosso sistema como opcional. Acredito que teremos novidades para divulgar até o fiml do ano, depois de estreitar a relação com a montadora e com a Assobrav a partir desse primeiro negócio".
Montando o sistema multimídia em CKD no Brasil a Wings possui uma central que, com pequenas alterações, pode ser adaptada para qualquer veículo, o que ajudou nessa negociação e deverá contribuir nas futuras. Outras montadoras também estão no radar da Wings, que mantém conversas avançadas e espera divulgar novos contratos nos próximos meses.
Barros disse que, mesmo com as oportunidades inesperadas geradas pela crise, foi necessário superar as dificuldades na alta dos custos produtivos, puxada pela falta de componentes no mercado global. A operação local depende da importação dos principais itens para manter as linhas rodando.
A Toyota também utiliza a central multimídia da Wings em todas as versões do Corolla, quase que em um fornecimento OEM, mas não é: todos os Corolla saem de fábrica sem o sistema multimídia e recebem o kit nas concessionárias, independentemente da versão. O negócio entrou em operação dessa forma por causa do curto prazo em que foi fechado, menos de três meses, e por questões logísticas e de tempo de entrega.
Segundo Barros esse movimento em busca de fornecedores nacionais para as centrais foi puxado pela falta de semicondutores, que fez as montadoras escolherem outros mercados no lugar do Brasil, que não estava na lista de prioridades, para dedicar os volumes disponíveis.
A Wings conseguiu atender essas novas demandas graças a mudança na operação em 2017, quando a empresa possuia sistema multimídia específico para cada veículo e enfrentou crise no abastecimento de telas sensíveis ao toque. A partir disso surgiu o plano de desenvolver um sistema único que pudesse ser rapidamente adaptado para qualquer veículo, sem depender de um único fornecedor para entregar semicondutores ou telas, por exemplo, flexbilizando sua operação.
Com novos negócios agregados ao plano inicial de crescimento para o ano a Wings ainda não tem sua projeção fechada, mas a expectativa é de alta de, pelo menos, 340% ante 2020, índice projetado em janeiro.
Foto: Divulgação.