São Paulo – Com o propósito de democratizar a automatização de bombas de combustível que abastecem frotas de veículos e de eliminar fronteiras a CTA Smart, empresa de tecnologia desenvolvedora de sistemas de automação e controle de abastecimento, fundada há dez anos em Porto Alegre, RS, agora quer alçar voos maiores. Recebeu, no mês passado, rodada inicial de aportes de R$ 5,5 milhões da Marcozero, braço de corporate venture capital e novos negócios da Marcopolo, e da Indicator Capital, gestora brasileira de venture capital early-stage.
A ideia é turbinar o sistema com tecnologias mais avançadas, ampliar sua presença em pequenas e médias empresas no Brasil e levar o serviço a outros trinta países. Com crescimento em torno de 35% ao ano o objetivo é manter o avanço de dois dígitos e encerrar 2021 com faturamento de R$ 15 milhões.
Há dois anos a CTA Smart iniciou processo de internacionalização ao inaugurar filial em Miami, nos Estados Unidos, onde é conhecida como Link2Pump. Atualmente 95% da receita da startup gaúcha provêm de companhias locais e 5% do Exterior. Mas o plano é que, até o fim de 2022, esse porcentual salte para 25%, afirma o CEO Bruno Lopes.
“Percebemos que a falta de controle ao abastecer veículos de frota não é um problema exclusivo do Brasil. E durante a pandemia tivemos o maior crescimento da nossa história, com recorde de vendas em agosto de 2020. Foi quando, durante a disseminação do home office, tornou-se mais necessário acessar e controlar os dados de abastecimento de forma on-line.”
Boa parte das empresas que operam com frotas de veículos ainda realiza esse controle manualmente em processo que, além de ser mais moroso, está mais sujeito a falhas. E 40% do volume de diesel do País é consumido por essas companhias que compram combustível em grandes quantidades, armazenam em um tanque próprio e realizam o abastecimento.
Hoje a CTA Smart possui mais de 800 clientes, o que significa a gestão de 2 mil bombas, 1 bilhão de litros de combustível e 60 mil veículos. O plano é que até o fim do ano que vem esse volume chegue a 1,3 mil clientes, sendo 20% deles internacionais.
“A alta do barril do petróleo e os preços elevados do diesel são problema global e que por si só já motivam a busca por controle mais efetivo. Nossa tecnologia é inovadora aos olhos mundiais por ser leve e barata. O modelo que adotamos, de hardware as a service, é pioneiro ao oferecer a locação do hardware e o serviço de software por mensalidade. E damos garantia total sobre o hardware. Se cair um raio e queimar o equipamento, ele é substituído. Não exigimos infraestrutura do cliente. Nós automatizamos qualquer bomba de abastecimento existente no mercado mundial em até três horas.”
Segundo Lopes, embora a automação em postos exista há trinta anos, o sistema disponível era muito caro e viável apenas para grandes empresas. E simplificar e popularizar o acesso a esse controle, ao mesmo tempo dotado de muita tecnologia e de fácil instalação, com plug and play, é o propósito da CTA Smart.
Foram esses diferenciais que fisgaram os seus primeiros investidores: até então a startup caminhava com as próprias pernas. O gestor da Marcozero, Alexandre Cruz, contou que a companhia está sempre monitorando o mercado para ver quem tem soluções efetivas de tecnologia aplicada à mobilidade. Após mapear neste ano 1 mil 262 empresas com potencial para receber aporte, houve conversas com quarenta delas e na peneira final a CTA foi a primeira escolhida.
“O principal item de custos em uma operação dessas é o combustível. E a principal dor do empresário é no bolso, que grita quando o combustível sofre alteração. A CTA está muito em linha com o que buscamos e sua solução agrega valor aos clientes. Trata-se de ferramenta de empoderamento digital, com controle eficaz sobre a frota.”
Tanto que, no período de namoro dessa tecnologia, a Marcopolo apresentou a startup a grandes e criteriosos clientes e todos deram feedback positivo, o que encaminhou o casamento das empresas.
A ideia, agora, é acelerar o crescimento da CTA utilizando toda a rede da Marcopolo, inclusive fora do Brasil. Após o anúncio do aporte já foram prospectados clientes na África do Sul, Chile, Colômbia, México, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Dubai.
Clientes da encarroçadora já estão de olho na tecnologia e engordando a carteira da CTA Smart. Para Lopes “dispor da chancela de uma empresa como a Marcopolo nos deixa mais fortes, com condições de negociação e apresentação diferenciadas, o que faz com que as portas se abram mais facilmente”.
A Marcozero investiu R$ 1,5 milhão, o restante foi da Indicator. Juntas elas podem ampliar o aporte a até R$ 19 milhões no período de dezoito meses.
Na prática – O investimento no negócio, de R$ 10 mil a R$ 12 mil mais R$ 900 a R$ 1 mil mensais por aparelho, não demora mais do que três meses para ser recuperado, segundo Lopes: “É o fim da era do papel e do cadeado de ferro. O frentista se identifica e identifica o veículo, com a data, a hora e o volume abastecido e informações que antes levavam até uma semana para ser compiladas vão direto para a nuvem, em tempo real, pois o equipamento já vai com o chip de transmissão de dados, é totalmente ligado à internet das coisas”.
Sobre a economia trazida pelo sistema de automação das bombas Lopes assegurou que é possível atingir até 20% de redução no consumo de diesel. “Mas varia muito conforme a operação. Mas pelo menos de 3% a 5% é possível obter”.
Além do ganho de tempo de trabalho e de organização das informações, a economia também pode ser obtida por meio da análise dos dados, pois o sistema sinaliza, por exemplo, o desempenho dos veículos sobre uma mesma rota e quantos quilômetros por litro cada um deles está fazendo. A partir daí é possível verificar se há algum problema de desvio, com pneus ou com a frenagem ou aceleração, o que gera maior consumo, e toda a operação se torna mais eficiente.
Dentre os clientes da CTA Smart 40% são transportadoras de cargas e 25% de passageiros. Tipo Grupo Comporte, Construtora Ápia, BBM Logística, Rio Ita, MetrôRio, Fagundes, Eucatur, Gerdau, Grupo Rodeio e Grupo Constantino.
Diante da expansão do negócio o quadro de funcionários, atualmente composto por setenta colaboradores, também aumentará, tanto no País como na filial estadunidense. A ideia é chegar a noventa profissionais até o fim do ano que vem, sendo vinte nos Estados Unidos, onde hoje trabalham cinco pessoas.
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