São Paulo – O ônibus elétrico que o presidente da República, Jair Bolsonaro, dirigiu do Palácio da Alvorada ao Palácio do Planalto na segunda-feira, 29, em Brasília, DF, é um desenvolvimento 100% nacional. O Marcopolo Attivi é, segundo o CEO James Bellini, um ônibus integralmente produzido pela companhia: tanto carroceria como chassi são Marcopolo, algo inédito em empresa mais conhecida por fornecer carrocerias.
É uma resposta ao avanço dos chineses na América Latina, mercados onde os ônibus Marcopolo possuem boa penetração, por meio da eletrificação. Bellini contou no Fórum AutoData Veículos Comerciais, na terça-feira, 30, que há quatro anos bateu nas porta dos fabricantes de chassis para entender qual era a visão deles sobre a eletrificação. À época ainda não havia definições.
“Ao mesmo tempo a gente via as empresas chinesas ganharem espaço em mercados onde tradicionalmente somos fortes, como o Chile e outros da América Latina. Foi quando decidimos iniciar o nosso desenvolvimento.”
Há cinco ou seis meses saiu o primeiro protótipo, aquele apresentado ao governo. O CEO da Marcopolo confessa que o encontro foi também um movimento de defesa: “Estávamos ouvindo rumores de que havia conversas no sentido de abrir o mercado para ônibus elétricos chineses. Não precisamos que eles venham pois temos capacidade de produzir aqui, gerar empregos no Brasil. Foi isso que mostramos ao governo”.
A conversa avançou, disse Bellini. No Palácio da Alvorada as discussões caminharam para o campo de desenvolver políticas nacionais para que o governo apoie investimentos em pesquisa e desenvolvimento para mobilidade elétrica e ajude, com subsídios, a criar linhas de financiamentos específicas para modelos com as chamadas tecnologias verdes.
O Attivi tem cerca de 50% do seu conteúdo nacional, segundo ele. Os motores elétricos são WEG, por exemplo, e o ar-condicionado Valeo. O chassi e a carroceria são da Marcopolo, e as baterias ainda são importadas da China.
A intenção é lançar o produto no mercado nos próximos meses. Ainda está em estudo, porém, onde ele será produzido, se na unidade de Ana Rech, em Caxias do Sul, RS, ou na de São Mateus, ES.
Bellini deixou claro, também, que a Marcopolo seguirá fornecendo carrocerias para modelos elétricos: “O cenário está diferente de quatro anos atrás pois hoje temos empresas investindo na produção de chassis. Seguiremos atendendo a esses clientes e, ao mesmo tempo, oferecendo a nossa solução completa”.
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