São Paulo – As negociações de caminhões novos, das montadoras com seus clientes, ganharam novo ingrediente diante do atual contexto de demanda maior do que a oferta, muito pela falta de componentes por causa de cadeia ainda fragilizada, especialmente pela logística. Como a pressão sobre os custos não cessou, e as entregas dos contratos fechados por agora só serão feitas daqui a alguns meses, uma nova negociação, de preço, voltará a ocorrer quando o caminhão comprado estiver mais próximo de sair da linha de montagem.
Tanto Iveco como Volvo admitiram, durante painel do Fórum AutoData de Veículos Comerciais, na terça-feira, 30, que adotaram esta prática com seus clientes, especialmente nos produtos previstos para o segundo semestre de 2022. Cada caso é um caso, disse Alcides Cavalcanti, diretor comercial de caminhões da Volvo:
“O preço será rediscutido. É uma parceria nossa com nosso cliente, que entende a pressão dos custos”.
Ricardo Barion, diretor comercial da Iveco, disse que a área de compras da companhia faz a previsão de custos dos componentes e das matérias-primas, afere a taxa de câmbio e sugere o preço para o período da encomenda. Mas, dependendo do cenário, haverá rediscussão: “Tudo faz parte da negociação”.
O descompasso da cadeia é uma das razões que deverá impedir, na visão dos executivos, movimento grande de pré-compra antes da entrada em vigor da nova fase do Proconve, equivalente ao Euro 6, em 2023. O mercado já está bem aquecido em 2021 e só não teve mais entrega de caminhões porque faltou peça.
“Nós estamos honrando os pedidos”, disse Barion. “Mas atrasos acontecem. Não é exclusividade nossa: toda a cadeia está sofrendo.”
Cavalcanti projeta que o atual cenário seguirá até meados do ano que vem, o que impedirá esse movimento de antecipação de compra. Pedidos de caminhões, atualmente, só serão atendidos até daqui a seis meses.
Barion disse que espera, em 2022, um mercado em patamar compatível com 2014. Naquele ano foram comercializados cerca de 140 mil caminhões. Este ano, até outubro, os emplacamentos somaram 106,3 mil unidades.
A Iveco prepara, também, para o ano que vem o lançamento de seu caminhão movido a gás. A ideia é iniciar o fornecimento por meio de importação e, com o tempo, produzi-los em Sete Lagoas, MG, contou o diretor comercial.
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