São Paulo – A empresa é jovem: tem apenas seis anos de vida, completados neste mês. Mas o currículo de peso confere à Carbon Blindados muitos quilômetros de rodagem. Ao longo de sua breve, mas intensa trajetória, a companhia sediada em Barueri, SP, construiu parceria com Jaguar, Land Rover, Toyota e Volvo – com esta última, inclusive, realizou trabalho de blindagem, no mês passado, de seis veículos da família real da Suécia. Assim como protegeu os automóveis das embaixadas do país nórdico e da força policial italiana.
De olho em um futuro próximo e com sede de triplicar seu volume atual de produção para 900 veículos por mês, a Carbon Blindados deu a largada em plano de investimentos de R$ 50 milhões até 2024. Metade do montante, R$ 25 milhões, foi destinada à aquisição de sua principal fornecedora, a fabricante de vidros balísticos Graffeno, de Atibaia, SP, e outros R$ 10 milhões serão injetados para expandir sua capacidade, com a melhora de infraestrutura, compra de equipamentos, softwares de gestão, de pessoas e capacitação. Ainda R$ 3 milhões serão destinados ao desenvolvimento de produtos e R$ 9 milhões para estoque estratégico.
Ao alcançar a projeção de encerrar o ano com 3 mil 740 blindagens, a empresa registra crescimento de 68,8% frente a 2020 e expansão de 52,7% ante 2019, além de garantir market share de 19,8%. Segundo o CEO da Carbon Blindados, Alessandro Ericsson, o atual volume de negócios garante à companhia a liderança dos mercados nacional e mundial de blindagem de veículos civis, com fatia global de 7,5%. “Nosso número de blindagens é de três a quatro vezes maior do que a segunda e a terceira colocadas que, juntas, detêm 5% do mercado brasileiro.”
Segundo dados da Abrablin, o segmento de blindagem deve terminar 2021 com 18 mil 936 veículos, alta de 37% ante o ano passado. Esse volume se assemelha ao de 2019, quando 18 mil 842 carros foram blindados. Em 2020, houve queda de 26%, para 13 mil 837 unidades – mesmo ano em que a Carbon Blindados, com 2 mil 216 automóveis, cresceu 12,4%.
Hoje 70% das vendas provêm de concessionários e multimarcas, 20% de locadoras e setor corporativo e 10% de clientes finais. “Nós nos espelhamos na trajetória das montadoras e estabelecemos que parcerias seriam chave para o nosso negócio. Temos mais de duzentos parceiros, é tudo muito pulverizado. O maior deles responde por 4% de nossa receita.”
O faturamento da companhia, a propósito, deve encerrar 2021 aos R$ 500 milhões.
Ericsson contou que a estrutura de 30 mil metros quadrados, sendo 24 mil metros quadrados da Carbon e 6 mil metros quadrados da Graffeno, comporta até dez mil carros por ano em três turnos de produção, meta que está sendo pouco a pouco perseguida. Atualmente, são 400 funcionários na blindagem e 117 na fabricação de vidro, totalizando 517.
Até 2024 o objetivo é empregar 800 colaboradores, que deverão dar conta de 5,3 mil veículos por ano e gerar receita de R$ 900 milhões. Quanto à Graffeno, que possui capacidade de produzir 200 kits de vidro por mês, o intuito é que chegue a 600. “No ano que vem projetamos crescimento de 12,4% na produção, com 4 mil 202 veículos, e faturamento de R$ 650 milhões.”
Apesar dos desafios do cenário macroeconômico atual, marcado por inflação, juros e dólar elevados, o que impacta no custo de produção, pois parte dos insumos é importada, Ericsson afirmou que seu público absorveu os repasses. Por se tratarem de consumidores de classe média alta para cima, o reflexo da crise advinda da pandemia não foi significativo: “O custo médio da blindagem subiu entre R$ 15 mil a R$ 20 mil, para valores de R$ 75 mil a R$ 80 mil. Ainda assim a procura pela blindagem continuou crescente, até porque essa crise não aliviou a pauta de segurança pública. Fomos mais impactados pela falta de carros do que pela demanda pelo produto”.
O CEO da Carbon Blindados assinalou que o intuito é atingir dois públicos, não apenas o de luxo, como aqueles que possuem veículos de até R$ 1,5 milhão, mas também proprietários de carros mais populares. “Já blindamos Fiat Toro, a ideia é democratizar o acesso.”
Para tanto, ele afirmou que pensa em desenvolver parceria para criar modelo financeiro que permita o parcelamento do serviço a juros menores e prazo alargado, em até 36 vezes, por exemplo. Hoje, o pagamento é feito em três vezes sem juros ou em mais parcelas com taxas não tão amigáveis.
Elétricos também fazem parte do portfólio da companhia. “Em 2016 fomos a primeira empresa blindar um Tesla no Brasil. Juntamos nosso time de engenharia para começar a estabelecer o modo de blindagem, que é diferente, pois nesse tipo de carro não há motor na frente.”
Para Ericsson, o fato de os sócios seis anos atrás terem experiência de até 25 anos de atuação no segmento de tecnologia, com experiência em negócios B2B em setores como o financeiro, ajuda no sucesso da empreitada. “Temos uma cultura que preza pela excelência e a preocupação com a entrega, com a governança do negócio. Geralmente empresas do setor são menores, é o dono quem atende o cliente, não têm tanto investimento.”
Ajudou na trajetória experiência frustrada com a Jaguar Land Rover no ano de início das atividades. A empresa cogitou montar planta ao lado da fábrica em Itatiaia, RJ, em investimento conjunto no modelo de consórcio, mas o projeto não foi para frente porque à época, com o Brexit, a taxação dos impostos seria alterada e a matriz congelou os aportes. “Pegamos essa situação, estudamos o mercado e vimos que, à época, a maior blindadora produzia de 70 a 90 carros por mês, com investimentos de no máximo R$ 50 milhões. Pensamos: podemos fazer melhor. E aqui estamos.”
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