Anápolis, GO – Nunca a fábrica do Grupo Caoa produziu tanto: a projeção é montar 76 mil unidades este ano, 73 mil Chery e 3 mil Hyundai, um largo salto de 190% sobre as 26,2 mil unidades de 2023 e muito próximo do potencial máximo de 80 mil/ano. E depois de atingir este pico histórico de produção já está no planejamento dobrar a capacidade para 160 mil/ano, segundo confirma Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho, CEO e filho do fundador.
A ampliação será feita até fevereiro de 2025 e, junto com o lançamento de três novos modelos Caoa Chery – os Tiggo 5x Pro, 7 Pro e o recém-lançado 8 Pro –, terá consumido R$ 1,5 bilhão, ou metade do plano de R$ 3 bilhões que a empresa anunciou no ano passado para o período 2024-2028.
“Toda a nossa expansão está sendo bancada com capital próprio e está baseada no sucesso dos lançamentos que fizemos no último ano”, afirma Andrade Filho. “Hoje já produzimos cinco modelos [além dos três SUVs Chery já mencionados também os Hyundai HR e New Tucson] e muitas versões deles na fábrica de Anápolis e deveremos acrescentar mais carros.”
O empresário confirmou que o Tiggo 8 híbrido plug-in, hoje o único modelo da linha ainda importado da China, também será montado em Anápolis em 2025, possivelmente ainda no primeiro semestre, para evitar o novo aumento do imposto de importação sobre carros eletrificados programado para junho e que deverá voltar aos 35% em junho de 2026. Além dele também virá ao Brasil o maior da linha, o Tiggo 9, que tem grandes possibilidades de ser montado na planta goiana.
Depois disto, segundo Andrade Filho, existem estudos para internacionalizar a companhia, tanto com exportações como com instalação de linhas de montagem no Exterior: “Mas aí precisaremos de mais capital e da ajuda de parceiros”.
Expansão produtiva
Anuar Ali, vice-presidente do Grupo Caoa – ele inaugurou a fábrica de Anápolis em 2007, saiu da empresa em 2015 e retornou no ano passado –, diz que a fábrica já trabalha com quase 6 mil funcionários e para ampliar a produção é necessário aumentar áreas construídas e robotizar processos: “Precisamos crescer e criar espaço para isto, além de adotar mais automação. Já compramos 209 robôs da Ford que estavam em Camaçari [BA] e vamos colocá-los para trabalhar até fevereiro”.
Os novos robôs vão se juntar aos 42 em atividade e aumentar substancialmente a produtividade da fábrica, principalmente na área de armação de carrocerias, que atualmente realiza a maior parte do trabalhos de soldagem de forma manual. Para realizar a transformação será necessário paralisar as atividades por cerca de trinta dias, o que será feito no fim de 2024 e começo de 2025, no período de férias coletivas da unidade, que desde junho trabalha em três turnos.
Mas as obras civis de ampliação já estão em andamento. Ao todo serão acrescentados 36 mil m2 de área construída, aumentando o total de 172,2 mil para 208,4 mil m2. As maiores ampliações, somando mais de 20 mil m2, serão no armazém de componentes estampados importados e nas linhas de solda e armação de carrocerias.
O nível de nacionalização dos modelos montados em Anápolis gira em torno de 30% a 40% e, embora exista o desejo de nacionalizar mais, existem poucas possibilidade de ir além, como justifica Andrade Filho: “Fabricamos muitas versões de produtos e assim há pouca escala para localizar [o fornecimento de componentes]”.
Bom momento
“O momento que a Caoa vive é muito bom. Vamos continuar crescendo com bons produtos e mais gente”, resume Ali. “Os novos modelos com preços competitivos que lançamos em 2023, principalmente o Tiggo 7 Pro, aumentaram nossas vendas e esperamos que o mesmo aconteça agora com o lançamento do Tiggo 8 Pro.”
Andrade Filho lembra que a ampliação é para atender a demanda real dos Caoa Chery e não uma projeção: “Estamos vendendo cerca de 7 mil Tiggo 7 por mês e não vendo mais porque não tenho. Por isto precisamos fazer a expansão da fábrica”.
Ele destaca que hoje o Grupo Caoa é o maior cliente da Chery fora da China e que tem excelente relação com a companhia chinesa, que aceita bem o modelo de produção local de seus carros, que evita a aplicação do imposto de importação: “Hoje importamos muito pouco e a intenção é sempre montar aqui, como acontece desde o Inovar-Auto [2012]”.
No acordo de sociedade com a Chery, de 2017, a fábrica de Anápolis continuou sob controle 100% da Caoa e no caso da planta de Jacareí, SP, fechada desde 2022, a propriedade foi dividida meio-a-meio. Segundo Andrade Filho ainda não houve nenhuma negociação sobre a utilização da unidade com a Chery, que estaria interessada em montar lá carros de suas marcas Omoda e Jaecoo: “Isso ainda está no ar, não temos nada acertado”.
Boa relação com a Hyundai
Andrade Filho também garante que a relação com a Hyundai não foi afetada e que o novo acordo está “indo bem até o momento”. No início do ano a Hyundai Motor Brasil passou a controlar todas as importações e produção de veículos da marca no País, inclusive os produzidos sob licença em Anápolis, pagando à Caoa uma comissão sobre todos os carros comercializados.
“Agora eles decidem o que vão importar e o que querem produzir conosco”, diz o empresário. “Ajudamos a Hyundai a construir uma imagem que não tem em nenhum outro lugar da América Latina, nem no México é igual ao Brasil. Continuamos sendo o maior concessionário no País e queremos continuar assim enquanto o acordo for bom para ambas as partes.”
Novas marcas chinesas?
Sobre propostas para representar e montar carros de outras marcas chineses que estão chegando ao País, Andrade Filho admite que, assim como nos tempos de seu pai, “eles continuam batendo na porta com frequência para negociar”.
Mas ainda não há nada de concreto: “Estamos sempre abertos a novas possibilidades, desde que sejam produtos competitivos e de qualidade”.