Mercedes-Benz concede férias a 600 trabalhadores e Scania lança mão de folgas
São Paulo — A crise dos semicondutores está longe de dar trégua. Afetou, agora, as fábricas de caminhões e ônibus da Mercedes-Benz e da Scania em São Bernardo do Campo, SP. Na primeira, trabalhadores foram colocados em férias, enquanto a Scania lançou mão de folgas para parte do efetivo.
A quantidade de operários afastados por mais doze dias representa 9,2% do efetivo da linha de produção, composta por 6,5 mil dos cerca de 8,5 mil funcionários da unidade do ABC.
A informação foi dada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e confirmada pela companhia, que afirmou que em razão da crise global de abastecimento de semicondutores está ajustando sua produção de caminhões em São Bernardo:
“A empresa reforça seu forte compromisso em atender os clientes e tem adotado alternativas junto à cadeia brasileira de suprimentos e ao Grupo Daimler Truck mundialmente para enfrentar os desafios diários de abastecimento de peças, situação sem precedente na indústria global”.
De acordo com informações do sindicato a Scania avisou seus 5,3 mil trabalhadores da unidade do ABC, sendo 3,8 mil no chão de fábrica, que ficarão em casa em três datas diferentes devido à falta de componentes. Os dias de folga serão aplicados em 1º, 4 e 11 de abril.
A empresa confirmou os dados e informou que “para ajustar a produção em virtude do atual cenário da crise global de fornecimento de peças” suspenderá a operação industrial em São Bernardo. Esses dias serão considerados no acordo do sistema de jornada flexível estabelecido com o sindicato.
“A fabricante segue tomando todas as medidas necessárias para voltar à situação normal em curto espaço de tempo, sempre alinhada com seus fornecedores e comprometida com as entregas para os clientes em primeiro lugar. A unidade comercial e a rede de concessionárias seguirão trabalhando normalmente.”
Na avaliação do diretor executivo do sindicato e presidente da IndustriALL-Brasil, Aroaldo Oliveira da Silva, essas paradas devido à ausência de semicondutores refletem a ineficiência do governo para a resolução dessa crise, em um momento em que há expectativas em torno da antecipação de compras devido à mudança de motorização para o Euro 6 em 2023 e também por demanda reprimida como reflexo da pandemia, além do bom desempenho do agronegócio, que segue gerando pedidos ao setor:
“Não estamos discutindo uma queda no mercado ou a falta de caminhões. O que está acontecendo agora, em momento que a empresa deveria estar contratando, mostra a total ineficácia do atual governo em pensar políticas industriais que atendam as demandas das indústrias e do consumo que está colocado no Brasil. Isso leva ao colapso dos poucos setores que estão em pé nesse momento da economia. Um colapso por falta de peças é um absurdo ao pensarmos na economia como um todo”.