Cajamar, SP – Após sete anos fora do mercado brasileiro a Ford voltou a apostar no seu utilitário Transit ao lançar, no fim do ano passado, a versão para transporte de passageiros, a Minibus. Agora apresentou a modalidade Furgão, dedicada ao transporte de mercadorias e que também pode operar como ambulância. A diferença é que no período em que esteve presente por aqui, de 2008 a 2014, era importada da Turquia e, agora, vem do Uruguai.
Devido à proximidade com o País e ao uso de peças locais a operação está, a princípio, mais protegida das oscilações cambiais responsáveis por sua retirada do mercado brasileiro.
Para concorrer com Sprinter, da Mercedes-Benz, que também é produzida em um país vizinho, a Argentina, e a Master, da Renault, fabricada em São José dos Pinhais, PR, a aposta está na principalmente na conectividade embarcada de fábrica e estendida a todos os modelos, com recursos como o acompanhamento preventivo inteligente e relatórios com indicadores para o negócio.
Embora os veículos sejam produzidos pela Nordex, que contou com investimentos de US$ 50 milhões em parceria com Ford, a engenharia brasileira contribuiu com a proposta da Transit, que passou pelo centro de desenvolvimento de produto em Camaçari, BA, e foi validada no campo de provas de Tatuí, SP.
De acordo com Rogelio Golfarb, vice-presidente da Ford América do Sul para assuntos governamentais, “conectividade é uma palavra emblemática. Todo mundo usa, todo mundo diz que tem, mas as conectividades não são as mesmas. Não é a telemetria de terceiros que se pode contratar. O diferencial está no fato de como a conectividade que só nós temos se integra aos vários aspectos do negócio do consumidor e traz o que ele deseja, que é retorno financeiro”.
Para Golfarb o dólar alto, ainda que tenha saído do patamar de R$ 5 e recuado à casa dos R$ 4,60, acaba causando impacto sobre todos os fabricantes de utilitários. Mesmo os produzidos localmente ou cuja montadora possua operação no Brasil, pois muitas peças usadas nos veículos comerciais são importadas: “Todo mundo sofre deste mal, e assim é que o importante é a estrutura e a capacidade de distribuir o produto”:
“Uma das belezas das nossas peças importadas, apesar de o serem em dólar, é que temos uma escala global que ninguém tem nesse segmento. Somos líderes absolutos de mercado na Europa há seis anos e nos Estados Unidos temos um volume gigantesco, o que ajuda muito. Há a questão do dólar, mas não é problema para a Ford dispor de um preço competitivo, mesmo com qualidade superior aos competidores e do diferencial da conectividade”.
Rogelio Golfarb
Disponível em duas versões a L2H3, de comprimento médio, com volume de 10,7 m3 e capacidade para 1 mil 222 quilos, é vendida por R$ 239,9 mil, e a L3H3, de comprimento longo, com volume de 12,4 m3 e capacidade para 1 mil 181 quilos, custa R$ 245,9 mil.
Haverá, a depender das condições do cliente de entrada e prazos de financiamento, taxa zero. Para o lançamento é oferecida, em parceria com o Bradesco, a possibilidade de parcelar em sessenta meses e sem entrada, com carência de noventa dias para pagar a primeira parcela.
Mercado aquecido — A pandemia estimulou hábitos nos consumidores como a compra pela internet e, com a disparada do e-commerce, houve maior demanda por veículos comerciais para atenderem à logística de entrega desses produtos. Segundo Matias Guimil, gerente de estratégia e produto da Ford América do Sul, esse segmento duplicou no Brasil de 2016 a 2021, ao saltar de 24 mil para 48 mil unidades. Para este ano são esperados 51 mil emplacamentos: trata-se do maior mercado para o segmento na região.
Guimil contou que parte do otimismo também deriva do fato de que já foram comercializadas mais de 10 milhões de unidades Transit ao longo das suas seis décadas de existência, em 65 países. Na Europa e nos Estados Unidos a empresa está estreando a e-Transit, versão 100% elétrica, que deverá vir ao Brasil mas ainda sem prazo, que ainda está sendo estudado.
A versão furgão é a mais demandada das duas, que foca em autônomos e frotistas e responde por 63% das vendas. Por se tratarem de veículos de 3,5 toneladas estão alinhados à tecnologia de menor emissão de poluentes L7 e podem ser conduzidos por motoristas com carteira de habilitação B.
Diferenciais da conectividade – Cíntia Pelegrina, gerente de serviço de atendimento, afirmou que, como a Transit é usada como ferramenta de trabalho pelo cliente, que, portanto, não pode perder tempo com eventual parada do veículo para reparo, a proposta da conectividade integrada é auxiliá-lo para que se antecipe e se programe diante da necessidade. Para acessar a facilidade, que não tem custo adicional, é preciso baixar o aplicativo FordPass.
“O sistema emite alertas que antecipam ocorrências e, mensalmente, é enviado relatório com indicadores importantes para o negócio dele. Havendo a necessidade de reparo oferecemos o serviço de assistência técnica por conferência, em que uma ligação é feita em conjunto com a central e uma concessionária mais próxima do cliente. As informações do veículo são acessadas e na mesma hora é realizado o diagnóstico e orientado o que deverá ser feito.”
Pelegrina lembrou que também, por meio do aplicativo, é possível conferir a quilometragem, o nível de combustível, a média mensal de consumo nos últimos seis meses, informações do consumo de Arla 32, as distâncias percorridas no mês e a localização remota do veículo.
Experiência – Daniel Santos, gerente de desenvolvimento do produto, destacou que também contam a favor os diferenciais de potência, com 170 cv, e torque, 39,7 kgfm, “os maiores do segmento”, garantiu, devido ao motor turbodiesel EcoBlue 2.0, e da função Auto Start-Stop. O consumo médio de combustível é de 10 km/l, informou.
A reportagem andou na versão alongada do furgão da Transit carregado com sacos de areia que pesavam 400 quilos. Na rodovia Anhanguera o veículo surpreendeu pela facilidade de condução, ao se assemelhar a um carro de passeio, e pela rapidez pela qual a aceleração era alcançada, o que facilitou na hora de acessar a estrada e na de ultrapassar caminhões. Com assento confortável e motor potente, que alcançou sem dificuldades velocidade de 110 km/h sem trepidar, de fato é silencioso na cabine e gostoso de dirigir: deu até para esquecer que o modelo é uma van.
O furgão foi apresentado no centro de distribuição da Ford em Cajamar, SP, complexo de 370 mil m2 com área de armazenamento de 78 mil m2 e capacidade para gestão de 200 mil peças. O espaço, que distribui para concessionárias e também para sessenta países, conta com iluminação de LED e luz natural, captura de água para reuso e estação de tratamento de esgoto e usina de geração de energia solar.