Crise estimula maior oferta de produtos e projeção de alta de 15%
São Paulo — A crise econômica decorrente da pandemia favoreceu os negócios da Ituran, que opera público detentor de veículos financiados com até 25 anos de idade, inclusive motocicletas, na oferta de rastreadores com seguro automotivo com composições modulares, o que torna seu valor mais acessível.
A empresa projeta ampliar em 15% seu faturamento em 2022, expectativa mais expressiva do que a sinalizada no início do ano, de 10% de expansão. No ano passado o incremento foi de 22%. Com cerca de 700 mil veículos em carteira a meta é chegar a 1 milhão de unidades em de três a cinco anos.
O braço brasileiro da companhia israelense, que ganhou fama na virada do século pelo rastreamento de veículos, identificou oportunidade para aumentar seu portfólio estimulado pelo boom do mercado de seminovos e usados que se deu no ano passado e, ao mesmo tempo, pela demanda reprimida de pessoas que no auge da covid deixaram de segurar seus veículos devido ao isolamento social. Outro fator que contribuiu para reforçar sua operação foi a necessidade crescente de os motoristas utilizarem carro ou motocicleta como ferramenta de trabalho com a finalidade de geração de renda.
O diretor comercial de varejo e produtos da Ituran Brasil, Roberto Posternak, afirmou que recentemente o número de roubos e furtos retornou a patamares pré-pandemia, só que em contexto bem diferente:
“A tabela Fipe valorizou 37% com a escassez de carros zero devido à falta de semicondutores. A inflação disparou 13%, o que, aliado ao dólar em patamar elevado e à menor disponibilidade de peças, deixou os consertos mais caros. Isso tudo, em meio ao aumento de sinistros, fez com que o prêmio encarecesse e pressionasse esse mercado, o que elevou o custo dos seguros”.
Posternak estimou que o impacto no bolso do consumidor variou de aumento mínimo de 35% até 70%. E é aí que a empresa entra ao oferecer itens mais acessíveis e com pagamento diluído nos doze meses do ano, com valores que partem de R$ 58,00 mensais o monitoramento e de R$ 69,90 com a apólice.
“Há treze anos o Ituran com seguro, lançado em 2009, surfa altas ondas em momentos de crise. É uma opção para quem não tem como contratar um seguro tradicional. E com a oferta do produto em módulos é possível flexibilizar seu valor conforme o bolso.”
Roberto Posternak
Leque maior –– Frente ao contexto a companhia ampliou a disponibilidade de produtos e modalidades de serviços derivadas de novas parcerias com seguradoras, e hoje trabalha com quatro delas: Tokio Marine, HDI, Liberty e Mapfre.
Também retomou plano de ofertar produtos para motos, que adotara de 2012 a 2015 mas que interrompera por decisão das seguradoras. Hoje, de acordo com o executivo, a tecnologia de rastreamento é muito mais eficaz, embora a sinistralidade ainda seja dez vezes maior do que a de automóveis.
“Até o fim do ano queremos quadruplicar o que vendemos hoje”, disse, sem abrir números, ao complementar que a ideia é também aumentar as modalidades disponíveis, os parceiros e os canais de distribuição. A empresa conta com a parceria de Tokio Marine e HDI no segmento.
O executivo assinalou que as motocicletas têm potencial de responder por 20% a 25% das vendas do Ituran com seguro. Parte do otimismo também decorre do fato de que com toda a crise foram vendidos mais veículos de duas rodas do que de quatro rodas, até pelo valor mais acessível.
O Ituran com seguro representa atualmente 90% dos negócios do setor de varejo da companhia. Os outros 10% são gerados pela oferta de rastreadores sem a apólice. Ao todo o varejo responde por 60% do faturamento da empresa.
Capital humano — A companhia também reforçou a equipe para ganhar penetração, principalmente em pequenas corretoras, com a contratação, no início de maio, do diretor comercial de corretores e assessorias Euclides Naliato, ex-HDI e com experiência de 39 anos no mercado de seguros.
O desafio proposto com sua chegada, contou Naliato, é ampliar em 30% o número de parceiros comerciais este ano, ou seja, a base de corretoras, principalmente de pequeno porte, para fazer a ponte com as seguradoras.
“Esse canal com corretores é fundamental para ampliar a penetração do produto no mercado. Ele responde por dois terços das vendas de varejo.”
Atualmente a Ituran detém 2,3% do mercado. Mas está de olho em potencial que envolve mais de 30 milhões de veículos que não têm seguro. Isso considerando que 70% dos 38 milhões de automóveis em circulação no País não são segurados, assim como 90% dos 12 milhões de motocicletas.
Segundo Naliato o céu é o limite para esse tipo de negócio e o potencial que se tem é imenso:
“Se detivéssemos um terço dessa frota seria fantástico. Mas estamos trabalhando para isso. Acredito que de três a cinco anos consigamos cobrir 1 milhão de veículos. Se considerarmos que levamos catorze anos para chegar em 700 mil, o negócio avançou bastante”.
Euclides Naliato
A Ituran dispõe de setecentos funcionários em seu quadro e pelo menos mais quarenta devem ser admitidos ao longo do ano.