Movimento é global, pois mercado em outros países também retraiu
São Paulo – Os emplacamentos do mercado brasileiro, de janeiro a junho, alcançaram 918 mil unidades, recuo de 14,5% com relação ao primeiro semestre de 2021, quando 1 milhão 74 veículos foram licenciados. Apesar da queda, motivada por dificuldades como a menor disponibilidade de modelos e maior restrição ao crédito, e pelos juros crescentes, o volume supera o do acumulado de 2020, com 809 mil unidades, quando a pandemia eclodiu no País, mas ainda está bastante aquém do número de 2019, 1 milhão 308 veículos.
A redução na oferta aliada à desaceleração na demanda, que tem sido redirecionada em parte para veículos usados com idade superior a 9 anos, de acordo com dados divulgados pela Anfavea na sexta-feira, 8, não é exclusividade do País. Nos Estados Unidos, onde os juros estão começando a subir, com incremento de 0,75 ponto porcentual, o que não se via desde 1994, a queda é de 17,8%. O Brasil, entretanto, está no meio da tabela dos principais mercados, sendo que a maior retração foi vista na Itália, com 26,2%, e a menor na China, de 6,9%.
No mundo todo os impactos da escassez de semicondutores seguem sendo sentidos, o que foi agravado nos primeiros seis meses de 2022 pela guerra na Ucrânia e por dificuldades adicionais na logística desencadeadas pelo lockdown no porto de Xangai, que se estendeu por sessenta dias.
O sinal verde para a retomada da operação traz, agora, projeção de melhora na distribuição de componentes e, consequentemente, de recuperação nas vendas, avaliou o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite: “No entanto a situação ainda persiste. Existe uma expectativa de que em seis meses suas atividades voltem à normalidade”.
Com relação ao encarecimento do financiamento de veículos Leite lembrou que em 2020 a taxa básica de juros estava em 2,5% ao ano enquanto hoje está em 13,25% com projeção de chegar a 13,75% até o fim do ano. “O CDC leva essa taxa para até 28% ao ano. Sem contar que os bancos têm aprovado apenas metade das fichas. Antes da pandemia sete, até oito a cada dez, eram aprovadas”.
Neste contexto a relação de pagamento se inverteu: se anteriormente 65% das compras eram feitas com empréstimo bancário e 35% à vista, agora 65% são à vista e 35% parceladas. E o resultado foi a redução das vendas.
No mês — Em junho foram comercializados 178,1 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, volume 2,4% menor do que no mesmo mês em 2021, quando foram vendidos 182,5 mil veículos. Em comparação a maio, que teve 187,1 mil emplacamentos, o recuo é de 4,8%.
Para Leite contribuiu para o desempenho inferior o fato de junho contar com feriado prolongado enquanto que maio não teve feriado em dia útil. Ainda assim a média diária de vendas está em 8,5 mil unidades, superior à de 2021, com 8,4 mil unidades, devido a abril e maio terem apresentado reação nas vendas.
Eletrificados – Dados da Anfavea mostram que foram vendidos 20 mil 462 automóveis e comerciais leves com novas tecnologias de propulsão no primeiro semestre, o que equivaleu a 2,4% do total emplacado, sendo 7 mil 68 híbridos e 3 mil 394 elétricos.
Nos pesados foram licenciados 602 caminhões e ônibus menos poluentes, 425 movidos a bateria e 177 a gás.