Até o fim do ano o eO500U terá início produção em São Bernardo do Campo
São Paulo – Até 2024 a Mercedes-Benz espera que o mercado de ônibus elétricos no Brasil alcance 3 mil unidades. Desse total, a montadora projeta fornecer pelo menos a metade, a fim de manter seu market share de 51% do segmento de veículos a combustão.
Segundo Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing de ônibus da Mercedes-Benz, São Paulo deverá ser a cidade com maior participação no mercado de eletrificação brasileiro, com demanda de 2,6 mil unidades, sendo 1 mil em um primeiro momento – das quais a montadora deseja abocanhar pelo menos quinhentas.
São José dos Campos, SP, poderá figurar na segunda posição, com 350 ônibus elétricos, ainda que isso represente a substituição de 100% da frota municipal, ponderou Barbosa. Na sequência vêm Curitiba, PR, com 150, Campinas, SP, com 140, Goiânia, GO, com 114 e São Bernardo do Campo, SP, com 94.
“Fato é que ainda que o processo demore um pouco mais do que planejamos, em 2022 ele saiu do papel. Foi o ano em que começaram a ser fechados negócios, ainda que sejam quatro carros aqui, oito ali. No ano que vem acredito que haverá emplacamentos superiores a 1 mil unidades.”
Barbosa assinalou que a fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo começará a produzir o seu chassi de ônibus urbano elétrico, o eO500U, de novembro a dezembro, mas o maior volume será fabricado no ano que vem. Protótipo já está rodando para a realização de testes.
“Tudo é diferente em comparação a um ônibus a diesel, em que só cuidamos do produto, em um modelo de negócios existente há sessenta anos. No elétrico assumimos todo o ecossistema dele. Há investimento em estrutura de pessoal, pois é necessário e obrigatório treinamento, uma vez que a mão de obra é especializada, pois lida com sistema de alta tensão. Em infraestrutura de recarga de energia de rua e na garagem, além de entender a melhor maneira de recarregar e os horários em que o custo da energia é menor. E em adequação de concessionárias e garagens de forma segura.”
Walter Barbosa
O executivo contou, ainda, que a montadora será responsável pelo sistema de ar-condicionado do veículo, enquanto que em um modelo a combustão isso é feito pelo encarroçador, que contrata empresa especializada.
Embora ele não revele quantos negócios já foram fechados nem nomes de fornecedores do projeto, citou dados de parceria com a Eletra, por meio da qual proverá apenas o chassi, uma vez que o sistema de eletrificação ficará a cargo da fabricante agora vizinha da Mercedes-Benz, instalada também no bairro Paulicéia.
Ao todo, oito veículos começarão a rodar de setembro a dezembro em Salvador, BA, e quatro em Vitória, ES, conforme a diretora executiva da Eletra, Iêda de Oliveira, contou à AutoData.
“A ideia não é concorrer, mas complementar. Temos ainda um carro homologado, padrão SPTrans, de 12,5 metros, sobre chassis O500U. E 96 veículos estão em produção para atender o BRT que vai ligar o ABC a São Paulo. Desses, dez já estarão prontos entre outubro e novembro. O restante ficará para o ano que vem, em processo que será realizado por fases.”
Exportação – Barbosa informou que o eO500U estará apto ao mercado da América Latina e poderá atender, por exemplo, o Chile e a Colômbia. A ideia é que o chassi, futuramente, desbrave oceanos e chegue à Europa e Oceania.
Com relação a projeto que tramita no Congresso com a proposta de zerar o imposto de importação para elétricos, hoje em 35%, o executivo disse não ter posição contrária aos concorrentes de outros países, porém, acha que é justo que as condições sejam as mesmas a quem atuar no País.
“Nós investimos mais de R$ 100 milhões para preparar nossa fábrica para a eletrificação e mantemos estrutura com 8 mil empregos. Não parece ser algo de bom senso zerar o imposto a quem não investe também em produção local nem gera emprego. Esperamos que isso, se estiver em vias de ser aprovado, que seja revisto.”