São Paulo – Boa parte das oportunidades de crescimento de volumes no mercado de veículos da América Latina estão, além dos três principais mercados – Brasil, Chile e Argentina – na Colômbia e no Peru. Foi o que apontou Alejandro Saubidet, presidente da Aladda, associação de concessionárias latino-americanas que congrega dezenove entidades nacionais representantes de revendedores do continente, ao destacar oportunidades nos dois mercados em expansão.
A avaliação se baseia em dados da entidade que mostram o índice de motorização dos países, composto pelas vendas de veículos a cada 1 mil habitantes, o PIB per capita e a relação do total de habitantes com os emplacamentos de automóveis de passeio – que, neste caso, quanto menor indica que há maior distribuição de carros pela população.
Segundo Saubidet o índice de motorização na Colômbia é muito baixo porque o país não dispõe de muitas malhas rodoviárias, uma vez que o problema histórico da guerrilha prejudica a oferta de infraestrutura. Isto acontece mesmo com uma população semelhante à da Argentina.
Esse indicador, que era de 3,7 em 2020, alcançou 4,9 no ano passado, enquanto que o PIB per capita passou de US$ 5,3 mil para US$ 5,8 mil. A relação de habitantes por emplacamentos caiu de 302 para 238 no mesmo período.
Mas o país apresentou crescimento na venda de veículos leves de janeiro a junho de 2021, com 111,2 mil unidades, para 123,8 mil carros no mesmo período este ano: “Neste momento trata-se de um mercado bastante interessante”.
O Peru, de acordo com Saubidet, tem crescido muito. Há sete, oito anos era um dos mercados que mais importava unidades usadas: “A associação dos fabricantes de veículos local obteve, junto ao governo, a proibição da entrada de usados importados. E o resultado é um mercado crescente, ano a ano”.
O índice de motorização passou de 3,7 para 5,2 de 2020 a 2021. No período o PIB per capita foi de US$ 6,1 mil para US$ 6,6 mil. A relação de habitantes com o comércio de carros foi de 299 para 215 nesse período. Já os licenciamentos passaram de 80,7 mil de janeiro a junho do ano passado para 89,3 mil no mesmo período este ano.
Importações de usados seguram potencial – Atualmente o Paraguai e a Bolívia são países da América Latina onde mais se importam carros usados, muitos com a direção do lado direto modificada manualmente para o lado esquerdo, o que compromete a segurança, pontuou o dirigente: “Embora não tenha restrições quanto às importações o mercado paraguaio também tem muito para crescer, mas terá que lutar para evitar que esse movimento cresça”.
O índice de motorização paraguaio foi de 3,5 para 4,4 de 2020 para 2021. O PIB per capita, de US$ 4,9 mil, passou a US$ 5 mil. No mesmo período a relação habitantes/emplacamentos caiu de 320 para 245. As vendas no primeiro semestre de 2022, por sua vez, aumentaram de 16 mil para 16,9 mil.
No Chile também é permitida a importação. Mas o país possui renda elevada e detém o maior índice de motorização latino-americano: 22, de acordo com dado de 2021. E em 2020 era de 14. Quanto ao PIB per capita, também houve salto nesse intervalo, de US$ 12,9 mil para US$ 16,7 mil.
No país, a relação do total de habitantes com as vendas de carros de passageiros caiu de 75 para 47 – é a menor do continente. Ou seja: é onde a distribuição pela população é mais homogênea. Além disso os emplacamentos aumentaram de 187,1 mil para 231,7 mil do primeiro semestre de 2021 ao mesmo período em 2022.
“O Chile é um dos países que possui maior PIB per capita na América Latina, assim como o Uruguai.”
Este último, segundo Saubidet, é um mercado bastante estável em um país pequeno, de 3 milhões de habitantes, onde o PIB per capita alcançou US$ 16,9 mil no ano passado – o maior do continente – e índice de motorização chegou a 14,8 . Em 2020 o indicador era de 10 e o PIB per capita de US$ 16 mil. A relação de habitantes por carro vendido caiu de 102 para 72.
No primeiro semestre de 2022 os licenciamentos de novos passaram de 26 mil para 26,6 mil unidades: “No Uruguai alguns modelos de veículos comerciais são montados e comercializados por meio do Mercosul com Brasil e Argentina”.
Mercados consolidados – Maior mercado do continente o Brasil apresentou estabilidade na relação do número de habitantes com o volume de vendas de veículos leves, em 108, de 2020 a 2021.
O índice de motorização, no entanto, subiu de 9,7 para 10 e, o PIB per capita passou de US$ 6,8 mil para US$ 7,7 mil nesse mesmo período. Assim o indicador se aproxima ao de 2017, de 10,8, mas o PIB per capita àquela época era de US$ 9,8 mil.
Já as vendas de veículos no primeiro semestre deste ano recuaram frente ao mesmo período em 2021, de 1 milhão 42 veículos para 918 mil.
No mercado do país vizinho, e seu maior parceiro comercial no continente, a Argentina, os emplacamentos também recuaram na mesma comparação, de 210,7 mil para 208,1 mil unidades.
De 2020 a 2021 o índice de motorização passou de 7,5 para 8,2, ao mesmo tempo em que o PIB per capita aumentou de US$ 8,5 mil para US$ 9,9 mil. Em 2017, entanto, esse índice era de 20,4 e o PIB per capita US$ 14,4 mil.
A relação do número de habitantes com o volume de vendas de veículos leves recuou de 141 para 122.
Outro forte mercado no continente, o México tem relação parecida com a da Argentina, que passou de 136 há dois anos para 127 no ano passado. No mesmo período o índice de motorização avançou de 7,6 para 8,1, mas já atingiu 12,7 em 2017. O PIB per capita de 2021, no entanto, é semelhante ao daquele ano, de US$ 9,9 mil. Em 2020 era US$ 8,4 mil.
Os emplacamentos de janeiro a junho de 2022 alcançaram 537 mil unidades, enquanto que um ano atrás estavam em 536 mil: “Trata-se de um país que tem muito potencial e onde esse setor demanda tecnologia de ponta, pois o mercado mandante é o da América do Norte, que significa larga presença de montadoras com tecnologia avançada”.
Mercado excêntrico – Na Venezuela, de acordo com Saubidet, praticamente todos os carros vendidos são para uso oficial e, portanto, o mercado local é muito pequeno: “Esperamos que em pouco tempo esse problema político se regularize para que as unidades vendidas sejam incrementadas, pois o resultado é muito baixo”.
Os emplacamentos subiram de 900 para 1,9 mil no comparativo do primeiro semestre do ano passado com o de 2022. O índice de motorização passou de 0,04 para 0,07 de 2020 a 2021, e o PIB per capita ficou praticamente estável, em US$ 1,6 mil. A relação do total de habitantes com as vendas de veículos leves foi de 29,5 mil para 15,7 mil.