Anfavea projeta queda para 2023, mas AGCO aposta em crescimento
São Paulo – Depois de encerrar 2022 com um resultado histórico o segmento de máquinas agrícolas segue 2023 com expectativas conflitantes. Oficialmente a Anfavea projeta retração de 3,5% nas vendas, com demanda em torno de 65 mil unidades, mas há executivo no setor apostando até em crescimento de 2,4%, com base em estimativas da Abimaq.
Rodrigo Junqueira, gerente geral da AGCO para América do Sul, acredita que os bons resultados de safras anteriores e a projeção de recorde de toneladas de grãos produzidas em 2023 farão com que os produtores sigam investindo em novas máquinas.
“A AGCO prevê o desempenho positivo do setor. Viemos de anos de muito crescimento na agricultura e o produtor rural possui alta demanda para renovação e substituição do maquinário, pontos que reforçam o otimismo do setor para 2023”.
Já Ana Helena Andrade, vice-presidente da Anfavea, aponta dois fatores que podem jogar a demanda para baixo: “Houve uma mecanização muito forte dos produtores nos últimos três anos. No caso dos bens de capital a renovação demora mais, não acontece porque a máquina tem uma nova versão, e a margem de crescimento está muito atrelada a isto”.
O segundo ponto citado pela vice-presidente é a questão do crédito disponível para financiamentos pelo Plano Safra, com duração até junho, que não tem recursos para atender aos pequenos produtores por meio do Pronaf, uma das linhas oferecidas com juros equalizados e menores do que os praticados pelos bancos privados.
Cláudio Calaça, diretor de mercado Brasil da New Holland, disse que a projeção da empresa está alinhada com a da Anfavea e lembrou que a cadeia de fornecimento também é um desafio para 2023, porque desde o começo da pandemia os fornecedores precisaram reduzir sua produção e ainda não retornaram ao ritmo normal: “A taxa de juros também é um ponto de atenção, está alta desde o ano passado e não tem projeção de redução, afetando todo o negócio, mas principalmente os pequenos produtores, que representam uma parcela significativa do mercado”.
Na Case IH a expectativa para o mercado também é de queda em torno de 3% na comparação com 2022, de acordo com Denny Perez, seu diretor comercial, por causa dos fatores já citados. Mas o executivo ressaltou que, mesmo com a redução total das vendas, será um ano bom: “Estamos falando de altos volumes e, caso essa retração seja confirmada no fim do ano, ainda assim teremos um bom ano”.
Com relação às exportações a expectativa da Anfavea é de uma queda ainda maior, de 13,1%, somando 9,5 mil unidades.
Linha Amarela
O mercado de máquinas de construção deverá somar 36 mil unidades comercializadas até dezembro, volume 4,7% menor do que o registrado em 2022, mas ainda assim em bom patamar por causa da base alta de comparação, de acordo com as expectativas divulgadas pela Anfavea.
Nas exportações, ao contrário do segmento agrícola, as máquinas rodoviárias deverão registrar crescimento de 11,3% sobre 2022, o que será um resultado bastante positivo, segundo Ana Helena Andrade. Com embarques mais pulverizados e boas expectativas nos mercados externos a projeção da Anfavea aponta para 13,2 mil unidades embarcadas no ano.