São Paulo – Após suspender o segundo turno de produção de caminhões em março, diante da demanda reduzida pelos veículos com a nova motorização Euro 6, a Scania agora anuncia que colocará um pouco mais o pé no freio de suas linhas enquanto o mercado seguir em compasso de espera.
A partir de 28 de abril as semanas serão mais curtas na fábrica de São Bernardo do Campo, SP. Em dois dias na semana, às segundas e às sextas-feiras, a fábrica ficará fechada, pois a medida será extensiva a todos os cerca de 4,5 mil funcionários da sede brasileira.
Além disso, em julho, durante dez dias contados a partir do dia 10, a Scania concederá férias coletivas para 3 mil operários que trabalham no chão de fábrica.
Como Alex Nucci, diretor de vendas da Scania, afirmou durante sua apresentação no Fórum de Veículos Comerciais 2023, realizado pela AutoData Editora de forma online na segunda e na terça-feira, 17 e 18 de abril, a empresa reduziu sua capacidade produtiva para ajustar-se ao mercado:
“Em maio deveremos ter paradas pontuais para adequar a demanda à produção. Pelo menos em quatro sextas-feiras ao longo do mês a fábrica não operará”.
Nucci disse que fora informado pela manhã desta decisão da empresa. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC foi combinado com a companhia que o prazo para esta jornada reduzida ficará em aberto e que terá a duração necessária enquanto as vendas estiverem mais baixas. E que, por ora, as semanas terão três dias de produção.
O executivo lembrou também que contratos de trabalho temporários com vencimento em abril não foram renovados.
Em assembleias realizadas na terça-feira, 18, os funcionários foram informados e aprovaram as medidas, previstas no acordo de flexibilidade de jornada alinhado por sindicato e empresa desde 2013 em casos em que é preciso reduzir o volume. Chamada de stop day a ferramenta utilizada deixa o trabalhador em casa sem reduzir seu salário.
Vice-presidente do sindicato, e representante dos trabalhadores na Scania, Carlos Caramelo ressaltou que as dificuldades enfrentadas pelas fabricantes de caminhões refletem a ausência de política industrial nacional e a taxa de juros mantida pelo Banco Central no patamar de 13,75% ao ano.
“Os financiamentos ficam mais caros, o acesso ao crédito torna-se mais difícil e os investimentos no País ficam travados”, disse, ao contextualizar que a situação foi agravada ainda mais pela falta de peças, pela antecipação das vendas em 2022 com a transição para o Euro 6 e, principalmente, em razão da queda no consumo provocada pelo crédito praticamente inacessível, o que resulta, inevitavelmente, na redução na produção de caminhões.
Cenário afeta todas as fabricantes de veículos comerciais
Durante o primeiro dia do Fórum de Veículos Comerciais o diretor executivo de caminhões da Volvo, Alcides Cavalcanti, confirmou que a empresaa programou parada na produção durante a última semana de abril e informou que já vinha reduzindo a velocidade de produção das linhas. Neste período contratos de trabalho temporário também não foram renovados.
Na Mercedes-Benz foram concedidas férias coletivas de um mês em São Bernardo do Campo, SP, e Juiz de Fora, MG, a um total de 390 funcionários. E, a partir de maio, o segundo turno nas duas fábricas ficará suspenso por dois ou três meses, mesmo período em que haverá lay-off a total de 1,5 mil trabalhadores.
Na fábrica da Volkswagen Caminhões e Ônibus em Resende, RJ, parte do chão de fábrica terá seus contratos de trabalho suspensos em lay-off de noventa dias. Na planta da Iveco, em Sete Lagoas, MG, os operários ficarão em casa por doze dias, em férias remuneradas, a partir de 24 de abril. Neste mesmo dia a DAF fará a readequação de suas linhas na unidade de Ponta Grossa, PR. Anteriormente, no dia 14, também parou suas linhas de produção. Segundo a empresa não há, por ora, planos de lay-off nem férias coletivas.