Pequena queda pode ser uma realidade, mas algumas empresas estão mais otimistas
São Paulo – Assim como aconteceu com o segmento de caminhões as vendas de ônibus, no primeiro trimestre, foram sustentadas por chassis Euro 5, com grande volume de emplacamentos negociados no ano passado, o que também puxou o negócio das encarroçadoras no País. O futuro do setor a partir do segundo trimestre foi debatido no segundo dia do Fórum Veículos Comerciais 2023, realizado pela AutoData Editora, que contou com dois painéis: o primeiro com as fabricantes de chassis e o segundo com as empresas que os encarroçam.
No primeiro painel todos os executivos concordaram que o setor tem pontos positivos, como maior demanda em alguns segmentos como urbano e rodoviário, e negativos como a dificuldade de acesso ao crédito e as altas taxas de juros praticadas pelo mercado. Com o fim dos estoques de modelos Euro 5 o segundo trimestre deverá ser um período de aceitação e entendimento da nova tecnologia, com demandas maiores por veículos Euro 6 chegando a partir de julho.
Walter Barbosa, diretor de vendas de ônibus da Mercedes-Benz, foi o mais otimista do primeiro painel, apresentando a projeção da Anfavea de 16 mil unidades comercializadas para 2023, mas colocando um ponto de interrogação sobre esse número: “A previsão da Anfavea é de um mercado um pouco menor, mas eu acredito que poderá ser até maior do que 2022, depois do volume do primeiro trimestre”.
Jorge Carrer, diretor de vendas da Volkswagen Caminhões e Ônibus, disse que os desafios de 2023 já eram esperados, principalmente pela chegada do Euro 6, que demandou adaptações na produção e mudanças nos motores, o que encareceu os veículos. Tudo isso traz incertezas para o mercado, que deverá ter um segundo semestre um pouco melhor com relação à demanda por ônibus Euro 6, mas não o suficiente para chegar a um resultado positivo: “A Anfavea projeta uma ligeira queda para 2023, o que me parece fazer algum sentido porque passaremos por um período sem grandes licitações federais, cenário macroeconômico complicado e um prazo de aceitação do Euro 6”.
Na visão da Volvo, apresentada por Paulo Arabian, seu diretor de vendas, 2023 terá, sim, seus desafios macroeconômicos mas o setor deverá chegar perto do que foi em 2022: “Acredito que o volume de emplacamentos será muito próximo do que foi o ano passado, mas um pouco afetado pela antecipação de compras que aconteceu no ano passado e também pelas incertezas macroeconômicas que retardam alguns investimentos”.
O diretor de vendas da Iveco Bus Latam, Danilo Feztner, disse que a projeção da empresa está alinhada com a Anfavea, apostando em uma redução do mercado de ônibus em torno de 7,8%: “Taxa Selic alta encarece o crédito e dificulta a aquisição de novos veículos, e chegada do Euro 6% com preços até 30% maiores em alguns modelos também dificulta o avanço”.
Encarroçadoras
Representados por Ruben Bisi, presidente da Fabus, por Maurício Lourenço da Cunha, vice-presidente industrial do Grupo Caio, e por Ricardo Portolan, diretor comercial da Marcopolo, durante o segundo painel do dia, as empresas encarroçadoras demonstraram otimismo para o ano. A Caio acredita que o setor poderá encerrar o ano com crescimento na comparação com 2022: “Estamos com a esperança de que o ritmo de vendas seja igual ao do ano passado”.
Portolan, da Marcopolo, lembrou dos desafios como altas taxas de juros e dificuldade de acesso ao crédito que os clientes enfrentam e, para o resto do ano, ainda existe o entrave dos preços maiores por causa do Euro 6. Ainda assim ele demonstrou otimismo para o segundo semestre, após o primeiro trimestre ser sustentado por modelos Euro 5: “O segundo trimestre deverá ter um ritmo menor do que o primeiro, mas para o segundo semestre a projeção é de um volume maior do que o registrado em 2022. Estamos otimistas com o mercado”.
Bisi seguiu pelo mesmo caminho, lembrando de todos os entraves do cenário macroeconômico e a chegada do Euro 6: “Temos boas perspectivas com relação à demanda do mercado, e a grande questão é o custo do Euro 6, que será um problema para os empresários. E isto se soma aos juros altos”.