São Paulo – Indignado com a taxa Selic, que desde agosto do ano passado estacionou no patamar de 13,75% ao ano – ainda que de lá para cá a inflação tenha recuado quase que pela metade, de 8,73% para 4,65% ao ano, conforme o IPCA acumulado nos doze meses encerrados em março –, o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba organizou protestos envolvendo cerca de 16 mil metalúrgicos para pleitear a redução dos juros e, consequentemente, a manutenção dos empregos.
Ao longo da terça-feira, 2, foram realizadas passeatas e assembleias nas portas de Volvo e da Bosch, em Curitiba, PR, e da Renault e da Volkswagen, em São José dos Pinhais, PR. Na quarta-feira, 3, a manifestação será realizada na CNH Industrial.
As datas não foram escolhidas ao acaso, uma vez que o Copom, Comitê de Política Monetária do Banco Central, iniciou na terça-feira, 2, reunião para definir os novos rumos da Selic, com definição marcada para a o fim da tarde da quarta-feira, 3.
Segundo Sérgio Butka, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Grande Curitiba, o objetivo é que os operários comecem também a incorporar a luta pela redução da taxa Selic no Brasil: “Não podemos ter juros tão altos porque esse dinheiro não vai cair na mão do trabalhador, que hoje não tem a condição do empréstimo. Está faltando dinheiro no mercado não só para comprar automóvel, mas geladeira e fogão também, para trocar a moto e a bicicleta”.
Do modo como está, Butka garantiu, não só o consumidor perde mas toda a indústria, principalmente a de pequeno porte. O sindicato pleiteia, adicionalmente, o fim da cobrança do imposto sobre a renda sobre a PLR: “Quando o sócio de uma empresa recebe seus dividendos ele não paga IR. Só o trabalhador é quem está pagando. Queremos combater essa exploração”.
Paradas na produção por demanda baixa preocupam
No fim de abril o sindicato se organizou e expressou sua preocupação frente às constantes paradas na produção das empresas fabricantes de veículos: ao longo do primeiro trimestre oito delas pararam frente à queda na demanda devido ao crédito escasso e caro, somado a instabilidades no fornecimento de componentes, principalmente semicondutores.
Na Grande Curitiba a Volkswagen colocará em layoff de seiscentos a setecentos funcionários por quatro meses, inicialmente, a partir de 1º de junho. Na Volvo em torno de 2 mil operários retornaram de banco de horas esta terça-feira, 2, após uma semana.
E, na Renault, após a concessão de férias coletivas de uma semana em março, o sindicato se vê preocupado com a redução nas vendas e teme novas paradas, embora a empresa, por enquanto, não considere a possibilidade.