Entidade organiza assembleias a partir da semana que vem e busca reuniões com governos
São Paulo – Diante das persistentes e elevadas taxas de juros e da maior restrição do acesso ao crédito, que resultaram em paradas em montadoras em todo o País, o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba se organizou para buscar soluções para promover a manutenção do emprego.
A primeira ação, a partir da terça-feira, 2, será a realização de série de assembleias nas portas de montadoras de Curitiba e de São José dos Pinhais, PR. Paralelamente o objetivo é obter reuniões com representantes dos governos estadual e federal para aumentar a pressão em prol da redução da taxa básica de juros, atualmente em 13,75% ao ano.
Economista do sindicato Cid Cordeiro apontou que a entidade vê espaço para a redução dos juros, uma vez que, no acumulado de doze meses terminados em março, o IPCA, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, está em 4,65% ao ano e, ao que tudo indica, em abril a inflação ficará perto de 4% ao ano.
Em reunião da entidade realizada na quinta-feira, 27, ele disse que “entendemos que o Banco Central tem de se preocupar com a atividade econômica, mas, diante do cenário, a meta da inflação teria de ser revista e, a Selic, diminuída”.
Os sindicalistas ponderaram que o poder de compra está corroído pela inflação que por muito tempo ficou em patamar elevado e, diante da crise desencadeada na pandemia muita gente perdeu o emprego, o que agravou mais a situação. Com o aumento da inadimplência o acesso ao crédito ficou mais restrito e os juros dispararam, situação que volta a assombrar o emprego.
“Ou o Banco Central baixa os juros ou então teremos uma crise mais grave ainda”, observou o secretário geral do sindicato, Jamil Dávila, ao citar que em governo anterior de Luiz Inácio Lula da Silva, quando José Alencar era seu vice e o BC ainda não era independente, era mais fácil bater nos juros altos. “Nós questionaremos os governos, mas vale lembrar que a crise não é só na Grande Curitiba, mas no País inteiro. Ou seja: todos têm de fazer a sua parte para que formemos uma forte mobilização.”
Sobre a possibilidade de parar fábricas ele não descartou a hipótese, ao justificar que “o sindicato está preparado para o que precisar para preservar o emprego”.
O secretário geral ponderou que existem milhares de trabalhadores que não integram a base do sindicato, composta por 73 mil metalúrgicos, e cujas empresas não dispõem de ferramentas para ajustar a produção, como lay off e férias coletivas. Ou seja: o impacto pode ser ainda mais brutal com as paradas das fábricas. Segundo a Anfavea no primeiro trimestre oito fábricas chegaram a parar a produção.
Além de a taxa de juros colocar em risco milhares de empregos Dávila citou que a frota brasileira segue envelhecida e que o País se afasta cada vez mais de avançar nas metas para reduzir a descarbonização.