Sindicato considera a possibilidade de Renault parar fábrica em breve
São Paulo – A Volkswagen colocará em layoff de seiscentos a setecentos dos cerca de 2 mil trabalhadores da fábrica de São José dos Pinhais, PR, a partir de 1º de junho, pelo período de até cinco meses. Na unidade são produzidos quinhentos veículos por dia, T-Cross e Audi Q3. A informação é do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba.
Segundo a empresa a unidade do Paraná concentrará sua produção em um turno a partir de junho por período que pode se estender de dois a cinco meses: “A ferramenta de flexibilização está prevista em acordo coletivo firmado com o sindicato e funcionários da Volkswagen”.
O diretor e representante do sindicato na Volkswagen, Daniel de Camargo, afirmou que o layoff foi motivado pela necessidade de adequação do volume de produção devido à retração da demanda: “As paradas anteriores ainda eram ocasionadas pela falta de componentes mas, agora, o que está pesando é a procura pelos veículos, por causa dos juros elevados e do crédito raro”.
Camargo contou que a produção diária de quinhentos veículos com dois turnos de produção passará para trezentas unidades. A expectativa para 2023 era de produção de 100 mil veículos mas, diante das dificuldades, a perspectiva recuou para 84 mil a 90 mil unidades, o que empata com o ano passado.
“Esperávamos aumento de produção e de contratação. Mas não foi o que aconteceu. Ao contrário. Imagine o impacto na cadeia produtiva durante os quatro meses de layoff, o que está previsto inicialmente, diante da diminuição no volume de produção.”
O sindicalista também contou que foi aberto PDV, Programa de Demissão Voluntária, no mês passado, e que houve 67 adesões.
A unidade da Renault, também em São José dos Pinhais, não descarta a paralisação da produção pelos mesmos motivos. O diretor do sindicato Ezequiel Romão Pereira, o Formigão, representante na Renault, teme que a queda na demanda leve a nova parada, o que demandaria o acionamento de ferramenta como férias coletivas ou layoff.
Formigão lembrou que em 2019 decisão da empresa apontou para redução de um dos turnos e, a partir de 2020, a fábrica passou a operar com dois turnos. Atualmente são produzidos ali oitocentos veículos por dia, por 5,1 mil funcionários, sendo 4,2 mil no chão de fábrica.
Procurada a Renault afirmou que, por enquanto, a produção segue normalmente no Complexo Industrial Ayrton Senna: “Seguimos acompanhando o cenário”.
Volvo deverá produzir 10 mil veículos a menos
Na Volvo a projeção para 2023 também foi revista após parada para ajuste na produção no fim deste mês por uma semana, com retorno previsto para 2 de maio. Rogério Schembergue dos Santos, diretor do sindicato e representante na empresa, afirmou que em 2022 foram produzidos 33 mil veículos na unidade de Curitiba. Para este ano a previsão é de 23 mil unidades, ou seja: 10 mil a menos.
Além da parada oitenta contratos de trabalhadores por tempo determinado, que venceriam de março a maio, deixaram de ser renovados frente à menor demanda dificultada também pelos novos preços dos veículos Euro 6, de 20% a 30% mais caros. A informação foi confirmada pela montadora.
E, conforme a Anfavea pontuou, mais de 90% dos veículos vendidos no primeiro trimestre eram Euro 5, e só agora é que o impacto da transição de motorização começará a ser sentida mais fortemente.
Produção de veículos está 15% abaixo de 2019
Ao longo do ano passado saíram das linhas de produção 2,4 milhões de veículos, volume 5,4% acima do patamar de 2021. Apesar do avanço, quando comparado ao período pré-pandemia, em 2019, quando foram fabricadas 2,8 milhões de unidades, o volume está 15% abaixo, o que dá uma diferença de 418,1 mil.
Os cálculos, apresentados pelo economista do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Cid Cordeiro, demonstram que o mercado não se recuperou.