São Paulo – Representantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC estiveram em Brasília na quarta-feira, 3, para entregar em mãos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva estudo com pormenores elaborado pela entidade e pela subseção do Dieese, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, contendo sugestões para reaquecer o setor automotivo.
Um dos pontos é o estímulo ao lançamento imediato de modelos populares, com preços reduzidos e linhas de crédito de 60 a 72 meses, especificamente desenhadas com esse foco. Outro é o incentivo à produção de veículos que considerem grau de nacionalização, além de quantidade mínima das etapas do processo de fabricação no País, como engenharia, estamparia, solda, ferramentaria, armação, pintura e montagem.
Os sindicalistas também propõem a criação do Fórum Tripartite do Setor Automotivo, dedicado à construção de plano de metas para a retomada sustentável dessa indústria, desde o curto prazo até 2040. O que inclui a revisão das iniciativas que estruturam o programa Rota 2030, cuja nova fase deverá ser divulgada até o fim do primeiro semestre, de acordo com Margarete Gandini, diretora do departamento de desenvolvimento da indústria de alta-média complexidade tecnológica do MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Quanto à questão da transição energética o levantamento sugere a criação do Fundo Social, constituído por contribuição das atividades econômicas de maior impacto na degradação do meio ambiente, e destinado ao financiamento da transição para economia de baixo carbono.
Além de transição do mix de veículos rumo à descarbonização ao longo dos próximos doze anos, com estímulos à renovação da frota de automóveis e desestímulos aos veículos mais poluidores e com menor eficiência energética.
“Queremos que o Brasil seja referência em mobilidade sustentável. É preciso, portanto, posicionar o País como principal núcleo de produção, desenvolvimento e exportação de veículos e tecnologias para mobilidade logística na América Latina”, pontuou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, que esteve com Lula junto dos diretores executivos da entidade Aroaldo da Silva e Wellington Messias Damasceno.
Com relação aos empregos, destacou a necessidade de programas de qualificação e requalificação profissional, proteção emergencial aos empregos afetados pela queda de produção no prazo de 180 dias, tanto nas montadoras como na cadeia de fornecedores de autopeças, mediante o acesso a instrumentos de proteção como o PSE, Programa de Proteção ao Emprego, e layoff, ou suspensão temporária do contrato de trabalho.
Pesados têm pleitos específicos ao governo
Especificamente quanto ao segmento de caminhões, um dos que mais tem sofrido este ano, tanto por causa do crédito caro e escasso como pelo aumento dos preços dos veículos entre 20% e 30%, decorrente da mudança de motorização para o Euro 6, há proposta específica:
“A reversão dessa queda depende da existência de instrumentos para estímulo da demanda por caminhões, como o estabelecimento de metas de fabricação, vendas internas, exportações e nível de emprego ao longo dos próximos oito anos.”
A melhora das condições de financiamento, com taxas, prazos e garantias para as diferentes categorias de compradores também é pleiteada. Assim como a criação de programas incentivados de troca de veículos pelos bancos comerciais e bancos de montadoras. Ainda, melhores condições de acesso e maior atratividade do Programa Renovar, com segmentação de faixas etárias da frota correspondendo a condições distintas de taxas de juros e bônus de renovação.
Quanto aos ônibus, o estudo sugere a promoção de estímulos diretos ao retorno da demanda no transporte coletivo urbano, por meio de incentivos como o vale-transporte social e a viabilização do financiamento da renovação de frotas por meio dos bancos públicos.
“Essas propostas, na nossa avaliação, melhoram substancialmente o setor, preservando e gerando empregos. Agora, é necessário que os juros baixem para que haja acesso a financiamentos mais baratos. O Banco Central tem de ter responsabilidade com os empregos e trabalhadores do País”.