São Paulo – Pouco mais de um ano após a sua criação o Renovar, Programa de Aumento da Produtividade da Frota Rodoviária, finalmente está prestes a ser regulamentado e oficialmente lançado. Segundo a diretora do departamento de desenvolvimento da indústria de alta-média complexidade tecnológica do MDIC, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Margarete Gandini, ele deverá ser o primeiro anúncio do governo Luiz Inácio Lula da Silva dentro da proposta de reindustrialização e das medidas para impulsionar o setor automotivo.
Ela disse, durante o 4º Encontro da Indústria de Autopeças, realizado pelo Sindipeças, que o MDIC deverá fazer um novo lançamento do programa de renovação de frotas: “Só falta a regulamentação do Renovar, mas o ministro [Geraldo Alckmin, vice-presidente e que também é chefe do MDIC] também está analisando algumas possibilidades para torná-lo maior. Para ampliar seu volume.”
A primeira fase, garantiu, será apenas de caminhões, conforme consta na lei do Renovar, que também determina que o programa não se limita aos pesados. “Que é onde temos grande problema, pois o impacto reflete diretamente no custo da logística brasileira, que é muito cara”.
No entanto, como contou à imprensa no início de abril o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o governo estuda ampliar o programa também para veículos leves.
O Renovar deverá ser colocado em prática até junho, prazo em que Gandini confirmou ter o compromisso de entregar para as chefias a política do programa Rota 2030, que já foi negociada com os outros ministérios: “Ela está bem adiantada. A metodologia já está definida, pois trabalhamos, por mais de um ano, com o Ministério de Minas e Energia”.
O foco da nova fase do Rota 2030, descarbonização e inovação, terá uma nova meta de eficiência, do poço à roda, ou seja, o ciclo completo do uso do combustível. Hoje apenas a emissão do próprio veículo é mensurada, do tanque à roda.
“Colocaremos nossas metas em termos de descarbonização e pesquisa e desenvolvimento, aí como as empresas farão, como alcançarão as metas, cada montadora é que decidirá. Afinal, não é o governo que determina a tecnologia utilizada: é o mercado.”
Novo carro popular está em discussão no governo
Margarete Gandini admitiu que o governo está discutindo a volta do carro popular, chamado de carro verde de entrada, uma vez que olhará também para as emissões. Proposto pela Fenabrave durante o Seminário Megatendências 2023 realizado pela AutoData, em março, o tema entrou na pauta e o governo começou a fazer simulações internas de CO2, especialmente.
“Estamos tentando juntar alguns elementos. E consultamos as montadoras sobre alguns pontos. Mas, por ora, a indústria ainda não está participando. Embora o tema esteja em discussão é preciso conseguir uma modelagem factível, e não conseguimos fechá-la ainda. Enquanto não se chegar a istso não existe um projeto.”
Segundo Gandini não adianta ter um carro mais barato se não houver financiamento para adquiri-lo, até porque a camada da população que compraria esse veículo precisa de crédito. E, no atual cenário, de aumento na inadimplência e manutenção das altas taxas propostas para pagamento a prazo de veículos que beiram os 30% ao ano, as análises estão mais criteriosas e o empréstimo mais caro.
Sobre a possibilidade de se usar o FGTS, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, para ajudar a comprar o carro, nos moldes como ocorreu no Chile, onde valores da Previdência foram liberados pelo governo para esta finalidade, a diretora disse que era preciso esperar votação em andamento no Supremo Tribunal Federal acerca do uso da TR para a correção dos saldos.
Gandini reconheceu que se trata de demanda importante, até porque, conforme foi apresentado durante o encontro do Sindipeças, as montadoras estão com 47% de ociosidade frente à capacidade de produzir 4,5 milhões de veículos por ano.
“Vários projetos estão na mesa além do aumento do Renovar e da nova fase do Rota 2030, como a questão do veículo mais barato. Mas a equipe esta fazendo a modelagem. E o modelo tem que parar de pé. Enquanto não parar de pé ninguém lançará nada.”